A plenitude da Lei (Mateus 5, 17-19)
8 de junho de 2016Adultério no coração (Mt 5,27-32)
10 de junho de 2016“Eles continuam no mundo, mas eu não estou mais no mundo. Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei. Em favor deles eu me entrego completamente a ti. Faço isso para que, de fato, eles também sejam completamente teus.
– Não peço somente por eles, mas também em favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem deles. E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste. A natureza divina que tu me deste eu reparti com eles, a fim de que possam ser um, assim como tu e eu somos um. Eu estou unido com eles, e tu estás unido comigo, para que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo saiba que me enviaste e que amas os meus seguidores como também me amas.”
O trecho do Evangelho de hoje está na oração sacerdotal de Jesus. No Evangelho joanino ela é inserida às vésperas da entrega de Jesus e tem um clima de realização da missão e entrega nas mãos do Pai que o glorificará pelo Mistério Pascal, a morte e ressurreição. Neste trecho, Jesus pede por nós e fala da união conosco, entre nós e com o Pai. Vamos pedir ao Pai pelo Espírito a graça de orar a oração de Jesus, de entrar nela e deixar que fecunde a nossa.
“Eles continuam no mundo, mas eu não estou mais no mundo. Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade.” Jesus fez a sua travessia, nós a estamos fazendo. Ele pede ao Pai que nos consagre pela verdade, que a Sua Palavra, que é a verdade, nos faça de Deus. O que nos leva a dizer a alguém: “Sou teu?” O amor e a intimidade. A Palavra aqui não é algo que estudamos, mas uma relação com Alguém, tão profunda e íntima, que nos faz pertencer a Ele. Nossa fé é a relação pessoal com Jesus, que é a própria Palavra encarnada e, por Ele, no Espírito, com o Pai. Uma relação de Amante (o Pai) e amados (o Filho e nós, os filhos), pelo Amor (o Espírito). Nela nos sentimos conhecidos como nem nós mesmos nos conhecemos, como ninguém nos conhece, e igualmente amados. É a Palavra que nos revela quem verdadeiramente nós somos. Somos do Pai.
“Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei.” E é da relação de amor que nasce o envio. A missão não é um dever, uma obrigação, um compromisso duro, um trabalho. Ela é a consequência, o fruto natural da verdadeira oração, do encontro com o Senhor. Jesus, que vive na intimidade do Pai, é o Enviado. E nós, convidados a participar desta intimidade, somos enviados no Enviado. É assim que eu vivo a minha missão? Conversar com Jesus sobre isso, sabendo que Ele se adianta ao nosso caminhar com Sua entrega para que possamos viver este chamado. “Em favor deles eu me entrego completamente a ti. Faço isso para que, de fato, eles também sejam completamente teus.” O que essas palavras me inspiram pedir ou agradecer?
“Não peço somente por eles, mas também em favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem deles. E peço que todos sejam um.” Jesus acredita no nosso “sim” e conta com ele, já oferece ao Pai o nosso anúncio da Sua Palavra às outras pessoas. Anúncio esse que fazemos pela palavra e sobretudo pelo testemunho. E pede ao Pai pela nossa unidade. Não pela união, como um saco de batatas, mas pela unidade, como um purê de batatas. Olhando para o nosso mundo, as nossas famílias, comunidades, locais de trabalho, a unidade se apresenta como um grande desafio. Às vezes parece impossível. Por isso Jesus pede ao Pai, ao Deus dos impossíveis. Pede a Deus o que é de Deus, mas já oferecendo a nossa parte confiante de que a colocamos.
“E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.” Neste trecho, deixar que o pedido de Jesus nos inspire e mova. Mova em nós o desejo e a busca de estar unido ao Pai e a Ele, e unidos, todos nós, seus missionários, para que isto seja um grande testemunho que desperte a fé nos demais.
E o Evangelho finaliza de um jeito tão bonito que não há muitas palavras para expressar. O convite é mergulharmos. Ele afirma que já repartiu conosco Sua natureza divina. Que grande presente! Cremos nele? E pede mais uma vez que sejamos completamente unidos entre nós no amor recebido do Pai. Que em primeiro lugar recebamos tudo isso que Ele nos inspira, aprendendo a orar com Ele, abrindo mente e coração à grandeza que nos oferece. E, a partir do dom, vivenciemos a unidade que representa tanto o seu último pedido, seu último desejo, como compromisso de amor com Ele, na graça do Espírito.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.