De quem devo ser “o próximo”?
9 de outubro de 2017Senhor, ensina-nos a orar com o coração e com a vida!
11 de outubro de 2017Leitura: Lucas 10, 38-42
Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o recebeu na casa dela. Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava. Marta estava ocupada com todo o trabalho da casa. Então chegou perto de Jesus e perguntou:
— O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar.
Aí o Senhor respondeu:
— Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.
Oração:
Hoje, vamos rezar com Jesus num encontro d’Ele com seus amigos. Ele está na casa de Marta, Maria e Lázaro, que Ele adiante ressuscitará. Jesus conversa com Maria, uma das irmãs. A outra está na correria, possivelmente ocupada com a preparação de uma refeição – afinal, elas têm um convidado, e é muito provável que tenham vários outros, pois Jesus não caminha sozinho.
“O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar“. Quem de nós poderá julgar Marta? Ela está cansada, a trabalhar sozinha. Reclama o que a nossos olhos parece ser razoável: que sua irmã lhe ajude. No entanto, ela não lhe diz, mas diz a Jesus. Que Ele diga algo sobre a situação… No início da oração, podemos trazer à mente tudo o que hoje nos agita: um problema no trabalho, o cuidado de um(a) filho(a), uma questão familiar, meus estudos… tudo. Podemos ser sinceros com Jesus: “Hoje, estou cansado”… “Estou com mais tarefas do que me permite meu tempo”… “Acho que não conseguirei dar conta de tudo”… No início da oração, podemos ser Marta. É bonito reconhecer que Marta se agitava porque Jesus visitava sua casa. A vida de quem abre as portas para Deus e O recebe de verdade necessariamente se agita, pois Ele nos faz ter um olhar que se preocupa com o cuidado – o cuidado com as coisas; o cuidado com as pessoas. Deus, na vida, leva ao cuidado, e o cuidado requer prontidão e atitudes…
No evangelho, Jesus não realiza o que Marta queria. Certamente, não era insensível ao seu cansaço e sobrecarga. Ela quis que ele repartisse as tarefas, mas que diz Jesus?
“Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.“ Jesus parece sair pela tangente, mas o que faz é ir ao cerne. Ele poderia sim ter dito: “É verdade, Marta… Até agora, Maria apenas me ouviu e aí você tem tido de trabalhar sozinha… Bom, Maria, é melhor que você se levante e ajude sua irmã”. Jesus não é insensível a essas questões. Porém, se tivesse guiado assim a conversa, não teria chegado ao ponto ao qual desejava trazer Marta: “É necessário isso tudo? Tudo bem, são coisas importantes… mas será que o principal não está sendo deixado de lado por essas coisas todas? Você tem um convidado e é bom que lhe sirva um bom prato… mas, se isso impede a escuta, o olhar, a presença, o que deve ser priorizado?”
A resposta de Jesus a Marta é palavra d’Ele que nos interpela hoje e todos os dias: o que é necessário em minha vida? O que não pode faltar? O que é imprescindível? Na oração, devo responder a essas perguntas. Quando chegar às respostas, então devo me perguntar: estou cuidando do que é necessário? Estou cuidando daquilo que não pode faltar? Dou atenção ao que/a quem é imprescindível? Na caminhada de fé, permito que a Voz me chegue aos ouvidos e que o Olhar me veja e seja por mim visto?
Peçamos ao Espírito que nossas agitações não sejam ao redor do principal, como distração, mas em direção ao principal, como caminho. Quando Deus nos visitar, antes de lhe ofertar o que queremos fazer, aceitemos a oferta que Ele nos faz de sua Voz e seu Olhar… Aceitemos seu convite a que, no meio de tudo, tenhamos uns momentos sentados aos pés do Todo, como Maria.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte