Capacitação Lectionautas na Paróquia São Geraldo, RJ.
23 de outubro de 2017Feliz quem vive a graça do serviço no inesperado do dia a dia
25 de outubro de 2017Leitura: Lucas 12, 35-38
E Jesus disse ainda:
— Fiquem preparados para tudo: estejam com a roupa bem presa com o cinto e conservem as lamparinas acesas. Sejam como os empregados que esperam pelo patrão, que vai voltar da festa de casamento. Logo que ele bate na porta, os empregados vão abrir. Felizes aqueles empregados que o patrão encontra acordados e preparados! Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o próprio patrão se preparará para servi-los, mandará que se sentem à mesa e ele mesmo os servirá. Eles serão felizes se o patrão os encontrar alertas, mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde.
Oração:
Os evangelhos que trazem Deus como patrão e nós como servos, que devemos estar atentos à sua volta, são muitas vezes interpretados sob o sentimento de temor. Lemos como se quiséssemos sempre fazer algo diverso da vontade do “patrão” e, assim, como se estar atentos fosse o único caminho para não sermos surpreendidos numa atitude indigna. Possivelmente é uma leitura que o texto bíblico permite. Entre idas e vindas, trevas e luz, parece ser preferível que o ocaso desta nossa vida – o encontro definitivo com Ele – se dê num momento de sintonia e não de dissonância.
Há, porém, forma diversa de ler esses textos. De fato, se Deus quer conosco amizade (Jo 15, 15), então a chave de leitura dos textos deve ser outro sentimento: o amor. Que sentido então tem o conselho que Jesus dá por meio da parábola? Por que convém que estejamos sempre alertas, atentos?
O Deus da parábola é um Deus itinerante. Ele não está sempre – ou ao menos sua presença não se sente sempre… Ele, às vezes, está lá fora, na alegria de outros corações, no cuidado com outros amigos – a festa de casamento à qual alude a parábola. Se Jesus usa a imagem de um Deus itinerante, deixa claro: Deus sempre retorna… Ele sempre volta… Ele quer sempre habitar o coração daqueles que Ele ama. É bom que Ele encontre quem Lhe abra as portas. Se Ele encontra um amigo atento, que O espera, que O procura em Sua ausência, isso é bom por quê?
A parábola conta: “O próprio patrão se preparará para servi-los, mandará que se sentem à mesa e ele mesmo os servirá.“ Essa imagem não faz sentido sob a ótica do temor… lê-se melhor com a lente do amor. Um patrão que chega tarde e fica feliz por ter empregados que lhe abram a porta é um patrão que entra e vai logo descansar. Alguém que chega e se prepara para servir seus empregados não é patrão… é um amigo, ou um pai, ou Deus. Talvez Jesus tenha querido mesmo aproveitar a parábola para dizer, também desta forma, que Deus é Pai, que Ele é amigo – e não um patrão, um vigia, um olho que tudo registra.
“Eles serão felizes se o patrão os encontrar alertas, mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde“. Peçamos ao Espírito um espírito alerta, que nos rende a felicidade. Às vezes, Deus parece demorar a voltar ao nosso coração, à nossa vida, à nossa “casa” – “mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde”! Peçamos ao Espírito o dom da paciência, da perseverança… a força para estar acordados mesmo quando está escuro… despertos, mesmo quando está silencioso… pois aí encontraremos o Amigo que nos chega quando menos esperamos para cear conosco e nos servir a comida pela qual mais ansiamos, temperada por condimentos que só Ele tem.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte