Deus da vida
22 de novembro de 2014Belas pedras e ofertas votivas… “Vós admirais estas coisas?”
25 de novembro de 2014Leitura: Lucas 21,1-4
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas depositando ofertas no tesouro do Templo. Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas. Diante disto, ele disse: ‘Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, aquilo que lhes sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza,
ofertou tudo quanto tinha para viver.’
Oração:
Na oração de hoje, deixemo-nos estragar pelo desconcerto do texto. Que nós tenhamos alegria nos consertos que Deus propõe à nossa vida de fé. O rearranjo nem sempre é indolor, mas é sempre para nos tornar Filhos saudáveis.
Quando ouço as palavras de Jesus, tenho a tentação de reduzir o significado. Inicialmente, penso que Jesus esteja criticando as doações a Deus em “números absolutos”; penso que Ele esteja defendendo as doações proporcionais. No entanto, enquanto a maior justiça humana – que nem sempre conseguimos na prática, mas que almejamos idealmente – é julgar as pessoas proporcionalmente, Jesus vai muito além…
Jesus desqualifica o depósito feito pelos ricos, “como oferta” (isto é, como se fosse oferta, mas sem ser verdadeira oferta), e exalta a oferta da viúva. O critério: eles davam o que sobrava; ela deu tudo quanto tinha para viver.
O critério de Jesus me espanta. O susto demora a passar. O horizonte de Jesus me parece pesado, impossível de alcançar, logo a palavra d’Ele, que disse que me daria um peso leve (Mt 11, 29)…
Depois de um tempo caminhando com Ele pelo Templo, vejo os ricos e a viúva dentro do meu coração. Os ricos dentro de mim pensam que podem agradar a Deus com a doação de um ou outro bem material, com esta ou outra ação… Os ricos de dentro pensam, portanto, que precisam ganhar muito para doar, separar um tempo para se dedicar a Deus. No fundo, sempre algo meu e algo para Deus, tudo bem separadinho.
A viúva dentro de mim só pode ofertar a Deus a si própria. Algumas de suas moedas são estudar com afinco, ser fiel às amizades, amar os “chatos”, tratar bem os desagradáveis… Outras de suas moedas são lutar pelos direitos dos oprimidos, levar Deus aos que seguem a religião sem amar… Outras moedas são o trabalho sempre bem feito, a tentativa de preservar o meio-ambiente… A viúva dentro de mim também tem poucas moedas, mas eu as dou a Deus, sem separar o que é meu e o que é d’Ele.
O evangelho de hoje me lembrou desta frase da Madre Teresa de Calcutá: “O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela o oceano será menor”. A frase da Madre Teresa é bonita e o evangelho é bonito, mas me convencem? Quero mesmo admitir que Deus não precisa de mais duas moedas? Quero mesmo admitir que o oceano é oceano mesmo sem uma gota? Quero entender que a felicidade é a da moeda que se junta ao Tesouro e a da gota que se faz maior no Oceano?
A viúva e suas duas moedas. Madre Teresa e sua gota. Eu e… o quê? A oração de hoje nos ajude a ofertar a Deus não o que temos de maior, de mais numeroso, mas o que tivermos de mais essencial, até que esse exercício nos faça doar o tempo todo, a vida toda, até estarmos n’Ele.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG – membro da Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte