Quem se humilhar será exaltado
18 de março de 2014Criando laços de fraternidade (Lc 16,19-31)
20 de março de 2014“Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo.
A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”.
Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado. “
O texto diz muito pouco, ou melhor, praticamente nada, sobre as emoções, angústias, dúvidas e hesitações de José.
Contudo, acredito que ele deixa duas pistas importantes para nossa oração. A primeira é que José era justo, ou seja, um homem cheio de virtudes, e a segunda é que ele não tomou uma decisão precipitada.
Não podemos saber, pelo texto, se José discutiu com Maria a respeito de sua estranha gravidez, se questionou a possibilidade de estar sendo enganado, se desabafou com ela e com seus pais a sua decepção, e outras coisas mais que seriam perfeitamente cabíveis em uma situação como essa. Porém – fica claro -, José parou para pensar em uma saída honrosa dessa situação tão delicada.
Se José acabasse o noivado, denunciando a “traição” de Maria, ela, muito provavelmente, seria apedrejada, pois era esse o destino das mulheres adúlteras.
Neste ponto, a palavra nos chama a orar sobre nossas atitudes nas situações adversas, nos momentos de tensão, nos momentos em que vemos nossos planos e nossas certezas ruírem, quando tudo fica “de pernas para o ar”. Tragamos à memória situações como essa que nos tenham acontecido, ou, talvez, que estejam acontecendo agora. Peçamos nessa oração o dom da serenidade e de uma escuta atenta, a tranquilidade de não nos afetarmos demais, de tal forma que possamos perceber todos os detalhes e refletir primeiro, antes de assumirmos atitudes que possam colocar tudo a perder.
Lendo o desfecho, o momento do discernimento, “eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho…”, imagino que José passou algum tempo – sabe-se lá quanto tempo – em profunda oração, pedindo que Deus pudesse lhe indicar o melhor caminho.
Movido por sua fé, José precisou dar um salto. Essa, para mim, foi sua atitude mais admirável e é o que mais peço na minha oração.
Esse é o momento em que muitas vezes fraquejamos em nossa vida de fé. Exatamente quando ela nos pede uma resposta que vai além de nossa razão humana. Uma resposta que é dada somente pela voz que nos fala no mais profundo de nós mesmos, que normalmente ocorre após uma conversa muito particular e íntima com o nosso Paizinho querido.
Quantas vezes, nestes momentos, pensamos que estamos em delírio e desistimos de seguir o caminho que nos foi indicado?
José conseguiu superar a impossibilidade racional de uma gravidez sem contato físico, a terrível cobrança social de o homem não aceitar ser enganado pela mulher, o receio do que os outros iriam pensar e falar dele, enfim, ele conseguiu superar o julgamento que se faz pela aparência e, depois de confrontar tudo o que havia acontecido com tudo o que conhecia de Maria, com a ajuda do Espírito, aceitou ser o pai adotivo do Filho de Deus, dar a ele a proteção e o carinho necessários para seu nascimento e seu desenvolvimento.
Oremos com esta palavra, trazendo situações complicadas em que vivemos hoje. Peçamos, em nossa conversa íntima com nosso Paizinho querido, a luz que nos indique o caminho a seguir. Às vezes a resposta será estranha para a racionalidade de nossa vida, mas será clara para o coração, como um anjo do Senhor nos falando em sonho. Arrisquemos confiar nessa resposta. Há momentos em que é necessário algo completamente diferente, para que o novo possa surgir mudando o curso de nossa história.
Conhecendo o restante, sabendo de todas as adversidades pelas quais a Família Sagrada passou e que José não “roeu a corda”, peçamos também para o Espírito Santo nos dar o dom da fortaleza, o qual nos sustentará e nos fará perseverar, com alegria, no caminho que nosso discernimento apontar.
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG