A casa na rocha (Mt 7,21.24-27)
1 de dezembro de 2016II Domingo do Advento
4 de dezembro de 2016Leitura: Mateus 9, 27-31
Jesus saiu daquele lugar, e no caminho dois cegos começaram a segui-lo, gritando:
— Filho de Davi, tenha pena de nós!
Assim que Jesus entrou em casa, os cegos chegaram perto dele. Então ele perguntou:
— Vocês creem que eu posso curar vocês?
— Sim, senhor! Nós cremos! — responderam eles.
Jesus tocou nos olhos deles e disse:
— Então que seja feito como vocês creem!
E os olhos deles ficaram curados. Aí Jesus ordenou com severidade:
— Não contem isso a ninguém!
Porém eles foram embora e espalharam as notícias a respeito de Jesus por toda aquela região.
Oração:
Dois cegos estavam pelo caminho e, quando Jesus passou, passaram a segui-Lo. Ainda cegos, passaram a segui-Lo, porque O ouviram passar.
A imagem dos cegos que seguem porque ouviram talvez represente também a nossa vida e a vida de muitos que nos rodeiam. Nem tudo em nós está aberto à graça, nem tudo em nós está conectado ao Amor, mas há uma parte que não está doente, que está completamente sã, que faz pulsar dentro de nós e que nos deixa ouvir: “Siga por aqui! Siga por esse caminho que lhe pode curar todo o corpo e a vida”.
É preciso ter a coragem dos cegos. Porque ouviram, passaram a seguir, mesmo que pudessem ainda tropeçar. Não se pode esperar a vida plena sentado. Não se pode esperar que estejamos completamente perfeitos, totalmente sãos, prontos e acabados para seguir, pois esse momento não chega. Deus passa ao nosso lado; ouvimos os rumores e seus passos; ainda cegos, queremos e podemos segui-Lo.
E, no seguimento, dizer-Lhe: “não vejo o que eu gostaria! Não vejo como gostaria! Às vezes, não vejo nada, Senhor… não vejo vida, não vejo futuro, não vejo presente. Ouço muita coisa, mas não vejo.” Como os cegos, cansados de serem sempre guiados e estarem sempre à margem, podemos também dizer: “Viemos atrás de você porque queremos ver com nossos próprios olhos”.
Era nada comum que os cegos recuperassem a vista. Contra toda a expectativa que poderiam ter em relação a si próprios e contra toda expectativa dos que os conheciam, eles voltam a ver. Antes, eles responderam “sim” à pergunta de Jesus: “vocês creem que eu posso curar vocês?”
Jesus foi didático na pergunta. Ora, parecia claro que criam, pois tinham saído de onde estavam para segui-Lo, mesmo que cegos, mesmo que tropeçassem. Nossa caminhada, mesmo que às vezes sintamos que não podemos ver, seja uma declaração de fé e de amor: “Sim, Senhor! Nós cremos”. Cremos que o Senhor pode nos fazer ver as cores que naturalmente não veríamos… cremos que o Senhor pode nos fazer ver as formas que ignoraríamos… cremos que o Senhor pode mudar nosso olhar para que não sejamos sempre guiados, dependentes e confusos, mas confiantes, autênticos e amorosos.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte