“Façam aos outros o que querem que eles façam a vocês”
27 de junho de 2017As sementes e os frutos (Mateus 7, 15-20)
28 de junho de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Tua Palavra é a luz que nos ilumina,
mantém seu brilho aceso,
para aprendermos a ver com teu olhar, Senhor.
Ensina-nos a orar com tua Palavra,
ajuda-nos a “ruminar” sua mensagem
para que penetre toda a nossa vida.
Espírito Santo,
ensina-nos a agir juntos, em comunidade,
animando-nos e encorajando-nos
uns aos outros e a todos em teu nome.
Senhor, abre nosso coração à tua Palavra
Para que nos transforme a partir de dentro
e nos ajude a viver sendo ecos de tua voz em nosso tempo[1].
TEXTO BÍBLICO: Mt 10.26-33
De quem devemos ter medo
Lucas 12.2-7
26 — Portanto, não tenham medo de ninguém. Tudo o que está coberto vai ser descoberto; e tudo o que está escondido será conhecido. 27O que estou dizendo a vocês na escuridão repitam na luz do dia. E o que vocês ouviram em segredo anunciem abertamente. 28Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Porém tenham medo de Deus, que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo. 29Por acaso não é verdade que dois passarinhos são vendidos por algumas moedinhas? Porém nenhum deles cai no chão se o Pai de vocês não deixar que isso aconteça. 30Quanto a vocês, até os fios dos seus cabelos estão todos contados. 31Portanto, não tenham medo, pois vocês valem mais do que muitos passarinhos.
Confessar e negar a Cristo
Lucas 12.8-9
32 — Se uma pessoa afirmar publicamente que pertence a mim, eu também, no Dia do Juízo, afirmarei diante do meu Pai, que está no céu, que ela pertence a mim. 33Mas, se uma pessoa disser publicamente que não pertence a mim, eu também, no Dia do Juízo, direi diante do meu Pai, que está no céu, que ela não pertence a mim.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
De quem os discípulos não devem ter medo? Existe algo coberto ou escondido? O que devem dizer na luz do dia e anunciar abertamente? A quem devem temer? Quem não permite que os passarinhos caiam no chão? Por que não ter medo? Por que Jesus dirá, diante de seu Pai, que uma pessoa pertence ou não a ele?
Algumas pistas para compreender o texto:
P. Fidel Oñoro[2]
Em seu discurso sobre a missão, Jesus diz a seus apóstolos não somente o que devem fazer (cf. 10.5-15) e quais são as dificuldades que os aguardam (10.16-25), mas também como devem superar as situações desfavoráveis (10.26-33).
Jesus, tendo terminado as primeiras instruções a seus apóstolos (cf. Mt 10.5-15), disse:
“Escutem! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos” (10.16). A partir desse momento, percebe-se que a missão implica perigos: julgamentos perante os tribunais (10.17a), “serão chicoteados” (10.17b), inclusive entregues para serem “mortos” (10.21). Uma frase de Jesus descreve cruamente esse ambiente de perseguição e de rejeição: “Todos odiarão vocês por serem meus seguidores” (10.22a).
Tudo isso deve ser compreendido como uma demonstração da íntima comunhão do discípulo com seu Mestre, ou seja, faz parte do seguimento: “Nenhum aluno é mais importante do que seu professor… Portanto, o aluno deve ficar satisfeito em ser como o seu professor” (10.24a,25a).
Nesta passagem constatam-se quatro “medos” do missionário:
- · Medo de falar em público (10.26-27)
- · Medo de que destruam sua integridade física (morte do corpo) (10.28-31)
- · (Deveriam antes ter) medo de perder a salvação (“destruição da alma”) (10.28-31)
- · (Deveriam antes ter) medo de perder a comunhão devinitiva com Jesus (10.32-33)
O ensinamento de Jesus aos missionários gira em torno de uma mesma expressão que repete, com força, três vezes: “Não tenham medo!”.
- · “Não tenham medo de ninguém. Tudo o que está coberto vai ser descoberto” (10.26)
- · “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (10.28)
- · “Não tenham medo, pois vocês valem mais do que muitos passarinhos” (10.31)
Jesus não nega que os missionários passarão por momentos amargos. Ele mesmo se refere a isso várias vezes e quer que seus apóstolos não alimentem falsas ilusões: sua tarefa de anunciar o Reino e sua pertença a ele na qualidade de discípulos os fazem muito mais vulneráveis perante o ambiente social.
As imagens do passarinho e a dos cabelos são significativas:
(1) O pássaro não cai sem que o Pai o saiba. Desse modo, Jesus remete-se ao cuidado que Deus Pai tem para com a criação. A lógica é: se Deus se ocupa com um passarinho (que vale um “asse”, a moeda mais simples e desvalorizada), quanto mais um discípulo vale diante de Deus.
(2) Os cabelos são, como acontece com a areia da praia, símbolo do que aparentemente não se pode contar, por exemplo: “Aqueles que, sem motivo me odeiam, são mais numerosos do que os cabelos de minha cabeça” (Sl 69.5). Com esta imagem, estabelece-se um contraste entre o conhecimento de Deus e a ignorância humana. Aplicado ao martírio, significa que pode ser que alguém não consiga compreender a maldade humana, e muito menos como é que Deus pode permiti-la, mas se alguém não é capaz de contar os cabelos da cabeça, como se atreve a julgar o criador, que está acima de toda compreensão humana?
(1) El pájaro no cae sin que el Padre lo sepa. De esta manera, Jesús se remite al cuidado que Dios Padre tiene de lo creado. La lógica es: si Dios se ocupa de un pajarito (que vale un “as”, la moneda más sencilla y devaluada), cuánto más un discípulo vale ante Dios.
(2) Los cabellos son, como sucede con la arena de la playa, símbolo de lo que aparentemente no se puede contar, por ejemplo: “Son más que los cabellos de mi cabeza lo que sin causa me odian” (Salmo 69,5). Con esta imagen se establece un contraste entre el conocimiento de Dios y la ignorancia humana. Aplicado al martirio significa
O que o Senhor me diz no texto?
Este Evangelho nos propõe o medo como parte natural do agir missionário. Jesus reconhece-o em seus discípulos e lhes dá motivo para enfrentá-lo sob o cuidado de Deus Pai. No discípulo, esse medo diminui ou desaparece a partir do momento em que reconhece que Deus cuida até de nossos cabelos. Com esta certeza, podemos estar mais tranquilos para responder a um chamado que nos for feito
A seguir, o diálogo do Papa Francisco com jovens ajuda-nos a aprofundar nossa reflexão:
(Uma jovem): Tenho os meus receios: de que tem medo Vossa Santidade?
(Papa Francisco): De mim mesmo! Medo… Olha que no Evangelho Jesus repete muitas vezes: «Não tenhais medo! Não tenhais medo!». Di-lo tantas vezes. E por quê? Porque Ele sabe que o medo é algo, diria, normal. Temos medo da vida, tememos diante dos desafios, sentimos receio perante Deus… Todos nós temos medo, todos! Tu não deves preocupar-te por teres medo. Deves sentir isto, mas não deves ter medo; depois, pensa: ‘Por que motivo tenho medo?’. Diante de Deus e de ti mesma, procura esclarecer a situação, ou pedir ajuda a alguém. O medo não é um bom conselheiro, porque te aconselha mal. Leva-te a percorrer um caminho que não é a senda reta. Era por isso que Jesus dizia sempre: ‘Não tenhais medo! Não tenhais medo!’. Além disso, temos o dever de nos conhecermos a nós mesmos, todos: cada qual deve conhecer-se a si mesmo, procurando os pontos nos quais podemos cometer mais erros, e ter um pouco de receio daqueles pontos. Pois existe o medo mau e o medo bom. O medo bom é como a prudência. Trata-se de uma atitude prudente: ‘Olha, tu és frágil nisto, nisso e naquilo; sê prudente para não caíres!’. O medo mau é aquele ao qual te referes, que te anula, que te aniquila. Aniquila-te, não te deixa fazer algo: este medo é negativo e é preciso rejeitá-lo.
(Jovem): «Quero fazer esta pergunta, porque também eu desejo ter a força de testemunhar»…
(Papa Francisco): Eis que agora entendo a raiz da pergunta. Dar testemunho com simplicidade. Porque se tu fores em frente com a tua fé como uma bandeira, como nas cruzadas, para fazer proselitismo, não funcionará. O melhor caminho é o testemunho, mas humilde: ‘Eu sou assim’, com humildade, sem triunfalismo.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O medo é constante em minha vida? Como assumo tais momentos? Por que temer, se Deus Pai cuida de minha vida? Tive experiências missionárias nas quais o medo foi vencido sem que eu percebesse? Confio nos cuidados de Deus, meu Pai?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
A Vós, Pai santo, ao Verbo em vós gerado,
ao Santo Espírito, chama, fogo amor,
os habitantes dos jardins celestes
numa só voz proclamam Deus, Senhor.
Trindade Santa, de que sábios modos
viveis, ninguém o saberá jamais,
mas para sempre saciais os santos,
pois vossa face a contemplar lhes dais.
Eles vos cantam pelas vossas obras,
porque criais e conduzis o mundo,
e aqueceis o coração dos filhos
com labaredas de um amor fecundo.
De coração, vossos fiéis da terra
aos santos unem sua voz, também.
Eles desejam ser felizes sempre
pela visão de vossa face. Amém.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Glória a ti, Pai; a ti, Filho; a ti, Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém!“.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, buscarei o Catecismo da Igreja Católica e lerei a respeito da Santíssima Trindade a fim de aprofundar minha fé.
“Esta presença das Três Pessoas… trago em minha alma.”
Santa Teresa de Jesus