“O sábado foi feito para servir as pessoas”
16 de janeiro de 2018Vem para o meio (Mc 3, 1-6)
18 de janeiro de 2018Evangelho: Marcos 3, 1-6
“Jesus foi outra vez à sinagoga. Estava ali um homem que tinha uma das mãos aleijada. Estavam também na sinagoga algumas pessoas que queriam acusar Jesus de desobedecer à Lei; por isso ficaram espiando Jesus com atenção para ver se ele ia curar o homem no sábado. Ele disse para o homem:
— Venha cá!
E perguntou aos outros:
— O que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?
Ninguém respondeu nada. Então Jesus olhou zangado e triste para eles porque não queriam entender. E disse para o homem:
— Estenda a mão!
O homem estendeu a mão, e ela sarou. Logo depois os fariseus saíram dali e, junto com as pessoas do partido de Herodes, começaram a fazer planos para matar Jesus.”
Reflexão:
Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor que transforme o nosso coração, tirando as suas durezas.
Neste trecho do Evangelho de Marcos, vemos, por um lado, Jesus, que não tira a Lei, mas mostra a sua essência; e, por outro, pessoas que, apegadas a ela, na verdade não a vivem, porque “não querem entender”. No meio, um homem que recebe a ação concreta de Jesus e se torna símbolo do que o Seu projeto significa. Contemplar a cena, vivenciá-la; ver as pessoas, observar o que fazem, ouvir o que dizem, e perceber onde me encontro aí, o que eu digo e faço, o que sinto e o que Jesus me diz e quer fazer em mim.
Na sinagoga, no sábado, estava “um homem que tinha uma das mãos aleijada”, em outras traduções “mão seca”. A mão é sinal de tantas coisas! Com ela damos e também recebemos; abençoamos; fazemos carinho; realizamos muitos gestos e trabalhos; seguramos, sustentamos, apoiamos, nos comunicamos. Assim, a mão seca vai além da sua literalidade.
– Em que momentos experimentamos que secamos em alguma dessas “capacidades” executadas pelas mãos? Como nos sentimos nesses momentos?
Jesus “disse para o homem: — Venha cá!” Em outras traduções está: “Levanta-te e fica aqui no meio!” Jesus traz o homem para o centro dos olhares. O que Jesus vê? O que os que queriam acusá-lo veem? O homem, dali do meio, o que vê? E o que eu vejo?
Forçando um pouquinho mais, o Senhor pergunta: “O que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?” A primeira parte da pergunta nos soa mais condizente com a situação. A segunda parece tão exagerada! O que Jesus quer dizer com isso? Afinal, mão aleijada não é motivo de morte. Perguntar a ele a quem está de fato se referindo com essa pergunta, que morte é essa.
“Ninguém respondeu nada. Então Jesus olhou zangado e triste para eles porque não queriam entender.” OU: “Jesus olhou ao seu redor, cheios de ira e tristeza, porque eram duros de coração”. Não será que essa dureza de coração é que não permite acolher a vida verdadeira que Jesus traz? E será que não caímos também nós, seja no trabalho, na família ou na Igreja, em legalismos que atrapalham ou impedem o fluir da vida?
Jesus cura o homem que, em sua liberdade, obedece à Palavra do Senhor e estende a mão. Não consegue curar os fariseus e os partidários de Herodes que não querem entrar no caminho novo que Ele propõe. O Senhor respeita profundamente a liberdade humana, mesmo que cheio de tristeza diante de algumas escolhas que se faz. Perguntar-lhe:
– Senhor, como você vê minha vida hoje e as escolhas que tenho feito? Em que pontos deseja transformar a secura da minha mão e a dureza do meu coração? Como posso permitir?
Que Maria, sempre dócil, à Palavra, nos ajude a obedecer.
Tania Pulier, comunicadora social e teóloga, membro da Família Missionária Verbum Dei e da CVX Cardoner.