João 16,23-28
27 de maio de 2017“Tenham coragem! Eu venci o mundo”
29 de maio de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, preciso de teu Espírito, daquela força divina que a tantos transformou,
tornando-os capazes de gestos extraordinários de entrega generosa a teu povo.
Percebendo o desafio da missão que me confias, desejaria em minha alma
uma unção muito profunda, vinda de ti, que me concedesse os tesouros dos dons que distribuíste a tantos homens e mulheres.
Dá-me o que deste aos profetas. Ainda que meu ser pequeno proteste,
que eu me veja forçado a falar pela sedução soberana de teu Evangelho.[1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 28.16-20
Jesus aparece aos onze discípulos
Marcos 16.14-18; Lucas 24.36-49; João 20.19-23; Atos 1.6-8
16Os onze discípulos foram para a Galileia e chegaram ao monte que Jesus tinha indicado. 17E, quando viram Jesus, o adoraram; mas alguns tiveram suas dúvidas. 18Então Jesus chegou perto deles e disse:
— Deus me deu todo o poder no céu e na terra. 19Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo 20e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Qual era o número dos discípulos? Que lugar Jesus lhes havia indicado? O que fizeram quando viram Jesus? De onde provém a autoridade de Jesus? Qual foi a missão que Jesus confiou aos discípulos? O que fará Jesus de sua parte?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber [2]
Hoje celebramos a Ascensão do Senhor. Quarenta dias depois da Páscoa, Jesus sobe ao céu, como o dizem Lucas e Marcos, no final de seus evangelhos. Mateus narra a ascensão de Jesus. O texto de hoje conclui o evangelho com o mandato de Jesus de fazer discípulos de todas as nações.
Podemos perceber duas partes no texto: uma em que se narra o encontro dos onze com Jesus (vv. 16-17) e, em seguida, as palavras finais de Jesus, com as qua se conclui todo o evangelho (vv. 18-20).
O texto começa retomando o mandato de Jesus ressuscitado às mulheres, quando lhes havia dito: “Vão dizer aos meus irmãos para irem à Galileia, e eles me verão ali” (Mt 28.10). Aqui se fala dos onze, mas, na realidade, quando se lê, entende-se que não são onze, mas que são “doze menos um”. Mateus havia insistido nos doze (10.1s,5; 11.1; 20.17; 26.14 etc.). Anteriormente, jamais falara dos “onze”. Este número – “doze menos um”, “doze menos Judas” – mostra que a comunidade que se encontra com o ressuscitado é uma comunidade ferida, de algum modo incompleta. Uma comunidade marcada pelo amor de Jesus entregue e vencedor, mas também pela traição que fere e dilacera.
Os discípulos adoram-no; no entanto, alguns ainda duvidavam (v. 17). Parece incrível que mesmo vendo a Jesus, duvidassem. Mateus, porém, quer deixar clara a situação frágil dessa comunidade a quem o Senhor encarregará sua missão. É essa comunidade ferida e frágil de que Jesus se aproxima (v. 18) e à qual confia suas últimas palavras.
Mateus é o único evangelista que finaliza sua obra com palavras de Jesus, como para que fiquem a ressoar suas palavras nos ouvidos da comunidade.
Esta é a única vez em que o Ressuscitado se encontra com os discípulos em Mateus (havia-se encontrado com as mulheres em 28.8ss). Com as palavras de Jesus, entendemos que é em sua ressurreição que Deus lhe deu toda a autoridade no céu e na terra. No v. 19, há uma palavra que com frequência não percebemos: “portanto”. Este “portanto” está a indicar uma relação de causalidade entre a autoridade que Jesus recebeu e o envio dos discípulos, como a dizer: “porque Deus me confiou toda autoridade, vão vocês”. Ou seja, os discípulos (onze, que duvidavam) não são enviados em sua própria autoridade, mas na autoridade de Jesus. Eles vão e fazem seguidores, porque toda a autoridade foi dada a Jesus.
O mandato de Jesus tem quatro verbos: vão, façam seguidores, batizem, ensinem. Entretanto, no grego original, somente um destes verbos está no imperativo, destacando, assim, a dimensão central da missão: “façam com que sejam meus seguidores”. Os outros verbos são particípios, e poderíamos traduzi-los mais ou menos assim: “Enquanto forem, façam com que sejam meus seguidores, batizando e ensinando…”, o que mostra a força do “fazer com que sejam meus seguidores”; o resto é consequência disto.
O texto chega ao ponto mais alto, encerrando o evangelho aproximadamente como havia começado: ao narrar a origem de Jesus, diz: “Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: ‘A virgem ficará grávida e terá um filho que receberá o nome de Emanuel’ (Emanuel quer dizer ‘Deus está conosco’)” (Mt 1.22s). Esse “Deus conosco”, concebido pela virgem, é Jesus ressuscitado, que “está conosco todos os dias até o fim do mundo” (v. 28).
O que o Senhor me diz no texto?
A missão é o convite que o Evangelho de hoje nos renova. Graças a sua condição, Jesus partilhou a vida com os discípulos, fez deles seus amigos e confia-lhes a continuação de sua missão. Hoje, cada um de nós é chamado não apenas para a missão, mas também para uma amizade fiel: desde o dia narrado no texto bíblico até hoje, Jesus não deixou de estar com cada um de nós, que também somos seus amigos e missionários.
Algumas das palavras que o Papa Francisco dirigiu aos jovens do Brasil ajudam-nos a continuar nossa meditação: “Para onde Jesus nos manda? Não há fronteiras, não há limites: envia-nos para todas as pessoas. O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente. O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.
“De forma especial, queria que este mandato de Cristo –‘Ide’ – ressoasse em vocês, jovens da Igreja na América Latina, comprometidos com a Missão Continental promovida pelos Bispos. O Brasil, a América Latina, o mundo precisa de Cristo! Paulo exclama: ‘Ai de mim se eu não pregar o evangelho!’ (1Co 9.16). Este Continente recebeu o anúncio do Evangelho, que marcou o seu caminho e produziu muito fruto. Agora este anúncio é confiado também a vocês, para que ressoe com uma força renovada. A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que os caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês!”[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Descobri a promessa de Jesus para mim este evangelho? Sinto medo diante da decisão de sair em missão? Quão complicado é encontrar em todo momento e lugar uma oportunidade para evangelizar? Confio e tenho vivido realmente o que o Senhor cumpriu: “E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
“Vão” é teu mandato, para anunciar o Reino
e sua presença.
Para sermos sinais do Evangelho
e irmãos de todos.
“Vão” em simplicidade real,
empobrecidos pelo Reino
para vivermos sem apegar-nos
e aprendermos a confiar.
Deus está, provê, cuida e protege;
Somente Deus basta.
“Vão!” Convidas-nos visando ao coração,
e descobrimos que podemos,
se nos animarmos… se nos unirmos…
se nos des-instalarmos de nossas seguranças
para vivermos, como tu, em estado de missão.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Obrigado por cumprires tua parte: tu estás comigo a cada dia”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, em oração, peço a Deus poder discernir a missão mais próxima e concreta que ele espera de mim.
“É urgente que surja uma nova geração de apóstolos enraizados na palavra de Cristo, capazes de responder aos desafios de nosso tempo e dispostos a difundir o Evangelho em todos os lugares”
Papa Bento XVI