Vocês ouviram o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuvas tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que é também amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim.
A oração de hoje nos convida a refletir sobre os nossos relacionamentos, a profundidade e o limite do amor ao próximo… Em um contexto onde a lei era exercida por pessoas legalistas, onde imperava a teoria da discriminação aos diferentes, Jesus propõe um novo paradigma; aparentemente difícil, ou dependendo do ponto de vista até mesmo impossível, amar o inimigo… Ele coloca o amor como algo indispensável! Ele afirma que amar os que nos agrada é fácil, mas às vezes sem beneficio; para que haja beneficio nos relacionamentos é preciso estar dispostos a encarar as dificuldades, e as incompreensões, esses são os momentos oportunos, fecundos, onde testemunhamos o nosso maior valor: aqueles visíveis muitas vezes são também corruptíveis; às vezes invisível, mas promotor da vida…
Quando em nossos relacionamentos não buscarmos promover a nós mesmos em detrimento dos outros, certamente promoveremos vida aos outros… Jesus pede: “orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu”. A oração nos coloca em sintonia com o Pai, muda o nosso ”foco”, nossa maneira de pensar, rezar pode não mudar um situação concreta num determinado instante, mas nos torna melhores, mais flexível, positivo, aumenta, alarga, dilata o nosso coração capacitando-nos a aceitar, conviver para alcançar não um objetivo qualquer individual, egoísta, mas que nos leve ao bem comum, ao encontro pessoal com o sagrado coração de Jesus…
O encontro com ele afasta de nós os desencontros, nos abre os olhos para compreender a mensagem que nos traz os nossos relacionamentos, nos dá discernimento e compreensão, mesmo que a situação não nos seja favorável teremos força, atitude, humildade e coragem para deixar que o plano de Deus se realize na nossa vida… Na medida em que nos abrimos sem preconceitos, vamos proporcionando abertura a outros, ao passo que se nos fecharmos no preconceito proporcionamos fechamento e limitação a outros; fomos criados para a liberdade que é o bem maior dos filhos de Deus…
E na liberdade temos que encontrar a nossa semelhança de filhos Deus, em nós, e em nosso próximo, independentemente de quem seja, em todo e qualquer relacionamento devemos sempre nos perguntar: qual é o espirito que me move? Como anda a minha capacidade de perdoar? Para amar precisamos sempre perdoar! São Paulo também nos ensina em sua carta aos Romanos (Rom 12, 20 -21) “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
Peçamos ao Espirito Santo que nos ilumine e nos ensine a amar, a praticar a justiça de Deus e não a nossa, hoje e sempre. Amém.
Agostinho Augusto – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte MG.