A solidão de Deus
18 de maio de 2015“Assim como nós somos um”
20 de maio de 2015Leitura: João 17,1-11a
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: ‘Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste. Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste. Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. Já não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti’.
Oração:
Hoje Jesus interrompe a conversa com seus amigos e conversa com o Pai sobre eles. Posso, na oração, colocar-me como os discípulos, que ouvem o mestre orar, e, em silêncio, perguntar-me: que me comove?
Olhando para Jesus, que não poderá mais caminhar fisicamente com seus amigos, comer com eles, rir com eles… Olhando para minha vida, que terminará antes que eu tenha terminado de conhecê-Lo, antes de eu ter entendido sobre mim e sobre o mundo… Olhando para a vida dos que eu amo, que eu não terei sempre por perto… Comove-me isto na oração: “ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste”.
Jesus, ainda mais no fim de sua vida, entende a sede que o homem tem de vida e a precariedade do caminho da vida na Terra. Ele conta ao Pai que sua alegria e triunfo seria, então, dar vida sem fim aos homens, que o próprio Pai lhe confiou…
Jesus vai morrer daqui a algumas horas. Minha vida vai terminar antes de eu ter construído a vida que eu imagino. Todas as vidas, por muito que tenham sido, se vão deixando a impressão de que poderiam ter sido mais. A paz para essa incompletude está na vida eterna. Comove-me que Jesus não tenha pedido de mim uma grande imaginação para crer em algo que vem. Ele pede que eu confie em algo que já pode estar.
Afinal, a vida eterna é conhecer o Pai e o Filho. Conhecer. Não ouvir falar deles. Conhecê-los. Não celebrar cultos em honra deles. Conhecê-los. Não falar que eles querem isso ou aquilo. Conhecê-los.
Eu conheci minha família convivendo muito com seus membros. Eu tomei café com eles, dividi tarefas, compartilhei medos, discuti e também briguei. Eu conheci meus amigos em viagens, em lanches despretensiosos, em conversas, em momentos de dificuldade.
E eu fico querendo conhecer o Pai e conhecer o Filho, sentado com eles à mesa do café ou caminhando com eles pela calçada…
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, estudante de Direito na UFMG e membro da Família Verbum Dei de BH