XI Domingo do Tempo Comum – Ano C
12 de junho de 2016Amar os inimigos (MT 5, 43 – 48)
14 de junho de 2016— Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho, dente por dente.” Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você para tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste.
Jesus, hoje você nos oferece palavras muito difíceis! Envie, pois, seu Espírito, para que possamos melhor compreendê-las e vivê-las no dia a dia de nosso tempo.
Não se vingar de quem nos faz mal me parece razoável, afinal, se não rompermos com o ciclo de ódio e violência, como poderemos aspirar a um mundo de paz? Mas como compreender que, além de não se vingar, também é necessário ir além e oferecer a outra face para nosso agressor bater também?
Procuro em sua vida, Senhor, algum fato que me faça compreender o que você nos quer dizer com essas palavras. Investigo sua paixão e morte, e a primeira coisa que compreendo é que, além de não se vingar, também é necessário perdoar.
Seu exemplo, no alto da cruz, pedindo ao Pai para perdoar aos que o crucificavam, é marcante. Contemplando-o, entendo que perdoar é uma necessidade pessoal. A paz que você veio oferecer à humanidade se fez em seu corpo.
Como seus seguidores, vemos que é necessário dar continuidade a essa experiência de amor, fazendo a paz acontecer no corpo de cada um de nós. De que outra forma a paz poderia, verdadeiramente, acontecer?
Não, não tem jeito. O Senhor sabe, já conversamos isso outras vezes. Quando não sou capaz de perdoar, alguma coisa fica remoendo, cutucando, e nunca me deixa em paz. Como é bom quando, depois de longas conversas com você, consigo perdoar a pessoa que me magoou. Mas dar a outra face, para apanhar de novo, ainda está difícil compreender.
Continuo procurando exemplos em sua vida. Lembro-me de quando um dos guardas do Templo lhe deu um tapa, porque não havia gostado de sua resposta. Você argumentou com ele: “Se eu disse alguma mentira, prove que menti! Mas, se eu falei a verdade, por que é que você está me batendo?” (Jo 18, 23). Nossa, acho essa sua atitude o máximo! Uma atitude ponderada e digna. Não ofende, mas não deixa de questionar a razão da barbárie. Já te pedi várias vezes para me ajudar a agir assim, mas é tão difícil! A primeira vontade que passa por mim é responder com a mesma brutalidade. Mas, justamente aqui, posso ver que o Senhor ofereceu a outra face, mesmo não virando o rosto para o outro tapa. Você ofereceu a ele a outra face da ação, um convite a pensar sobre sua atitude e agir de forma diferente.
Quando sou ofendido, na maioria das vezes fico tão revoltado que não consigo dar a outra face, não consigo mostrar ao meu agressor que existe um outro lado. Não consigo pensar em outra coisa, apenas me concentro na indignação pelo que estou sofrendo e não percebo a oportunidade de ajudar a quem me ofende, oferecendo-o um outro lado: a oportunidade de compreender melhor a situação e poder, assim, mudar sua atitude e evoluir.
Senhor, consigo agora perceber um caminho que preciso e quero buscar. Você sempre abre novos caminhos para nós! Sempre há alguma coisa nova para aprender e para começarmos de novo. Agradeço este tempo que passamos juntos. Como é bom poder contar com sua amizade e seu carinho! Depois desta conversa, sinto-me muito mais em paz. Sinto confiança para viver mais um dia na alegria que o Espírito Santo nos dá.
Continue caminhando conosco durante este dia, alertando-nos para não cairmos em tentação. Que saibamos, pela força que você nos dá, perdoar a quem nos ofende e, pela sabedoria que você nos inspira, dar a outra face a quem nos agride. Amém.
***
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte