“Hoje, amanhã e depois de amanhã”
29 de outubro de 2015Sobre o perigo da competição
31 de outubro de 2015Leitura: Lucas 14, 1-6
Num sábado, Jesus entrou na casa de certo líder fariseu para tomar uma refeição. E as pessoas que estavam ali olhavam para Jesus com muita atenção. Um homem, com as pernas e os braços inchados, chegou perto dele. E Jesus perguntou aos mestres da Lei e aos fariseus: — A nossa Lei permite curar no sábado ou não? Mas eles não responderam nada. Então Jesus pegou o homem, curou-o e o mandou embora. Aí disse: — Se um filho ou um boi de algum de vocês cair num poço, será que você não vai tirá-lo logo de lá, mesmo que isso aconteça num sábado? E eles não puderam responder.
Oração:
O evangelho de hoje traz uma das várias passagens em que está em foco o repouso que se deveria guardar no sábado, o dia do Senhor. No episódio narrado por Lucas, chama a minha atenção o silêncio. Os mestres da Lei e os fariseus não responderam à pergunta que Jesus fez sobre a Lei, tampouco responderam à pergunta feita com base na hipótese de estar no poço um filho ou um boi deles.
Jesus não estava em busca da resposta. Ele já a conhecia. “Pegou o homem, curou-o e o mandou embora”. Jesus não titubeou ante o silêncio. Como Senhor do sábado, fez o que Lhe agradava: pôs o homem e sua dor no centro; fez o que pôde para aliviar. Curou-o. No entanto, repetiu a pergunta… ao invés de perguntar o que a Lei permitia fazer, perguntou o que os seus adversários fariam no caso de ser um filho deles quem precisava de ajuda?
Para nós, hoje, parece óbvio que Jesus fez o bem. Hoje, percebemos a estreiteza de pensamento ou maldade dos fariseus e mestres da Lei. Ora, por que não disseram logo que o coração da Lei era fazer a vontade do Pai e que a vontade do Pai é que seus filhos tenham vida? Por que não responderam que se fosse um filho deles ou um boi deles, teriam ajudado prontamente? A alguns talvez faltasse uma reflexão verdadeira sobre a questão; a outros, mais conhecimento sobre a vontade de Deus; a outros, hombridade para admitirem que pensavam exatamente como Jesus; a outros, apenas honestidade para reconhecerem que já haviam feito inúmeras coisas que lhes pareceram correto fazer, mesmo em dia de sábado. No entanto, eles se calaram.
O sábado não é uma questão resolvida. Ao contrário, é questão sempre central e problemática na vida da Igreja. Não há dúvidas quanto à conveniência de fazer o bem sempre; não se trata disso mais a questão do sábado. A questão sempre atual é, diante dos dilemas contemporâneos, perscrutar os mandamentos do Pai e traduzi-los de forma a não corromper sua Vontade e, além disso, revelá-la com exatidão e atualizada.
Divorciados, “amasiados”, casais de segunda união, homossexuais, bissexuais, transexuais, famílias com configuração distinta da mais convencional, filhos dessas famílias todas… há muitas realidades humanas que hoje se colocam diante dos mestres da Lei e de Jesus.
Que nossa oração pela Igreja dê a ela boa escuta ao Espírito e coragem para, como Jesus, não deixar sem resposta aqueles que chegam, hoje, com as pernas e os braços inchados. Que a resposta da Igreja seja, como a de Jesus, uma cheia de amor e urgência. Nós, que somos os atuais mestres da Lei, não fiquemos calados nem façamos cumprir o que nós queremos ao invés do que pede o amor de Jesus.
João Gustavo H. M. Fonseca – Família Verbum Dei de Belo Horizonte