Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles.
26 de junho de 2018Mateus 7,21-29
28 de junho de 2018Evangelho: Mateus 7, 15-20
“— Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os conhecerão pelo que eles fazem. Os espinheiros não dão uvas, e os pés de urtiga não dão figos. Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo. Portanto, vocês conhecerão os falsos profetas pelas coisas que eles fazem.”
Reflexão:
Na oração de hoje, peçamos ao Espírito a graça do discernimento.
Esta é mais uma passagem em que Jesus usa a palavra “cuidado”. Ousaria dizer que é uma das atitudes fundamentais no seguimento. Não se trata de viver com medo, mas atentos e discernindo o dia a dia, para o que é necessário rezar a vida, colocá-la a cada momento diante do Pai.
O ensinamento do Senhor hoje aponta para qual tido de cuidado? “Cuidado com os falsos profetas!” Profeta não é um adivinho, mas aquele que faz uma leitura da realidade, apontando nela a necessidade de transformação segundo os chamados de Deus, que sempre direcionam para mais vida, para um ser humano mais pleno. Os falsos profetas, então, não apontam nesta direção.
Qual é o perigo? A sua camuflagem. “Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens.” Se chegassem como são, lobos como lobos, seria apenas uma questão de escolha. No entanto, como parecem outra coisa, uma coisa muito boa e inofensiva, o risco de se iludir é grande. O que ou quem são esses que nos prometem uma vida melhor que não podem nos dar? Olhar junto com Jesus para onde você costuma se iludir. São tantas ofertas na nossa realidade de beleza, estética, amores, ensinamentos, filosofias, conforto, segurança… Além de, depois que se vai, não ser bem assim, ainda é um mais individual, que não gera mais vida ao redor, muito diferente do Reino de Deus. O custo é alto demais! Fazer um autoexame diante do Pai: em que costumo me enganar? Que tipo de promessa geralmente me pega?
Jesus dá um critério de discernimento, que é ver os frutos. “Vocês os conhecerão pelo que eles fazem.” Outra tradução mais clara coloca: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. É curioso ver como as comparações que o Senhor usa trazem sutilmente o mecanismo da ilusão. Afinal, uma videira não se parece com um espinheiro e uma urtiga não tem nada a ver com uma figueira. No fundo, no fundo, já dá pra ver antes. Mas Jesus sabe que muitas vezes estamos cegos, deslumbrados com as luzes dos vários apelos que atrapalham distinguir o que talvez fosse óbvio.
Se for assim, veja o fruto então, é o que Ele nos diz. “A árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas boas.” Um espinheiro nunca dará uma uva; uma urtiga nunca dará um figo. Ainda assim, quantas vezes a gente se enrola por muito tempo em relações pessoais, profissionais ou comerciais estéreis ou amargas, na expectativa de um fruto que não veio, não vem e não virá?
Que o Espírito nos fortaleça para ver bem, sentir direito o sabor e tomar posição coerente diante do que experimentamos. Que, sobretudo, nossa oração tenha a cada dia o sabor do amor de Deus, para não trocarmos o Seu caminho pelo que não sacia verdadeiramente.
Tania Pulier, esteticista da alma, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei