Mateus 13, 16-17
26 de julho de 2018Joio e Trigo. (Mt 13, 24-30)
28 de julho de 2018— Então escutem e aprendam o que a parábola do semeador quer dizer. As pessoas que ouvem a mensagem do Reino, mas não a entendem, são como as sementes que foram semeadas na beira do caminho. O Maligno vem e tira o que foi semeado no coração delas. As sementes que foram semeadas onde havia muitas pedras são as pessoas que ouvem a mensagem e a aceitam logo com alegria, mas duram pouco porque não têm raiz. E, quando por causa da mensagem chegam os sofrimentos e as perseguições, elas logo abandonam a sua fé. Outras pessoas são parecidas com as sementes que foram semeadas no meio dos espinhos. Elas ouvem a mensagem, mas as preocupações deste mundo e a ilusão das riquezas sufocam a mensagem, e essas pessoas não produzem frutos. E as sementes que foram semeadas em terra boa são aquelas pessoas que ouvem, e entendem a mensagem, e produzem uma grande colheita: umas, cem; outras, sessenta; e ainda outras, trinta vezes mais do que foi semeado.
Neste momento de oração, aquietemos nossa mente e abramos nosso coração para que o Espírito Santo trabalhe em nós e produzamos bons frutos. Envie, Senhor, o seu Espírito!
No texto que lemos hoje, Jesus explica para seus discípulos, a pedido deles, a mensagem da parábola do semeador (Mt 13,3-8).
Imagino que a maioria das pessoas, assim como eu, ao ouvir essa explicação, sente muita vontade de ser como a terra boa e se tornar muito produtivo. Então, a pergunta que me vem é: o que é ser como a terra boa?
Senhor, eu entendo que ser como a terra boa é se comprometer com sua mensagem. Ao recebê-la, normalmente sinto-me desalojado da comodidade, da preguiça, do orgulho, do egoísmo e de tudo o mais que me entristece. Nela, percebo uma vida que se eterniza, porque não se consome a si mesma, pelo contrário, dá-se continuamente, gerando mais vida.
A ideia de compromisso espanta muitas pessoas. O matrimônio, por exemplo, é uma instituição muito questionada quanto aos compromissos que os noivos realizam diante do altar. É muito comum presenciarmos pessoas banalizando esses compromissos, afirmando a impossibilidade de realizá-los “até que a morte os separe”, afinal, tudo muda o tempo todo e não é possível assegurar que o “amor” será para sempre.
A ideia que se vende, e na qual pode estar nosso maior equívoco, é que somos livres, por isso, não podemos ficar “amarrados” a um compromisso eterno.
Ora, se há uma dificuldade enorme em se compromissar com pessoas que vemos/ouvimos/sentimos, como nos compromissar com alguém que não vemos/ouvimos/sentimos, não da forma física? Com alguém que é invisível e do qual não escutamos a voz de forma direta e perceptível?
Ocorre que fazemos ou não as coisas porque somos obrigados ou porque nos comprometemos com elas. Deus não nos obriga a nada, portanto resta-nos a liberdade de aceitar o compromisso ou não. A liberdade traz desafios enormes. Enquanto escravos, somos, de uma forma ou de outra, bem ou mal, mantidos pelos que nos escravizam, porém, a liberdade nos deixa, aparentemente, sozinhos.
Se olhamos para nossa vida ou para a vida das pessoas à nossa volta, percebemos a dificuldade que temos em manter nosso compromisso com o que sabemos ser o correto. Temos dificuldade de manter uma atividade física ou uma dieta que nos ajuda a ter um corpo saudável. Temos dificuldade de manter horários de estudo que ampliam nossa capacidade intelectual. Temos dificuldade de manter horários para arrumação da casa que nos auxiliam a ter um ambiente agradável onde nos sentimos bem. Temos dificuldade de manter horários desocupados para uma boa oração ou meditação que nos ajudam a ter um espírito forte e centrado. E, normalmente, o que dizemos para nós mesmos? Estou me sentindo muito “preso” a tantos horários e compromissos. Tudo isso pode parecer uma bobeira, mas, por certo, são elementos que demonstram nossa dificuldade com compromissos.
Penso que, hoje, podemos orar um pouco com esses questionamentos. O que fazer para manter o compromisso com a mensagem do Evangelho? Percebo minha vida se tornando mais plena, produzindo muitos frutos com minha experiência de oração e compromisso? O que tem faltado?
Entendo, Senhor, que hoje você nos mostrou como o Maligno pode nos dispersar do compromisso com sua mensagem. Isso acontece quando não temos paciência e abertura para prestar atenção e compreender o que você quer nos dizer, ou, ainda, quando compreendemos, mas não damos o tempo necessário para que se crie a raiz, quando consumimos todo o nosso tempo com diversas preocupações cotidianas e acabamos por nos esquecer de sua mensagem.
De todas essas coisas, Senhor, entendo que dar o tempo para que se crie a raiz seja a mais importante. Um tempo que não é formado só de espera, mas de oração, de introspecção e de esperança. Um tempo que permita que o meu ser seja preenchido pela mensagem, de tal forma que minha ação não seja um ato vazio de sentido, mas, pelo contrário, seja o próprio reflexo do que sou e um reflexo do que você é, já que você é presença em mim desde sempre. Para isso é preciso se dedicar à oração, a ficar a sós com você, deixando brotar intimidade.
Maria, mãezinha querida, você que via, escutava e guardava as coisas no coração, deixando que a raiz fosse criada, dê-nos sua mão e caminhe conosco, instruindo-nos nesse aprendizado, de um jeito cada vez mais íntimo. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte