O amor se concretiza no serviço ao irmão
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11 de abril de 2020ROTEIROS
10 de abril – Sexta-feira da Paixão
Texto Bíblico: Jo 18,1 – 19,42 – “E inclinando a cabeça, entregou o seu espírito”
- Leitura: o que o texto diz?
Neste dia de silêncio e oração, a Igreja contempla a morte de seu Senhor. É vivamente recomentado que este momento oracional de hoje seja feito diante da imagem do Crucificado. Nosso primeiro passo é uma leitura atenta, sem pressas, de Jo 18,1 – 19,42. Embora seja um texto longo, tente evitar devaneios e distrações. Leia com atenção e pausadamente, tentando perceber os sentimentos e as tensões próprias da narrativa. O texto, formado por várias cenas, narra desde a traição de Judas até o sepultamento do Senhor. Estamos no clímax da tensão entre Jesus e as lideranças religiosas de sua época, ou mais intensamente na luta entre o doador da Vida (Jesus) e aquela que a rouba (morte). Os adversários de Jesus que tantas vezes atentaram contra sua pregação e sua vida parecem ter obtido sucesso em seus planos, afinal de contas conseguiram matá-lo.
- Meditação: o que o texto me diz?
Depois da leitura pausada, é momento de interrogar-se sobre a forma como este texto afeta você. Quais sentimentos e pensamentos ele suscita? Quais elementos mais mexeram com você? O dia de hoje não é uma mera celebração da dor e do escarnio, mas celebração do amor verdadeiro de Cristo ao Pai e a nós. Este amor materializa-se numa vida de obediência plena. Seu alimento é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). E que vontade é esta? Que não se perca nenhum dos seus (cf. Jo 6,39). Para isso, o Pai envia o Filho, o qual anuncia firmemente a Palavra de quem o enviou. Trata-se da palavra da verdade, porém os seus a rejeitaram (Jo 1,9-11). Preferiram permanecer nas trevas. Mais que isso, tentaram calar a verdade, oriunda de Deus, por meio da Cruz. Porém, nem mesmo a morte é capaz de calar a voz da Verdade.
- Oração: o que o texto me faz dizer?
Agora, é momento de deixar a cena penetrar mais intensamente o nosso coração. Perceba o que toda essa trama fala para você, como ela atinge o teu ser. Reze como os elementos presentes em nosso ser, os quais chamaram a sua atenção. Tente perceber o amor, a entrega, a complexidade daquele momento. Um Jesus que, do alto da cruz, perdoa, ama e salva até mesmo seus algozes. Perceba o alcance de tamanho gesto. Quais são as reações provocadas em você? Observe tanta ingratidão, descompromisso, falta de atenção para com o sagrado etc. Ao pé da cruz de Cristo é momento de refazer a experiência do discípulo amado. Aos olhos de muitos a cruz parecia o ponto final para aquele homem e seus seguidores, mas Deus sempre pode surpreender. E o fim era na verdade um impulso. Portanto, a cruz é paradoxo! Mais que derrota, é vitória! Mais que fraqueza, é força! Mais que humilhação, é exaltação. Por isso, a Igreja sempre tem diante de si a imagem do Crucificado, pois nela está a vitória de Deus em nós, a nossa Salvação.
- Contemplação
É próprio do dia de hoje contemplar a Paixão e Morte de Nosso Senhor. Nelas somos inseridos, pois é o amor incondicional de Jesus pela humanidade que o arrasta a tal momento. Literalmente, o coração de Jesus sangra para a vida nova da humanidade. É ele a fonte de água que jorra para a vida (Jo 4,14), porém não esperávamos uma água a jorrar de seu peito, nem tão pouco que essa vida emanasse da cruz. Mas, como diz a sabedoria popular “Deus escreve certo por linhas tortas”. Não apenas as linhas tortas da história humana, mas também das nossas vidas. Assim, contemple essa água que não apenas purifica e nutre, mas gera vida nova.
- Ação
A partir dessa oração, neste dia tão intenso, perceba quais sinais de “morte” habitam em você. Quais as realidades e quedas te afastam do Mestre? Verifique quais delas você mais precisa se desvencilhar. Leve-as ao pé da cruz e peça que a Paixão do Senhor vença as tuas paixões. É preciso confiar que a morte é, de certo modo, condição para a Ressurreição.
Pe. Márcio Santos, INJ
*Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Vigário da Paróquia São Paulo Apóstolo em Mossoró-RN, Brasil. Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Leciona na Faculdade Católica do Rio Grande do Norte.