Quais valores nos guiam? (Mc 5, 1-20)
3 de fevereiro de 2014De onde vem a ação de Deus? (Mc 6, 1-6)
5 de fevereiro de 2014“Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, e pediu com insistência: ‘Minha filhinha está nas últimas. Vem e pðe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!’ Jesus então o acompanhou. Uma numerosa multidão o seguia e o comprimia.
Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com uma hemorragia; tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. Ela pensava: ‘Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada’. A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: ‘Quem tocou na minha roupa?’ Os discípulos disseram: ‘Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou’?’ Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caíu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. Ele lhe disse: ‘Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença’.
Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: ‘Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?’ Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: ‘Não tenhas medo. Basta ter fé!’ E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. Então, ele entrou e disse: ‘Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo’. Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem,
menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. Jesus pegou na mão da menina e disse: ‘Talitá cum’ – que quer dizer: ‘Menina, levanta-te!’ Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.”
A leitura da passagem de hoje me levou a contemplar a caminhada de Jairo, me coloquei no lugar dele. A aflição de seu coração ao perceber que a medicina já não podia curar sua filhinha. Ele era um dos chefes da sinagoga, portanto deveria ter recursos para utilizar o melhor que a medicina da época poderia oferecer, porém a menina estava muito próxima da morte. Ao saber que Jesus estava na praia, encheu-se de esperança e foi procurá-lo para pedir ajuda. Com a humildade própria de quem não vê nenhuma outra possibilidade “cai aos pés de Jesus” e “pede com insistência”. Que alegria quando percebe que conseguiu sensibilizar Jesus e Ele o acompanha. Mas a ida até sua casa estava muito lenta porque Jesus era comprimido pela multidão. Estava preocupado de não dar tempo. De repente Jesus pára e quer saber quem o tocou. A preocupação de Jairo aumenta mais, começa a perder a esperança, não vai dar tempo, sua filhinha está muito mal e Jesus está demorando muito nesta caminhada até sua casa. Não consegue nem se alegrar com a cura da hemorroísa, seu coração está apertado pela aflição, está pequeno para se contentar com a felicidade dos outros. Seu mundo desabou quando alguns parentes chegaram para comunicar que não era mais necessário “incomodar o mestre” porque sua filhinha havia morrido. Nada mais podia ser feito. Todo seu esforço, a chama de esperança em Jesus, nada foi suficiente para impedir a tragédia. Mas ouve de Jesus uma ordem quase impossível de ser atendida: “Não tenhas medo. Basta ter fé!”. Mas como? Como ainda acreditar que há possibilidade? Já vieram contar que minha filhinha morreu, como posso ainda acreditar que há possibilidade de se fazer alguma coisa? Contra a morte não há remédio! E praticamente nem percebeu Jesus ainda o acompanhando até sua casa.
Como é difícil para nós mantermos a fé quando tudo parece dar errado, quando percebemos que todo nosso esforço não foi suficiente. Difícil manter a esperança após pedirmos insistentemente a ajuda de Deus e percebermos que a situação pouco se altera. É mais fácil acreditar naqueles que decretam que tudo está perdido, que não tem mais jeito.
O Filho encarnou e Deus participa de nossa vida, nossas preces não deixam de ser atendidas, mas há uma cadência na atuação de Deus que nossa ciência não consegue compreender, não pertence a nossa sabedoria. Mesmo se tudo parece irremediavelmente perdido, chega o momento em que vemos o milagre acontecer e a vida e a alegria nos abraçar novamente, porque Ele está cuidando da nossa vida, apesar de, frequentemente, não conseguirmos perceber.
Contemplando a caminhada de Jairo, tão parecida com a nossa caminhada, o convite de hoje é este: “Não tenhas medo. Basta ter fé!”.
Que nossa mãe Maria, menina que não duvidou e se entregou ao projeto de Deus, nos ajude a perseverar na fé!
Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG