A necessidade de vigiar (LC 21, 34 – 36)
2 de dezembro de 2017Confiança absoluta em Jesus
4 de dezembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo, e unge-me.
Derrama-te com força e dá-me a vida nova.
Desperta em mim a alegria.
Converte-me e converte minha comunidade.
Sê a luz que me impulsiona para o testemunho crível.
Vem, Espírito Santo, durante este advento, para que eu possa crer
e anunciar que a Palavra se faz carne e habita entre nós.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 13.33-37
O dia e a hora
Mateus 24.36-44
32E Jesus terminou, dizendo:
— Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai. 33Vigiem e fiquem alertas, pois vocês não sabem quando chegará a hora. 34Será como um homem que sai de casa e viaja para longe; mas, antes de ir, dá ordens, distribui o trabalho entre os empregados e manda o porteiro ficar de vigia. 35Então vigiem, pois vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; se será à tarde, ou à meia-noite, ou de madrugada, ou de manhã. 36Se ele chegar de repente, que não encontre vocês dormindo! 37O que eu lhes digo, digo a todos: fiquem vigiando!
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
- · Em que contexto Jesus disse isso a seus discípulos? (cf. Mc 13.1-4)
- · Jesus disse quando será o fim do mundo?
- · Como chegará o Filho do Homem no momento do juízo final?
- · Que atitude Jesus nos pede com insistência para esse momento final?
- · O que significa estar adormecido e o que significa estar acordado ou alerta?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
No início deste capítulo 13 do evangelho segundo Marcos, Jesus faz referência à destruição do Templo de Jerusalém. Em torno deste anúncio, dá-se um ensinamento de Jesus a seus discípulos sobre o tempo e o momento final. Contudo, a respeito de quando virá o fim do mundo, o evangelho é claro: não nos foi revelado, não o sabemos. Por isso, a recomendação é a de uma atitude prática: estar prevenidos, atentos, alertas, vigilantes.
O texto começa (13,33) e termina (13.37) com um chamado de Jesus à vigilância, a estar alertas, a estar prevenidos e despertos. E o mesmo chamado se repete no meio do texto (13.35). Jesus compara a situação do cristão neste mundo à de um porteiro que deve estar atento à chegada de seu senhor. Justamente o nó da parábola do porteiro (13.34-36) é a chegada imprevista de seu senhor, o que obriga o porteiro a permanecer acordado, em vigília, esperando sua chegada. Em Marcos, esta atitude é a que Jesus pede a seus discípulos no Getsêmani: que permaneçam em vigília, orando juntamente com ele (14.34,37). O contrário desta atitude vigilante é estar dormindo, como o indica este mesmo evangelho ao final do texto de hoje.
Desta perspectiva, é bom que não saibamos nem o dia nem a hora do momento final. De fato, não se indica a hora porque todas as horas são boas para abrir-se ao evangelho de modo que comprometa a existência. Jesus deseja vitalizar uma comunidade para que não esteja obcecada pelo desejo de conhecer o final, mas que se preocupe com viver e discernir os tempos e momentos em escuta e obediência. E isto à espera do último encontro que nos introduzirá definitivamente no Reino. Certamente é uma espera contínua e intensa, mas não ansiosa nem temerosa, mas transbordante de confiança.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho revela e ilumina uma dimensão essencial de nossa vida: a relação com o tempo. Com efeito, nossa vida “corre” em um presente, mas condicionada por nosso passado e também pelo horizonte desconhecido do futuro. Justamente neste primeiro domingo do advento, elevamos nosso olhar para o futuro a fim de considerar a última e definitiva vinda de Jesus. Erguemos os olhos para o futuro para tomarmos consciência de que o melhor vem do além, porque vem de Deus; ou dizendo melhor, porque Deus vem a nós. O presente pode ser dramático, mas é preciso que estejamos sempre atentos e abertos para o que vem, para o que Deus nos tem preparado. Por isso, o reiterado pedido de Jesus no evangelho de hoje: estejam prevenidos, acordados, vigilantes, atentos ao futuro. Ou o que dá no mesmo: que a Esperança esteja viva ou que vivamos na Esperança.
A atitude de vigilância que o evangelho de hoje nos pede com insistência, e que a liturgia do advento reforça, tem sempre vigência na vida do cristão. Para nós, hoje, “a vigilância converte-se em uma atitude sensatamente equilibrada, capaz de evitar um duplo obstáculo: o de um fanatismo incontrolado, que pretende fantasiar sobre o futuro, e o de uma irresponsável falta de compromisso com a construção de um mundo melhor”.
Muito ligado ao tema da esperança e da vigilância está o do desejo, pois esperamos com atenção o que desejamos. Assim, o desejo da vinda do Senhor é o que alimenta nossa esperança e nos mantém despertos, vigilantes, expectantes em relação à sua vinda. Por isso, seria um bom exercício para o advento perguntar-nos por nosso desejo de Deus como nossa plenitude, nossa alegria, nossa felicidade, nossa realização, nosso todo e para sempre.
O advento é o tempo que nos é dado para que aprendamos a esperar, para que aprendamos a viver esperando, para que não pretendamos obter imediatamente o que queremos, mesmo que se trate de Deus e da visão de seu rosto; é o tempo do intervalo, da capacidade de fazer uma pausa, uma espécie de suspensão de nossas reclamações e da pretensão de obter imediatamente o desejado.
O Papa Francisco ilumina-nos com estas palavras dirigidas aos jovens: “Pergunto a vocês: querem ser jovens adormecidos, pasmados, entontecidos? Querem ser livres? Querem estar vigilantes? Querem lutar pelo próprio futuro? (…). Queridos jovens, não viemos ao mundo para «vegetar», para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca. Mas, quando escolhemos a comodidade, confundindo felicidade com consumo, então o preço que pagamos é muito, mas muito caro: perdemos a liberdade”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
- · Quais são meus desejos e expectativas para o futuro? O que espero da vida?
- · Creio que a felicidade se recebe, mas que se conquista e que vem de Deus?
- · Aceito que neste mundo o perfeito não existe, mas sim, no mundo vindouro?
- · Estou dormindo ou atento, vigilante às vindas de Deus à minha vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Obrigado por tua paciência, Jesus.
Confio que virás, mesmo que a vigília seja longa.
Que não adormeça diante de meus irmãos.
Deixo de lado minhas queixas e comodidades: desperta-me!
Estás tão somente a um passo: rompe todos os meus esquemas.
São teus os meus desejos mais profundos.
Não passes longe, Senhor.
Aqui te espero.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, concede-me estar atento à tua vinda sem adormecer”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me a aproximar-me do sacramento da Reconciliação, respondendo ao chamado a cuidar de minha vida espiritual.
“Meu único desejo é amá-lo até o último suspiro de minha vida.”
São João Maria Vianney