Quem deu autoridade a João Batista para batizar?
13 de dezembro de 2015História de ambiguidade (Mateus 1,1-17)
17 de dezembro de 2015“João Batista enviou dois de seus discípulos ao Senhor Jesus para perguntarem: ‘O senhor é aquele que ia chegar ou devemos esperar outro?’ Então eles foram até o lugar onde Jesus estava e disseram:
— João Batista nos mandou perguntar o seguinte: o senhor é aquele que ia chegar ou devemos esperar outro?
Naquele momento Jesus curou muitas pessoas das suas doenças e dos seus sofrimentos, expulsou espíritos maus e também curou muitos cegos. Depois respondeu aos discípulos de João:
— Voltem e contem a João o que vocês viram e ouviram. Digam a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. E felizes são as pessoas que não duvidam de mim!”
Hoje conheci o Elton nas ruas do centro de São Paulo. Como tantos sofredores de rua, abordou-me para pedir algum dinheiro para comer. Um de seus olhos era vazado e fiquei pensando por que situação ele havia passado para estar assim. Mas ele abordou-me com mansidão, e logo após o dinheiro pediu oração e disse que faria ainda esta semana uma cirurgia para a retirada de um câncer. Eu disse que iria orar e ele ali mesmo se ajoelhou para receber a bênção, numa humildade desconcertante, que tocou-me imensamente, como sinal da presença do Senhor nele. Após a oração, ele agradeceu e pôs-se a chorar, dizendo que há pouco havia passado por uma pessoa que terminava seu lanche deixando ainda um pedaço de pão, que ele pediu e recebeu um xingamento: “Saia daqui, seu lixo!” A dor do Elton era mais funda. Ele contou que já passara por duas cirurgias, uma delas nos olhos (daí seu olho vazado), disse que não era lixo, era filho de Deus – certamente! – e despediu-se, pedindo novamente oração por sua nova cirurgia, pedido que estendo a todos os Lectionautas e a quem puderem pedir.
Meu amigo e eu saímos muito emocionados, em silêncio. A dor dele me tomava, mas ao mesmo tempo eu agradecia a Deus por ter-me feito parar. Pois quantas vezes passo direto, pela impotência de topar com tantas pessoas neste situação, ou por não achar que o dinheiro é o mais adequado a ser dado. E o Elton ensinou-me que há tanto que podemos compartilhar! Ele abriu meus olhos, meus ouvidos, meu coração. Acaso não foi presença do Senhor, que fazia exatamente isso com as pessoas?
“Voltem e contem a João o que vocês viram e ouviram. Digam a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e os pobres recebem o evangelho. E felizes são as pessoas que não duvidam de mim!”
O Messias que veio, que vem e que virá – é isso que celebramos no Advento – não se manifesta de forma ostentosa, não chega com uma placa luminosa dizendo “Sou eu o Messias”, mas se manifesta através dos sinais de vida, da sua presença tão humana que “cura as pessoas dos seus sofrimentos”. Há uma canção que diz:
“Cristo nasce a cada dia na face do operário cansado, no rosto das crianças que riem brincando, a cada idoso que está ao nosso lado. Cristo nasce a cada dia, e por muito que queiramos matá-lo, nascerá dia após dia, minuto a minuto em cada homem que queira aceitá-lo”. Será que o aceitamos como Ele se manifesta, em alguém que nos aborda em meio ao nosso passo apressado ou distraído, conectados em outro tempo e lugar e não inteiros no momento presente? Será que percebemos seus sinais e o acolhemos como Ele se manifesta?
Toda a promessa do Primeiro Testamento se realiza nele. As belíssimas leituras de Isaías deste tempo, como a de hoje (Is 45, 6-8.18.21-25), se cumprem nele. “Que as nuvens façam chover a justiça; abra-se a terra e germine a salvação; brote igualmente a justiça”. Fala muito de justiça. Esta justiça o Senhor realiza sendo plenamente humano e nos convidando a sê-lo. Ele nos compromete, pois quer se fazer presente hoje através de nós. Quer, por nós, continuar curando as pessoas de seus sofrimentos, e abrindo-lhes a esperança de paz, salvação, verdade, amor, justiça e fidelidade, como diz o Salmo de hoje (84/85).
Peçamos ao Espírito que abra nossos sentidos físicos e espirituais, para acolher o Senhor que vem hoje e a cada dia e, acolhendo-o em nossa vida, também ser com Ele sinal de sua presença. E peçamos pelo Elton e por cada pessoa que sofre a realidade ainda injusta que clama pela salvação já dada, mas ainda necessitada de se estender por toda a Terra.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.