Por que tendes dúvidas no coração? (Lc 24,35-48)
24 de abril de 2014Nascidos para ver o Reino – João 3,1-8
28 de abril de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Entreguemo-nos ao Pai celestial para que implante em nós
seu enviado Jesus Cristo.
Demo-nos ao Espírito Santo para que nos possua e dirija,
e para que abra e disponha os corações dos ouvintes a acolher a divina Palavra.
Encomendemo-nos ao poder de intercessão da Santa Maria Virgem, dos anjos e dos santos, para alcançarmos estas graças.
São João Eudes
TEXTO BÍBLICO: Jo 20.19-31
Jesus aparece aos discípulos
(Mateus 28.16-20; Marcos 16.14-18; Lucas 24.36-49)
19Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
20Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor.
21Então Jesus disse de novo:
— Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
22Depois soprou sobre eles e disse:
— Recebam o Espírito Santo. 23Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Jesus e Tomé
24Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. 25Então os outros discípulos disseram a Tomé:
— Nós vimos o Senhor!
Ele respondeu:
— Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer!
26Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
27Em seguida disse a Tomé:
— Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!
28Então Tomé exclamou:
— Meu Senhor e meu Deus!
29— Você creu porque me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
30Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber
- Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Por que os discípulos se haviam reunido com as portas fechadas? Depois de saudar seus discípulos, o Senhor mostrou-lhes as mãos e o lado; em seguida soprou sobre eles e… que lhes disse? Quando os discípulos contaram a Tomé o que haviam visto, que condição ele impôs para acreditar neles? Jesus disse duas coisas a Tomé: quais foram?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste segundo domingo de Páscoa, depois do Evangelho do sepulcro vazio, a liturgia apresenta-nos os primeiros encontros de Jesus com seus discípulos.
Podemos subdividir o texto em três partes: o primeiro encontro de Jesus com seus discípulos, na tarde do domingo, sem que Tomé estivesse presente (vv. 19-25); em seguida, o segundo encontro, no domingo seguinte, estando Tomé presente (vv. 26-29); por fim, os vv. 30-31, que são a conclusão do evangelho.
O contexto em que começa a narração é de medo e de portas fechadas. É páscoa, mas os discípulos ainda não viram o Senhor. Nesta incerteza e obscuridade, o Senhor faz-se presente e dá-lhes sua paz. Não é simplesmente uma saudação, ou um desejo. Quando Jesus diz “Que a paz esteja com vocês!”, está-lhes dizendo: “Eu, que venci a morte com a ressurreição, trago-lhes o fruto de minha vitória, que é a paz”; “eu, que sou a paz, estou com vocês” (cf. Ef 2.14).
Ato contínuo, mostra-lhes as mãos para que vejam que é ele mesmo, Jesus, que foi crucificado, este que se apresenta diante deles. E sopra sobre eles o Espírito que os faz ministros da misericórdia e da reconciliação.
O fruto deste encontro é a alegria: “E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor” v. 20). A presença do Senhor muda o medo em alegria, e as portas fechadas em envio para anunciar.
Na segunda parte, narra-se o encontro de Jesus com seus discípulos no domingo seguinte. O autor está dizendo à sua comunidade que o Domingo, dia em que se celebrar a Eucaristia, é o dia do encontro com o Senhor. Desta vez Tomé está com eles, e aquele que havia duvidado do testemunho dos irmãos, agora é testemunha da presença do Senhor, que o chama e o convida a tocá-lo e a crer: “Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!” (v. 27).
Este episódio de Tomé tem uma importância singular, pois a comunidade à qual o autor escreve não conheceu pessoalmente Jesus, não o viu nem o tocou. Então podiam dizer: “Que sorte a daqueles que puderam ver e estar presentes com o Senhor naqueles tempos!” Este tipo de pensamento também pode aparecer entre nós, em nossas comunidades; portanto, este texto foi escrito tanto para eles quanto para nós. Por esta razão, Jesus conclui declarando que feliz não é Tomé, mas felizes são os que creem sem ter visto, ou seja nós, que nos aproximamos do Senhor na fé, e queremos caminhar por seus caminhos, mesmo que não o tenhamos visto.
A conclusão do evangelho, nos vv. 30-21, oferece a chave de interpretação de toda a bora: “31Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele”.
O evangelho é um caminho: quem o percorre, termina professando sua fé e sabendo que nessa fé tem a vida.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Recordemos algumas das palavras que o Santo Papa João Paulo II dirigiu aos jovens durante a X Jornada Mundial da Juventude, realizada em 1995, em Manila (Filipinas): sua reflexão continua oportuna e atual:
“Mas o encontro com o Senhor ressuscitado não reflete apenas um momento de alegria individual. É, antes, uma ocasião em que se manifesta em toda a sua amplitude o chamado que todo ser humano recebeu. Fortes na fé em Cristo ressuscitado, estamos todos convidados a abrir de par em par as portas da vida, sem medos nem titubeios, para acolher a Palavra, que é caminho, verdade e vida (cf. Jo 14.6), e proclamá-la corajosamente ao mundo inteiro. (…)
“Seu Evangelho deve fazer-se comunicação e missão. A vocação missionária compromete todo cristão e converte-se na essência mesma de todo testemunho de fé concreto e vital. Trata-se de uma missão que brota do projeto do Pai, desígnio de amor e de salvação que se realiza com a força do Espírito, sem o qual toda iniciativa apostólica de nossa parte está fadada ao fracasso. Precisamente para que seus discípulos possam realizar essa missão, Jesus diz-lhes: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20.22). Deste modo ele transmite à Igreja sua mesma missão salvífica, para que o mistério pascal continua a chegar a todo ser humano, em todo tempo, em qualquer região do planeta”.[1]
Agora perguntemo-nos:
Nosso encontro com Jesus através de sua Palavra nos faz perder o medo e sentir sua paz e sua coragem para anunciá-lo? Você sente a presença de Jesus Ressuscitado em meio à sua comunidade? Quando você recebe Jesus na Eucaristia, você está tocando o corpo de Cristo Ressuscitado: você crê isto verdadeiramente? O que lhe diz hoje Jesus Ressuscitado?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Vem, Senhor, fica conosco, e ainda que encontres fechada a porta
de nosso coração, por medo ou por infidelidade, entra mesmo assim.
Tua saudação de paz é bálsamo que dissolve nossos temores;
é dom que abre o caminho a novos horizontes.
Dilata os espaços estreitos de nosso coração. Reforça nossa frágil esperança
e dá-nos olhos penetrantes para descobrir nas feridas de teu coração
os siais de tua ressurreição gloriosa.
Com frequência, também nós somos incrédulos,
precisamos tocar e ver para podermos crer e confiar.
Faze que, iluminados por teu Espírito,
possamos ser contados entre os felizes que, sem terem visto, acreditaram.
Madre Ana Maria Cánopi e comunidade da Abadia Beneditina Mater Ecclesiae.[2]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, Filho de Deus, acreditei sem ver e te anunciei porque me enviaste.
Ajuda-me a ser discípulo cada vez melhor…
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Darei testemunho de minha fé, levando ideias para a Evangelização de outros jovens em minha comunidade.
“Como minha tarefa principal e única,
sou obrigado a tornar-me santo, custe o que custar”
Santo Padre João XXIII
[1]http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/youth/documents/hf_jp-ii_mes_21111993_ix-and-x-world-youth-day_sp.html
[2] Isola S. Giulio, en Giorgio Zevini, Pier Giordano Cabra (eds) Lectio Divina, IV, p.82