“Talitá cumi!”
30 de janeiro de 2018A pergunta dos santos
1 de fevereiro de 2018Evangelho: Marcos 6,1-6
“Jesus voltou com os seus discípulos para a cidade de Nazaré, onde ele tinha morado. No sábado começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o estavam escutando ficaram admirados e perguntaram:
— De onde é que este homem consegue tudo isso? De onde vem a sabedoria dele? Como é que faz esses milagres? Por acaso ele não é o carpinteiro, filho de Maria? Não é irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não moram aqui?
Por isso ficaram desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
— Um profeta é respeitado em toda parte, menos na sua terra, entre os seus parentes e na sua própria casa.
Ele não pôde fazer milagres em Nazaré, a não ser curar alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. E ficou admirado com a falta de fé que havia ali.”
Reflexão:
Na oração de hoje, vamos pedir ao Pai a graça de acolher o dom trazido pelo Cristo no mais cotidiano dos nossos dias.
Jesus havia percorrido várias cidades e feito grandes coisas. Encontrou resistências, mas também paciência e fé em seu caminho, o que permitiu a acolhida dos sinais que realizava. Chega agora com os discípulos à sua cidade. Podemos contemplar a cena – a entrada na cidade, a chegada em casa, a acolhida de Maria, a refeição, a conversa contando-lhe as vivências do caminho, o descanso. Ver-nos aí com eles, participar da alegria de Maria que apoia a missão de seu Filho.
Chega o sábado. Eles se dirigem à sinagoga, como costume de bons judeus. Jesus põe-se a ensinar. Onde estou na cena? Como vejo Jesus? Como vejo a multidão que se escandaliza com Ele?
São vários os questionamentos da multidão. “De onde é que este homem consegue tudo isso? De onde vem a sabedoria dele? Como é que faz esses milagres?” A primeira série deles refere-se à origem do poder e da sabedoria de Jesus. Será de Deus mesmo?
A segunda parte diz respeito à simplicidade/humildade da vida dele – afinal, é um do povo, um como eles. “Por acaso ele não é o carpinteiro, filho de Maria? Não é irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não moram aqui?” Os irmãos aqui referem-se à sua família próxima. Para eles era difícil demais aceitar que uma pessoa comum pudesse fazer os sinais que Ele fazia e ensinar. “Ficaram desiludidos com ele.” Em outra tradução diz: “Sentiam isso como um obstáculo.”
Jesus era escândalo e pedra de tropeço por sua humanidade. Será que também nós não temos os olhos e o coração fechado para o cotidiano de nossas vidas, para o mais simples e “trivial”? Esperamos grandes ocasiões – as grandes festas litúrgicas (Natal, Páscoa), datas comemorativas marcantes (casamento, formatura, promoção no emprego), eventos especiais (como um retiro, por exemplo) – para abrir o coração, acolher o que vem, desejar e buscar uma transformação. E talvez ela nos esteja sendo oferecida no dia a dia, na convivência no trabalho, na família. Será que também não tropeçamos aí, caindo na rotina, nos desiludindo com ela muitas vezes, e não sendo capazes de encontrar o sentido profundo no mais “banal”?
Jesus lamenta o desprezo e a falta de fé deles, a dificuldade de perceber que as mesmas mãos que cortam a madeira como carpinteiro fazem milagre. Reconheço o poder que se manifesta muitas vezes nas mãos do padeiro, da enfermeira, da cozinheira, do pedreiro, do pintor…? Encontro a ação de Deus aí e deixo-me tocar por este sinal?
Peçamos ao Senhor a abertura de coração, para que Ele, que continua o seu caminho, não passe direto pelas nossas vidas, mas encontre acolhida e nos leve atrás de si, em Seu seguimento, ajudando outros a verem também o sentido de suas vidas.
Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei