Ternura e misericórdia de Deus (Lucas 15,1-3; 11-32)
22 de março de 2014E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Lucas 1, 26-38)
25 de março de 2014“E acrescentou: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.
De fato, eu lhes digo que havia muitas viúvas em Israel, no tempo do profeta Elias, quando não vinha chuva do céu durante três anos e seis meses, e houve grande fome em toda a região. No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, e sim a uma viúva estrangeira, que vivia em Sarepta, na Sidônia. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu. Apesar disso, nenhum deles foi curado, a não ser o estrangeiro Naamã, que era sírio.”
Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se, e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício.
Mas Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.”
Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor que nos dê a abertura de coração para deixar suas palavras caírem fundo em nós, e mostrar-nos o que Ele precisa que vejamos sobre a nossa acolhida à vida e ao amor. Porque Ele é a Palavra do Pai, “viva e eficaz”, que ao mesmo que mostra transforma. Quando é acolhida.
Jesus usa duas comparações para dizer dos “de fora” que acolheram melhor os enviados de Deus do que o Povo escolhido: a viúva de Sarepta e o sírio Naamã. A viúva, confiando no profeta Elias, ofereceu-lhe tudo o que tinha para viver apenas mais um dia com seu filho, e ele lhe garantiu que não faltaria. Naamã ouviu falar do profeta Eliseu e foi a Israel em busca da cura para a sua lepra, como mostra a primeira leitura de hoje (2 Rs 5,1-15a).
Naamã cometeu dois equívocos em sua busca. O primeiro é que foi ao rei (enviado por seu rei) e não ao profeta. Foi a quem não podia fazer nada por ele. Quais são nossas buscas? Quais são nossos desejos mais profundos? Quais são as necessidades do nosso coração e da nossa vida? A quem temos ido nessas buscas? A quem nos indicam ir?
O rei respondeu a Naamã: “Porventura eu sou Deus, capaz de fazer morrer e de fazer viver, para que aquele homem me envie alguém para ser por mim curado?” Nestas palavras estão uma chave para nós e também para a leitura do Evangelho: Só Deus é capaz de dar a vida; só Ele é capaz de nos ajudar a fazer morrer o que nos tira a vida. Saborear estas palavras e deixar que toquem, que joguem luz sobre as nossas buscas.
Jesus no Evangelho se coloca como “um profeta” e evoca as figuras dos dois grandes profetas, Eliseu e Elias. Mas Ele é muito mais. É o Filho de Deus, aquele no qual o Pai se manifesta inteiramente. E o povo não o acolheu. E nós, o acolhemos? É a Ele que nosso coração anseia. Mas é a Ele que temos ido nas nossas carências?
O segundo erro de Naamã foi o orgulho. Eliseu mandou-lhe apenas banhar-se no Jordão. Mas ele se revoltou, por ter saído de tão longe para tão pouco. No entanto, deixou-se amolecer pelos conselhos de seus servos: “Meu pai, se o profeta te houvesse ordenado fazer algo extraordinário, não o terias feito? Quanto mais que ele te disse apenas: ‘Lava-te e serás purificado’”. Será que ficamos esperando algo extraordinário da vida, do amor, por este algo esperado sentimo-nos capazes também de fazer o extraordinário, e não enxergamos no simples diante dos nossos olhos o chamado de Deus?
Jesus era apenas o “carpinteiro”, era alguém tão próximo, ali, do meio deles, que não lhes deram crédito. Ao contrário, quiseram tirar-lhe a vida, como chegaram a fazer. No entanto, quem o acolheu experimentou o “milagre”. O milagre não está no extraordinário, mas no encontro com o amor que gera a vida em nós, e faz com que ela transborde de nós para outros. “O maior milagre é ver milagres”, afirma Roberto Tranjan em seu livro Rico de Verdade.
Vamos pedir ao Senhor que nos dê olhos para ver, e abertura de coração para acolhê-lo como se manifesta, no mais cotidiano, no menor dos irmãos ao nosso lado, nos pequenos chamados do dia a dia que tantas vezes nos passam batidos! Que Maria nos ensine, ela, a discípula de seu Filho, aquela que sabia unir o disperso em seu coração.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner