É Ele quem faz viver (Lucas 4, 24-30)
24 de março de 2014Assim vivereis (Mt 5,17-19)
26 de março de 2014“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria.
O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!”
Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer.
O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus.
Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.”
Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?”
O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida.
Para Deus nada é impossível.”
Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou.”
Hoje a Igreja celebra a Solenidade da Anunciação do Senhor. O pedido de graça da nossa oração pode ser mergulhar no mistério do Verbo de Deus feito carne – nossa carne – e do encontro do desejo de Deus com a resposta humana.
Os primeiros pais da Igreja falaram da divinização do ser humano trazida pela encarnação do Filho de Deus. Santo Irineu dizia que a encarnação tem como fim a koinonia-comunhão, adoção divina, deificação: “Deus se fez Homem, para que os homens possam divinizar-se”. “Deus Filho se fez aquilo que somos, para que nós viéssemos a ser aquilo que ele é.” Dizia São Gregório Nazianzeno: “Em Jesus Cristo, nós nos tornamos divinos”. E São Cirilo de Alexandria: “Se Deus se tornou homem, o homem se tornou deus.”
Deixar-nos encantar por este mistério. Que amor tão grande é este que importa-se de tal forma conosco? Nos criou por amor e por amor deseja que participemos de sua própria vida! E se caímos, querendo ser deuses sem Deus, este amor traz-nos além da adoção a redenção e, com ela, a recriação em Cristo!
Contemplando este amor, pedir-lhe a graça de experimentar os sentimentos da Família Divina, Pai, Filho e Espírito Santo. Qual o seu olhar para a humanidade, de desejo, de espera, de preparação deste encontro? E como se sente diante das nossas respostas, a resposta da nossa liberdade?
Como nós nos sentimos diante da resposta da liberdade do outro? Há um querer e há um não-querer diante dos quais nada podemos. Lembrar das vezes em que experimentamos a dor do “não”, maior ainda quando o outro poderia ser mais feliz se sua resposta fosse “sim”. E perguntar para o Senhor: Como ele se sentiu diante do “não”? Contemplar Jesus Crucificado pelo “não” do ser humano a Ele. Sentir-nos acolhidos e perdoados por Ele aí, nas vezes em que este “não” foi dado por nós. Sentir-nos unidos a Ele nas vezes em que recebemos este “não” à vida e ao amor.
Mas hoje, nesta festa do “Sim de Maria”, celebrar com Ele sobretudo a alegria deste sim humano. Deus não tinha um plano B. Que loucura de amor! Ele, que renunciou poder fazer algo “sobre” nossa resposta porque afirmou e afirma a nossa liberdade, aproxima-se de uma pessoa com Sua proposta “impossível”. O que seria se a resposta tivesse sido outra? Não há como saber. Não havia dublê para Maria. Mas Ele aproxima através de seu mensageiro. Propõe o que ela não pode realizar. Mas a jovenzinha entende apenas uma coisa: a obra era de Deus, no Seu Espírito. Aquele para quem “nada é impossível”. E eis o tão grande e humilde “sim” de Maria, que permitiu realizar-se a maravilha de Deus: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Como o Senhor sentiu-se? Perguntar a Ele. Como Ele se sente quando lhe dizemos sim? O que o nosso “sim” significa para Ele e para toda a criação, que “aguarda ansiosa a manifestação dos filhos de Deus”? (Rm 8)
O “sim” de Maria significou para nós o começo da recriação da nossa humanidade. Quando a humanidade se abre a Deus, Ele faz novas todas as coisas por npos e a partir de nós. Celebremos agradecendo à nossa Mãe o seu “sim” e pedindo-lhe que nos ensine a dar também o nosso a Deus, na confiança de que é o Espírito Santo quem realizará a obra de Deus em nós e a partir de nós, na união com o Filho que se fez carne da nossa carne.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner