Vida escondida em Deus (Lc 2, 36-40)
30 de dezembro de 2013“Todos os reis se curvarão diante dele, e todas as nações lhe obedecerão”
5 de janeiro de 2014“No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus.
Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.
Apareceu um homem enviado por Deus, que se chamava João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo.
A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam.
Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus.
E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.
João dava testemunho dele, proclamando: “Este é aquele, a respeito de quem eu falei: aquele homem que vem depois de mim passou na minha frente, porque existia antes de mim.”
Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor.
Porque a Lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo.
Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai.”
Podemos hoje saborear o Prólogo de João versículo por versículo, aproveitando para contemplar a “retrospectiva” histórica – e até cósmica – que ele nos apresenta e para fazer a “retrospectiva” da nossa própria vida neste ano.
“No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus.”
Pedir a graça de entrar no coração da Trindade. Deus, que é comunidade de amor, por amor resolve criar o diferente de si. Abre espaço em si para que o outro possa ser.
“Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela.”
Na nossa vida também: contemplar o Verbo agindo desde o princípio, nossa vida desejada. Na antropologia judaica, acreditava-se que o ar era a vida, e a vida pertence a Deus. Cada vez que expiramos, ela se esvai. A inspiração é um novo sopro do Criador em nós, é um “amo você e desejo a sua vida” que Ele nos diz. Fechar os olhos, expirar e inspirar e ouvir esta Palavra. Deixar passar o filme deste ano vivido diante de nós e continuar escutando este “eu te amo e desejo a sua vida”. Deus não tinha necessidade de criar. Nos criou e constantemente nos cria e recria por amor.
Aparece então no texto a metáfora da luz, e um homem que é testemunha da luz, João Batista. Ele que preparou o caminho para o Senhor; ele que apontou o Messias e deixou as pessoas com Ele. E eu, tenho sido testemunha da luz? Preparei o caminho para o Senhor na vida de alguém neste ano? Apontei para ele e deixei as pessoas com o Seu amor? Reconhecer as situações em que fomos capazes de vivenciar este testemunho e pedir perdão pelas oportunidades não aproveitadas, pedindo que Ele nos encoraje e ilumine ainda mais para que iluminemos com a Sua luz.
Pode ser testemunha quem o acolhe. “Os seus não o receberam.” Muitas pessoas não se abriram à novidade que era Jesus. Muitas ainda não se abrem a esta qualidade de amor, que é nova, surpreendente, quebra os esquemas. Muitas vezes nós também não. Pedir a graça de reconhecer o fechamento. Mas a graça ainda maior de reconhecer a experiência de filiação. Ela nos foi dada como dom de Deus no Batismo, e recebemos a graça de experimentá-la quando experimentamos o Amor, nos abrimos a acolhê-lo e a vivê-lo.
E assim viver, fazer experiência da maior graça de todas, aquela loucura inimaginável do amor de Deus: “E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade. Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor.” Quem sonharia com um Deus tão próximo, um entre nós? “Se fez humano para que nós nos tornássemos divinos”. Saborear esta graça, esta presença, esta loucura de amor. Agradecer por ela. Temos vivido como pessoas muito amadas ou como solitários peregrinos? Nossa vida revela a plenitude de amor que recebemos? Agimos na carência ou no desejo? Saborear de tal forma que este amor nos plenifique e transborde de nós, que temos a graça de “ver” a Deus, porque Ele mesmo quis se revelar: “Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai.”
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei