Como o mestre (Lucas 6, 39-42)
9 de setembro de 2016XXIV Domingo do Tempo Comum – Ano C
11 de setembro de 2016— A árvore boa não dá frutas ruins, assim como a árvore que não presta não dá frutas boas. Pois cada árvore é conhecida pelas frutas que ela produz. Não é possível colher figos de espinheiros, nem colher uvas de pés de urtiga. A pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. E a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más. Pois a boca fala do que o coração está cheio.
— Por que vocês me chamam “Senhor, Senhor” e não fazem o que eu digo? Eu vou mostrar a vocês com quem se parece a pessoa que vem e ouve a minha mensagem e é obediente a ela. Essa pessoa é como um homem que, quando construiu uma casa, cavou bem fundo e pôs o alicerce na rocha. O rio ficou cheio, e as suas águas bateram contra aquela casa; porém ela não se abalou porque havia sido bem-construída. Mas quem ouve a minha mensagem e não é obediente a ela é como o homem que construiu uma casa na terra, sem alicerce. Quando a água bateu contra aquela casa, ela caiu logo e ficou totalmente destruída.
Espírito Santo, venha em nosso auxílio para que possamos interpretar, com misericórdia, a mensagem que o texto de hoje quer nos revelar.
Senhor, sua palavra de hoje é, por um lado, muito dura e, por outro lado, muito instigante.
Dura, porque é verdade que o chamamos Senhor e, via de regra, não fazemos o que você diz.
Instigante, porque o Senhor deixa bem claro o que nos espera, se não passamos logo a observar o que o Senhor diz. Também nos encoraja a obedecê-lo, condição para vivermos com tranquilidade em uma casa que não cairá diante das piores tempestades.
Sabe, acho que você, Jesus, é muito mal interpretado, quando procura nos alertar dos perigos que corremos, quando não seguimos os conselhos do evangelho. Talvez a diferença de cultura, talvez as diferenças de linguagem utilizadas levem muitos a acreditar que o Senhor é um justiceiro e nos castiga impiedosamente, se não seguimos seus mandamentos. Contudo, acredito sempre na sua infinita misericórdia e, compreendo que o Senhor, por amor, não se cansa de nos alertar a sempre vigiar e a não cair em tentação. O Senhor compreende que o chamamos “Senhor, Senhor”, porque acreditamos no que você fala. Suas palavras ressoam em nosso coração e nos fazem vibrar, mas costumamos ser muito fracos e não conseguimos fazer o que o Senhor diz.
O Senhor sabe que vivo em uma região em que há muitas enchentes, então compreendo bem o sofrimento e a tristeza de quando se tem uma casa destruída pelas águas, como também sei o quanto é reconfortante, em uma noite de chuva forte, poder ficar bem abrigado em nossos lares, observando os pingos da chuva batendo nas vidraças, os raios cortando o céu e os estrondos dos trovões ao fundo. Nestas condições, somente a lembrança dos nossos irmãos que moram onde a chuva está fazendo estragos é que nos tira a paz de nos sentirmos seguros.
Ora, então não haverá ninguém que, ao ouvi-lo, não queira o caminho de construir uma casa bem alicerçada sobre a rocha.
Eu entendo, Senhor, que esta casa é uma construção que faço em mim mesmo, no meu coração, onde sua mensagem precisa ficar bem gravada.
Lá no coração, quando entendo que não devo julgar os outros, quando entendo e me esforço para amar meus inimigos, vou, pouco a pouco, colocando os alicerces sobre a rocha.
Quando faço aos outros o que eu gostaria que os outros fizessem a mim e quando procuro vencer o mal com o bem, vão saindo algumas coisas boas de mim, que se parecem com frutas boas.
De fato, tenho muita dificuldade de fazer todas as coisas que o Senhor diz, mas venho notando que, à medida que procuro, parece que há um bom agricultor cuidando da minha árvore e as frutas vão ficando um pouco mais saborosas.
Certa vez, o Senhor disse: “se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros” (Mt 5,41). Agora compreendo que aquilo que você nos pede para fazer, você mesmo já nos fez bem antes e continua a fazer. Qualquer pequeno esforço que fazemos, acompanhado de nossa oração, é o suficiente para o Senhor nos entregar o dobro e, assim, é possível encontrarmos muitas árvores boas dando boas frutas, pois sua mão está lá, sempre cuidando para nos ajudar.
Senhor Jesus Cristo, obrigado por não desistir jamais de nós e cuidar para que sejamos boas árvores. Queremos corresponder ao seu amor e alimentar nosso coração apenas com suas mensagens de paz e de vida plena. Ajuda-nos a não fraquejar na caminhada. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte