“As minhas ovelhas escutam a minha voz”
9 de maio de 2017Como podemos saber o caminho? (Jo 14,1-6)
12 de maio de 2017“Jesus disse bem alto:
— Quem crê em mim crê não somente em mim, mas também naquele que me enviou. Quem me vê vê também aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz para que quem crê em mim não fique na escuridão. Se alguém ouvir a minha mensagem e não a praticar, eu não o julgo. Pois eu vim para salvar o mundo e não para julgá-lo. Quem me rejeita e não aceita a minha mensagem já tem quem vai julgá-lo. As palavras que eu tenho dito serão o juiz dessa pessoa no último dia.
— Eu não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem me ordena o que devo dizer e anunciar. E eu sei que o seu mandamento dá a vida eterna. O que eu digo é justamente aquilo que o Pai me mandou dizer.”
O pedido de graça de hoje é a de falar a partir do Pai, com muito cuidado com quem Ele nos envia.
Na primeira parte desse Evangelho somos convidados a mergulhar na nossa relação com o Cristo. Por isso, o primeiro ponto que Jesus toca é a fé. “Quem crê em mim crê não somente em mim, mas também naquele que me enviou.”
– Como está a minha fé? Em quem creio? Como creio? Que implicações a fé traz na minha vida?
Existe a fé “acreditar” e a fé “confiança”, que supõe um abandono e uma obediência, ou seja, estar à escuta daquele em quem confio. Como é a minha escuta da voz de Deus no dia a dia? O ato de fé só pode ser dirigido a Deus. A entrega total do nosso coração e da nossa vida só pode ser dirigida ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, e nesse Deus Trindade, Comunhão de Amor, é que encontra sustento. Será que tenho colocado pessoas ou coisas (ou mesmo santos) no lugar de Deus na minha vida? Não viria daí a instabilidade que tantas vezes experimento?
Jesus identifica-se totalmente com o Pai. A fé dirigida a Ele é dirigida igualmente Àquele que o enviou. “Quem me vê vê também aquele que me enviou.” Convida-nos a entrar nessa comunhão. Minha relação com Deus tem crescido em calor e intimidade? Deus é alguém distante ou próximo no meu dia a dia? Com qual imagem de Deus eu me relaciono?
Como Jesus revela o Pai? Nesse Evangelho, Ele nos apresenta alguns pontos:
– Luz – “Eu vim ao mundo como luz para que quem crê em mim não fique na escuridão.”
– Salvador e não condenador – “Se alguém ouvir a minha mensagem e não a praticar, eu não o julgo. Pois eu vim para salvar o mundo e não para julgá-lo.”
– Doador da Vida plena – “E eu sei que o seu mandamento dá a vida eterna.”
Em que esses aspectos me tocam? Em que questionam minhas imagens de Deus ou me levam além na relação com Ele?
Na segunda parte do Evangelho, Jesus se coloca como o Enviado do Pai e nos ajuda a olhar também para nosso papel como enviados. “Eu não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem me ordena o que devo dizer e anunciar.” Jesus busca uma conexão profunda com o Pai e, a partir dele, fala. É muito delicado nosso papel na vida das pessoas! Como amigos, como filhos, como pais, como colegas, como líderes influenciamos, e nossa palavra gera consequências, efeitos positivos ou negativos. Como catequistas, agentes de pastoral, pastores ou testemunhas e profetas, pessoas a quem se pede conselhos ou que se reconhece que falam a partir da sua fé, mais delicado ainda esse falar se torna! Com que cuidado proferimos uma palavra ao outro ou sobre a vida do outro? Essa palavra vem do Pai ou vem de nós mesmos? Olhar para Jesus em nossa oração, contemplá-lo e perguntar a Ele como fazia, como buscava essa Palavra do Pai que deveria ser dita, como a discernia. O critério último Ele mesmo nos apresenta aqui: o que vem do Pai dá vida, e vida eterna, vida em abundância. Não necessariamente o que é doce vem do Pai. Não necessariamente o que é severo vem do Pai. Vem dele o que dá a Sua vida.
Peçamos ao Espírito que nos ajude em nossa oração e missão, e que nos leve à conexão com Jesus e com o Pai, para viver bem os delicados discernimentos.
Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei