Jesus é a luz (Mt 9,27-31)
4 de dezembro de 2015O seu não ao Amor não prevalecerá!
7 de dezembro de 2015PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, aqui estou,
sentado à porta de minha tenda,
descansando do trabalho duro,
tentando sentir tua brisa,
acalmando meu corpo e meu espírito,
lembrando tantas idas e vindas…
Acolherei tua Palavra,
como palavra geradora de vida,
mesmo que outros zombem dela
e de tuas promessas.
Aqui estou, Senhor…
Não passes ao largo, sem deter-te.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 3.1-6
A mensagem de João Batista
Mateus 3.1-12; Marcos 1.1-8; João 1.19-28
1Fazia quinze anos que Tibério era o Imperador romano. Nesse tempo Pôncio Pilatos era o governador da Judeia, Herodes governava a Galileia, o seu irmão Filipe governava a região da Itureia e Traconites, e Lisânias era o governador de Abilene. 2E Anás e Caifás eram os Grandes Sacerdotes. Foi nesse tempo que a mensagem de Deus foi dada, no deserto, a João, filho de Zacarias. 3E João atravessou toda a região do rio Jordão, anunciando esta mensagem:
— Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês.
4Isso aconteceu como o profeta Isaías tinha escrito no seu livro:
“Alguém está gritando no deserto:
Preparem o caminho para o Senhor passar!
Abram estradas retas para ele!
5Todos os vales serão aterrados,
e todos os morros e montes
serão aplanados.
Os caminhos tortos serão endireitados,
e as estradas esburacadas
serão consertadas.
6E todos verão a salvação que Deus dá.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Em que ano Tibério e Pilatos governavam? Quem falou a João no deserto? O que dizia João às pessoas? A que livro profético ele se refere? De acordo com o profeta, o que acontecerá com as colinas e com os caminhos?
Algumas pistas para compreender o texto:
Depois de o domingo passado nos ter apresentado com imagens apocalípticas a segunda vinda do Senhor, neste segundo domingo do Advento a liturgia enfoca a figura de João Batista, que prepara o caminho para a chegada de Jesus.
Pode-se organizar o texto em três partes: a primeira (vv.1-2a) situa os acontecimentos no tempo, nomeando desde o imperador Tibério até os sacerdotes que governavam naquele momento; a segunda (vv. 2b-3) apresenta João Batista com seu chamado à conversão; a terceira (vv. 4-6) confirma o que João realiza como cumprimento da profecia de Isaías.
A referência ao tempo e às personagens históricas é bastante importante, porque Deus realiza sua salvação (v. 6) na história concreta; Deus “tece” sua história de salvação em meio aos acontecimentos cotidianos e com as pessoas concretas. Tal como aconteceu no tempo de Tibério, Herodes, Lisânias, Anás e Caifás, assim também poderíamos continuar citando os nomes atuais nos quais o Senhor vai agindo e dando-nos sua vida.
Em seguida, aparece João Batista, que recebe a palavra do Senhor: “Foi nesse tempo que a mensagem de Deus foi dada, no deserto, a João” (v. 2). Esta palavra é que desencadeia o que João realiza. João está atento à palavra e a põe em prática. Neste caso, chama as pessoas à conversão. João batiza as pessoas em um rito que consistia em submergi-las na água, para simbolizar a conversão.
O texto conclui-se citando o profeta Isaías: “Isso aconteceu como o profeta Isaías tinha escrito no seu livro” (V. 4), o que indica a continuidade entre o que Deus prometia no Antigo Testamento e o que realizava naquele momento. Deus, o Deus da história, vai anunciando e realizando seu plano progressivamente, enquanto convida cada geração a aderir e a colaborar com seu plano, que é sempre um plano de salvação e de boa notícia.
A profecia de Isaías (vv. 4-6), que convida a preparar o caminho do Senhor, supõe a certeza de que o Senhor vem e, por isso, é preciso preparar-se. Esta certeza da vinda do Senhor é que dispõe os corações à conversão. O Senhor, em sua vinda, dá força, luz e alegria que movem todos a responder à sua presença que salva. Por isso, nos versículos subsequentes, vemos todo tipo de pessoas, até publicanos e soldados, a buscar a conversão, preparando o caminho do Senhor.
Nós também somos convidados a escutar a palavra, como João, e a reconhecer a alegria da proximidade do senhor, que nos convida a preparar-nos para o encontro, porque a salvação que ele traz alcançará todo o mundo (v. 6).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Novo convite surge deste Evangelho dominical: o Senhor chama-nos a cumprir a missão de João Batista. Devemos dizer às pessoas que nos rodeiam que o Advento é o momento em que devem preparar suas vidas para a chegada do Senhor; o Advento é estar atentos e vigilantes para permitir que ele more em nosso coração, para que comecemos com fé e esperança esse novo ano. Assim como João anunciou a chegada do Senhor, devemos fazer a mesma coisa: anunciar a chegada do Senhor, juntamente com as vantagens de levá-lo a sério em nossas vidas. Ano após ano, a Igreja oferece-nos a oportunidade de renovar a presença do Menino Jesus na vida de cada um. Nosso anúncio deve ser de esperança, de entusiasmo, porque o Senhor vem para salvar-nos e dar novos motivos para viver e esperar…
Em harmonia com este tempo, São João Paulo II disse: “A liturgia do Advento, repleta de evocações constantes da expectativa jubilosa do Messias, ajuda-nos a compreender plenamente o valor e o significado do mistério do Natal. Não se trata de comemorar apenas o acontecimento histórico, que se verificou há mais de dois mil anos numa pequena aldeia da Judeia. Ao contrário, é preciso compreender que toda a nossa vida deve ser um ‘advento’, uma expectativa vigilante da vinda definitiva de Cristo. Para predispor o nosso coração para receber o Senhor que, como dizemos no Credo, virá um dia para julgar os vivos e os mortos, devemos aprender a reconhecê-lo, Ele que está presente nos acontecimentos da existência quotidiana. Então o Advento é, por assim dizer, um treino intenso que nos orienta decisivamente para Aquele que já veio, que virá e que vem continuamente”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Como estou começando a viver o Advento? Tive a ocasião de ser como João Batista, na vida dos outros? Dou testemunho daquilo que faz a presença de Jesus em minha vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
QUERO SER COMO JOÃO, SENHOR!
E que te sirvas de mim para anunciar tua chegada,
e que me concedas a humildade para saber que não passo de um servo teu,
e que me faças ver os sinais de tua chegada.
QUERO SER COMO JOÃO, SENHOR!
E viver este momento como momento de graça,
viver minha vida como um chamado a doar-me pelos outros,
viver minha existência como um anúncio de esperança,
viver meus dias sabendo que Tu – cedo ou tarde – chegarás.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Com minha vida, Senhor, sigo sem medo e sorridente, anunciando tua chegada.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante o Advento, explico a meus amigos como espero o nascimento de Jesus, e compartilho com eles a esperança e a alegria que ele traz para minha vida.
“O anúncio do Evangelho é a expressão mais sublime do amor ao próximo”
(São Arnoldo Janssen)
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Audiência Geral de João Paulo II – Quarta-feira, 18 de dezembro de 2000 (http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/audiences/2002/documents/hf_jp-ii_aud_20021218.html)
[4] Extraído da oração Quero ser como João, Senhor, de Padre Javier Leoz (http://www.homiletica.org/PDF050/aahomiletica000795.pdf)