Quanto mais o Pai dará (Lucas 11,5-13)
8 de outubro de 2015A verdadeira felicidade ( Lucas 11,27-28)
10 de outubro de 2015“Alguns disseram:
— É Belzebu, o chefe dos demônios, que dá poder a este homem para expulsar demônios.
Outros, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, pediam que ele fizesse um milagre para mostrar que o seu poder vinha de Deus. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse:
— O país que se divide em grupos que lutam entre si certamente será destruído; a família que se divide em grupos que lutam entre si também será destruída. Se o reino de Satanás tem grupos que lutam entre si, como continuará a existir? Vocês dizem que é Belzebu que me dá poder para expulsar demônios. Mas, se é assim, quem dá aos seguidores de vocês o poder para expulsar demônios? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente enganados. Na verdade é pelo poder de Deus que eu expulso demônios, e isso prova que o Reino de Deus já chegou até vocês.
— Quando um homem forte e bem armado guarda a sua própria casa, tudo o que ele tem está seguro. Mas, quando um homem mais forte o ataca e vence, leva todas as armas em que o outro confiava e reparte tudo o que tomou dele.
— Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando.
Jesus continuou:
— Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra. Então diz: “Vou voltar para a minha casa, de onde saí.” Aí volta e encontra a casa varrida e arrumada. Depois sai e vai buscar outros sete espíritos piores ainda, e todos ficam morando ali. Assim a situação daquela pessoa fica pior do que antes.”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor a graça de ser pessoas que se unem a Ele, somam forças ao Reino, com vidas integradas, que ajuntam, não que dispersam.
Dizia-se muitas coisas de Jesus, umas numa direção: “Ele faz tudo muito bem, faz os cegos ouvirem e os mudos falarem”, outras como a deste Evangelho: “É Belzebu, o chefe dos demônios, que dá poder a este homem”. Também o colocavam à prova, pedindo que mostrasse a origem do seu poder. Mais do que Ele já estava revelando?
Mostrar é diferente de revelar. O primeiro é um exibicionismo que nunca saciará, sempre se pedirá mais, que se prove mais alguma coisa. O segundo supõe a fé, a acolhida confiante no coração, que não pedirá mais provas, porque experimenta e sabe como que por uma intuição que não engana de onde vem e o que significa.
Os que não aderiram a Jesus com a resposta de fé ficaram como este país dividido que Ele cita como exemplo: com grupos que lutam entre si. Nunca está com as forças totais e concentradas. São as divisões interiores às quais a falta de fé, a pouca fé nos leva. Não estamos nem aqui nem ali, não nos definimos.
Não se trata aqui de não poder questionar. Aliás, nada como uma fé crítica e questionadora, aberta aos sinais dos tempos, capaz de dialogar com as várias correntes, acolher as questões que as ciências e a vida social fazem á fé. Mas quem faz isso com o coração de crente, confiante, aberto à revelação, levará à própria oração estes questionamentos, e buscará em Deus resposta. O que provavelmente Ele devolverá com uma pergunta: “E a sua vida, como se torna resposta a esta questão?” Pois o Deus revelado por Jesus também é questionador, provocador, gerador de transformação.
Do que se trata aqui é muito mais de uma vida em cima do muro, que usa das críticas não para ir além, mas para se justificar e com isso ficar no mesmo lugar, manter o mesmo estado. Jesus se define: “É pelo poder de Deus que eu expulso demônios. O Reino de Deus já chegou a vocês.” Uma escolha precisa ser feita: acolher ou não o Reino, entrar ou não em sua dinâmica. Qual a minha escolha?
Diante desta escolha, Jesus afirma: “Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando.” Mais uma vez, Jesus não está falando de religião, mas de uma vida que se ajunta ao que Ele propõe, aos valores do Reino, ou de uma vida dividida, que vai em outras direções, dispersa. Como está a minha vida, Senhor? Em que ajunto? Em que espalho?
Não podemos achar nunca que estamos prontos, que já chegamos e não há mais a caminhar. Quando estamos em processo é que as tentações vêm com mais força. E quanto mais sutis são (Santo Inácio dizia: “O inimigo vem disfarçado de anjo de luz”), mais difíceis de reconhecer e enfrentar. Às vezes até um serviço na Igreja vem revestido de tentações de orgulho, vaidade, rivalidade…
Peçamos a Maria que nos ajude a fazer a caminhada da fé como ela, guardando no coração, unindo o disperso e ajuntando com Seu Filho.
Tania Pulier, comunicadora social – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner