III Domingo do Tempo Comum – Ano A
22 de janeiro de 2017Fazer a vontade de Deus (Mc 3,31-35)
24 de janeiro de 2017Evangelho – Mc 3,22-30
2Alguns mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam:
— Ele está dominado por Belzebu, o chefe dos demônios. É Belzebu que dá poder a este homem para expulsar demônios.
23Então Jesus chamou todos e começou a ensiná-los por meio de parábolas. Ele dizia:
— Como é que Satanás pode expulsar a si mesmo? 24O país que se divide em grupos que lutam entre si certamente será destruído. 25Se uma família se divide, e as pessoas que fazem parte dela começam a lutar entre si, ela será destruída. 26Se o reino de Satanás se dividir em grupos, e esses grupos lutarem entre si, o reino não continuará a existir, mas será destruído.
27 — Ninguém pode entrar na casa de um homem forte e roubar os seus bens, sem primeiro amarrá-lo. Somente assim essa pessoa poderá levar o que ele tem em casa.
28 — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os pecados que as pessoas cometem ou as blasfêmias contra Deus poderão ser perdoados. 29Mas as blasfêmias contra o Espírito Santo nunca serão perdoadas porque a culpa desse pecado dura para sempre.
30Jesus falou assim porque diziam que ele estava dominado por um espírito mau.
Vinde Espírito Santo, e iluminai essa nova semana para que mantenhamos nossas ações em direção ao que nos une como família de Deus e saibamos vencer o que causa distanciamento entre nós.
Jesus usa, no evangelho de hoje, o raciocínio lógico para mostrar a incoerência dos mestres da Lei. Como eles poderiam acreditar que alguém, para se sobressair, colocasse em conflito o próprio sistema que o mantém vivo? Como acreditar que Satanás destruísse a si mesmo para se edificar? Para desfazer um paradoxo tão grande, só mesmo a justificativa de que alguém quisesse aliciar as pessoas à sua volta por meio de artifícios teatrais. Sabemos que isso existe, mas, até mesmo pela lógica, fica difícil supor que Jesus fosse uma farsa.
Como poderia alguém que, supostamente veio para causar o mal, fazer o bem com tamanha doação, amor e bondade como o Mestre? A teoria de que Jesus era a voz do mal simplesmente não se sustenta pela lógica da coerência que, por sua vez, faz com que se pense em unidade. Assim como há coerência entre quem somos e o que fazemos, também há o senso de necessidade de preservação da unidade à qual pertencemos. Por isso o exemplo do reino que, dividido, é destruído.
Nesse sentido, vale a pena parar e pensar um pouco sobre o que, em nossas ações pode ser causa de distanciamento nosso das pessoas que nos cercam, de nossa comunidade, de nossa família? Pensemos nisso e coloquemos isso diante do Espírito Santo para que ele nos instrua sobre a melhor maneira de evitarmos desuniões e trabalharmos para que o senso de unidade alimente nosso dia a dia.
O reino de Deus está edificado sobre a lógica da unidade. Não somos, cada um, uma ilha que viva isolada, mas precisamos estar o mais próximos uns dos outros para que possamos tornar esse Reino realidade ainda aqui na
Outro aspecto que nos chama a atenção no texto de hoje é a afirmação de Jesus de que a blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado sem perdão – justamente o que os mestres da Lei tinham acabado de fazer: apontar na ação divina uma ação demoníaca, ou seja, ele não só negaram a ação de Deus, como também desvirtuaram completamente o que Jesus vinha fazendo em nome do Pai.
Se pensarmos com calma, perceberemos que aqueles que acusavam injustamente Jesus é que, podendo estar dentro do Reino de Deus, estavam colocando-o em cisão. Chamados por Deus a fazer parte do Reino, os mestres da Lei estavam utilizando sua autoridade para desconstruir, a partir do questionamento das ações de Jesus, a unidade tão importante ao Reino.
A condenação da qual Jesus fala, na verdade, não é dada por Deus, mas pela própria pessoa quando ela nega aquilo que de mais importante nossa fé pode apresentar: a crença no Amor como lei de Deus. Ao dizer que Jesus agia em nome do mal, os mestres da lei estavam justamente fazendo isso.
Se pensarmos novamente pela lógica, perceberemos que se trata de uma autoexclusão. Não há como eu participar daquilo em que eu não acredito, daquilo com o que não compactuo. Quando nego a ação amorosa divina, sou eu mesmo que me afasto dos projetos de Deus. Não é necessário que Ele me exclua.
Por isso é muito importante alimentarmos nossa fé para sentirmos sempre o amor de Deus em Suas ações e nos fortalecermos para, assim como o homem forte do evangelho, quando vierem as dúvidas, as inseguranças, ou mesmo os momentos de sensação de abandono, estejamos fortes o suficiente para vencermos essas situações e continuarmos coerentes e coesos dentro do projeto de Deus em nossa vida.
Coloquemos, então, como nossa tarefa, ao longo da semana, o fortalecimento de nossa fé no Amor de Deus a partir de nossas orações e da observação de Suas ações em nossa vida.
Amém.
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte