Só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus. Mt 5, 20-26
10 de março de 2017II Domingo da Quaresma – Ano A
12 de março de 2017Leitura: Mateus 5, 43-48
Então Jesus disse:
— Vocês ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
Oração:
A Palavra realmente não passa. Ela é sempre viva e penetra no coração do homem e da mulher de cada tempo que se abre à escuta. Ali, ela é fecunda e o Reino floresce. Trindade, que frutos vocês querem com a minha vida hoje?
Quando Jesus proferiu as palavras que hoje nos chegam pelo evangelho, Ele estava no alto de um monte. Tinha olhado para as multidões e viu que precisava ensinar a essas pessoas. Vai para o alto e se senta… sua voz deve descer a todos e sua postura é de quem reina… um rei que distribui seu tesouro com aqueles que o seguem e que não trata essas pessoas como servos. Que fala esse rei? Que palavra ele deseja que seu povo entenda? Qual é o tesouro que ele entrega?
“Amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu”.
A frase de Jesus é bonita demais. Se refletirmos, o que Ele diz é que temos de nos tornar aquilo que já somos. “Para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu”. Que bom, já no início da oração, no início do dia, quando paro para rezar, ouvir que sou filho do Pai. E que intrigante: devo tornar-me filho? O Espírito me explica… a vida do cristão é sempre fazer o caminho de volta à Casa, ao abraço do Pai. Vivemos como um filho que esbanja e temos de voltar sempre. Nasci com a dignidade de filho e, por diversos motivos – sobre os quais o Pai não faz tanto caso -, afasto-me do Abraço. Ele me chama. O Amor que já senti me empurra de volta para Si. Eu volto. E aí me torno o filho que já sou.
Hoje Jesus me fala de uma das trilhas do caminho de volta: amar meu inimigo. Amar somente meu amigo é um forma de não ser filho. É uma forma de viver longe do Abraço. Mesmo quando amo, não quer dizer que estou em Casa, pois não posso amar só meus amigos. Que forte! “Porque esperam que Deus lhes dê alguma recompensa?” Por que você espera sentir-se amado como filho se você não quer viver como filho?
É comum que se diga sobre os filhos: “é a cara do pai!” Ou: “nossa, cara de um, focinho do outro!” Que alegria sentiremos quando se puder dizer isso sobre nós em relação ao Pai do céu… E Jesus dá a dica para chegar lá: “Ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal”.
Quem é o meu inimigo? Nem sempre é mau. É todo aquele que me apresenta dificuldades na hora de amar. No tempo de Jesus, eram inimigos do povo os outros povos, os crentes em outros deuses, os pecadores… eram inimigos todos os que não se colocavam com facilidade no grupo do que seria considerado o povo eleito. Jesus fala: é somente se amarem essas pessoas que vocês serão filhos do Pai.
Com a ajuda do Espírito, investiguemos nossa mente e coração: quem é que eu não amo? Quem é que eu excluo? Quem é que eu acho que Deus não ama? Quem é que eu preferiria ver sempre longe? Quem é que oferece dificuldades à minha vida de fé? Quem é que eu não suporto? Tragamos essas pessoas ou esses grupos de pessoas para a oração. Vejamos que o Pai as olha com amor e só pode ficar feliz quando, também para elas, somos imagem do amor d´Ele. Se olharmos com mais delonga para o amor do olhar do Pai para elas, quem sabe não conseguiremos também amar? No início, é desconcertante, mas, com o tempo, vemos que o amor universal nos liberta e torna mais leves, como o Pai é livre para amar.
Que o amor da Trindade por toda a humanidade, CADA PESSOA, nos inspire e nos torne cada dia mais filhos de verdade desse Amor.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte