Nascimento do Amor
25 de dezembro de 2017Sentidos da fé abertos ao Amor
27 de dezembro de 2017Leitura: Mateus 10, 17-22
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
“Tenham cuidado, pois vocês serão presos, e levados ao tribunal, e serão chicoteados nas sinagogas. Por serem meus seguidores, vocês serão levados aos governadores e reis para serem julgados e falarão a eles e aos não judeus sobre o evangelho. Quando levarem vocês para serem julgados, não fiquem preocupados com o que deverão dizer ou como irão falar. Quando chegar o momento, Deus dará a vocês o que devem falar. Porque as palavras que disserem não serão de vocês mesmos, mas virão do Espírito do Pai de vocês, que fala por meio de vocês. Muitos entregarão os seus próprios irmãos para serem mortos, e os pais entregarão os filhos. Os filhos ficarão contra os pais e os matarão. Todos odiarão vocês por serem meus seguidores. Mas quem ficar firme até o fim será salvo“.
Oração:
Jesus advertiu seus amigos sobre o caminho que teriam pela frente se continuassem seus amigos. “Por serem meus seguidores”, disse Jesus. As consequências difíceis não são para todos que conheceram Jesus. Não são para todos que gostaram dele. Não são para todos que ouviram falar dele. Não são para todos que foram a ele para pedir cura e foram curados. O caminho árido é para quem o conheceu, gostou dele e se pôs a segui-lo. Porque são seus seguidores é que sofrem a perseguição. Assim, a dificuldade é, de alguma forma, evidência do seguimento… é uma pista de que se percorre o caminho com ele. Quem vive num mundo diverso do Reino e não sente desconforto não pode estar construindo o Reino. Quem vive no mundo e não sente o contraste com a vida que Jesus propõe não o conhece… pode tê-lo conhecido, mas não o segue. O seguimento provoca conflito. Olhemos para nossa vida à luz da oração e dessa fala de Jesus… “Por serem meus seguidores”.
O que é ser seguidor? Os evangelhos são todos uma revelação do que é o seguimento, mas um trecho do que Jesus nos diz hoje nos ajuda a entender um pouco sobre um dos aspectos do seguimento. Jesus disse aos seus amigos: “não fiquem preocupados com o que deverão dizer ou como irão falar. Quando chegar o momento, Deus dará a vocês o que devem falar“. Inicialmente, o conselho de Jesus parece irresponsável. De fato, quem não se informa e se forma não consegue encontrar respostas para as questões do mundo. É necessário tempo de reflexão e labuta interior para chegar às respostas para as perguntas que nossa vida e o mundo propõem. A fala de Jesus tem, portanto, conteúdo mais profundo. Ele não faz apologia ao despreparo e à falta de pensamento crítico ou de formação. Ele apenas lembra aos seus amigos algo muito importante: na vida de fé, para a construção do Reino, não somos suficientes. Não bastam nossos pensamentos, nossos paradigmas, nossas certezas, nossos raciocínios. Para vencer as dificuldades, temos de ofertar tudo de que somos capazes e, junto a isso, dar espaço para que Deus sopre seu pensamento, seus planos e seu amor.
“Porque as palavras que disserem não serão de vocês mesmos, mas virão do Espírito do Pai de vocês, que fala por meio de vocês“. Essa palavra de Jesus é um antídoto contra um veneno para o seguimento: a crença de que o que devemos dizer e fazer é baseado no que nós queremos, estabelecemos e inventamos. Quantas vezes a Igreja e seus membros erraram porque estavam impermeáveis à inspiração do Espírito? Quantas vezes a Igreja e seus membros – nós, todos os seus consagrados e leigos – não erramos, ainda hoje, porque pensamos que temos o condão de tornar divino o que é palavra nossa, pensamento nosso, raciocínio nosso, preconceito nosso? Não temos esse poder. Aquilo que professamos sem conversar com Deus não é Palavra d’Ele, mas invenção nossa. Palavra d’Ele é a que nos chega pela oração, pela caminhada com Ele, pela vida de intimidade com seu Amor. Quando Ele fala por meio de nós, como Jesus previu sobre seus amigos, somos seguidores de verdade, amigos de verdade. Quando falamos as palavras do Espírito, construímos em vez de destruir, unimos em vez de desunir, incluímos em vez de excluir.
Peçamos ao Espírito o dom de sermos seguidores cada dia mais abertos à sua inspiração. E peçamos a graça de sofrer as perseguições sempre com a lembrança de que essas dificuldades são sintomas da amizade com Deus.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte