“Ao descerem do monte, os discípulos perguntaram a Jesus:

 ‘Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?’

Jesus respondeu:

 ‘Elias vem e colocará tudo em ordem. Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles.’

Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.”

O tempo do Advento nos fala das duas vindas de Cristo: Ele veio – “veio para os seus e os seus não o receberam. Mas, aos que o receberam, lhes deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1) – e Ele virá. Na oração de hoje, vamos pedir a graça de viver bem o Advento, mergulhar neste mistério e nos preparar para celebrá-lo. O Evangelho nos ajuda.

Este trecho se passa após o episódio da transfiguração. Os discípulos vivenciaram com Jesus uma experiência que ainda não tinham condição de compreender, mas experimentaram sua Glória. Jesus conversava com Moisés e Elias, que representam, respectivamente, a Lei e os Profetas. Jesus, o Cristo, é a plenitude da Lei e das profecias, o cumprimento do Testamento, o Verbo de Deus encarnado. A partir dEle o cristão deve ler toda a Escritura, que se torna, então, figura do Cristo, como Elias neste trecho. “Elias já veio, mas eles não o reconheceram.” Como o Profeta foi perseguido, assim o Filho do Homem o foi. “Veio para os seus, mas os seus não o acolheram.”

Como está o preparo da nossa acolhida ao Senhor? O que estamos de fato preparando para o Natal? Que Natal desejamos vivenciar e que os nossos vivenciem? Como está nosso coração? É capaz de contagiar esperança, fé, amor, paz, alegria, o verdadeiro espírito natalino, mesmo para aqueles que não sabem o que é o Natal? E como está a nossa acolhida diária ao Senhor que se manifesta de tantas maneiras e através de tantas pessoas, constantemente? Ele tem batido à porta. Temos reconhecido e aberto?

O Senhor virá. E a figura de Elias no Evangelho também ajuda a refletir sobre esta segunda vinda. “Elias vem e colocará tudo em ordem.” Ele recapitulará todas as coisas em si e será tudo em todos. Ele trará a remissão, a libertação que ansiosamente esperamos, que a criação ansiosa espera através da manifestação dos filhos de Deus. Como está nossa esperança? Sabemos olhar as coisas contingentes como contingentes e, como diz a oração da Eucaristia, vivendo com sabedoria entre as coisas que passam, abraçar o que não passa? Como está nossa esperança? Sabemos (de sentir o sabor, experimentar) que o momento atual não é o definitivo, cremos que o amor vence o ódio e, crendo, contribuímos com ele?

Peçamos ao Senhor que nos dê a graça da acolhida a Ele e da esperança, e com o salmista oremos: “Senhor Deus de todo poder, faze-nos voltar; que a tua face se ilumine e seremos salvos.” (Sl 80, 20)

Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner