Marcos 16,15-18
25 de janeiro de 2018Passemos para outra margem (Mc 4, 35-41)
27 de janeiro de 2018Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. Antes de os enviar, ele disse:
— A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!” Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
— Quando entrarem numa cidade e forem bem-recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: “O Reino de Deus chegou até vocês.”
Vem, Espírito Santo! Meu coração se abre e se alegra com a sua presença.
A leitura de hoje me fez compreender que ir em missão é aceitar trabalhar na colheita. Os campos já foram semeados, muitas sementes se transformaram, cresceram e estão produzindo frutos que precisam ser colhidos.
No início, achei um pouco enigmática sua mensagem, Jesus. Afinal, quais são os frutos a serem colhidos? Você pede para não levarmos nem mesmo bolsa, sacola ou sandálias. Que frutos colher, sem ter nenhuma ferramenta adequada para isso ou algum lugar para guardá-los?
Senhor, entendo que você mesmo é o Reino de Deus. Quando abrimos as portas do coração para recebê-lo, estamos abrindo as portas para o Reino de Deus chegar até nós e, prestando mais atenção, entendi que a missão é levar a paz e colher a paz. Entendo que a paz é o fruto. O missionário leva a paz, fruto de sua adesão ao Reino, e colhe a paz, fruto do amor de Deus recebido, acolhido e desenvolvido no interior de cada um.
Todos nós somos chamados para essa missão. Ela me parece muito urgente, tão urgente que você pede para não haver atrasos: “E não parem no caminho para cumprimentar ninguém”.
Achei muito curioso você dizer: “Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação”. Como seria isso? Em outras traduções, leio: “Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós”. Assim, o sentido me parece mais claro. Não posso dar a paz a quem não a deseja, contudo, não devo perder minha paz em razão de alguém que não a deseja.
Sabe, Senhor, essa parte da missão é muito difícil. Tenho muita dificuldade de permanecer em paz quando me confronto com pessoas que estão numa outra frequência. Sei que preciso compreender que a missão é trabalhar na colheita de algo que outro plantou e do qual outro cuidou para que crescesse. Às vezes, o que atrapalha é achar que todo trabalho é meu. Como é difícil alcançar e viver, no dia a dia, esse discernimento! Como é difícil ser, na prática, humilde o suficiente para compreender minha pequeniníssima participação na obra da salvação! Como sinto estreita a vereda que separa a verdadeira humildade daquela outra, que não passa de preguiça, de medo de se expor, de covardia de quem não quer se arriscar.
Por fim, quando ouço você nos dizendo “quando entrarem numa cidade e forem bem-recebidos, comam a comida que derem a vocês. Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: ‘O Reino de Deus chegou até vocês.’ “, compreendo que o Reino de Deus não é alguma coisa que só conheceremos para além desta vida. Ele se dá aqui, ou pelo menos, chega-nos ainda nesta vida. E é bonito perceber sua simplicidade. Ele chega no encontro, nos ambientes que recebem e acolhem a mensagem e o mensageiro, a missão e o missionário, ambientes em que se convive saboreando os frutos da colheita, da partilha da vida e dos bens. O Reino de Deus chega nesses ambientes onde quem recebe também dá e o que doa se liberta de suas doenças.
Obrigado, Senhor, porque hoje você veio nos visitar na pessoa de todos aqueles que nos trazem uma mensagem de paz. Amém!
***
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte