Sangue e água (Jo 19, 31-37)
12 de junho de 201511º Domingo do Tempo Comum – Ano B
14 de junho de 2015Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.
Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas.
Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.
Hoje celebramos o Imaculado Coração de Maria, e a leitura proposta me leva a contemplar o coração sem mácula, sem pecado, que bate no peito da mãe de Jesus.
Às vezes, somos tentados a imaginar que a santidade é uma condição em que as pessoas não erram, e que tudo o que fazem é perfeitamente correto. Que sabem tudo, resolvem tudo, enfim, são, praticamente, uma máquina. Muitas vezes, esquecemos que os santos também viveram todos os questionamentos, contradições, angústias e dúvidas comuns a todos nós.
Quando se trata de Maria, a mulher escolhida, preparada desde o seio materno para ser a mãe de Jesus, é comum imaginarmos uma supermulher. Contudo, o texto de hoje nos apresenta Maria de uma maneira muito semelhante a tantas outras mulheres que conhecemos. Ela e José se veem na mesma situação vivida por muitos casais comuns: o filho sumiu!
Maria diz para Jesus que ela e José ficaram angustiados com o seu desaparecimento. Angustiado é um estado em que a pessoa está cheia de preocupação, aflita, atormentada. Portanto, são sentimentos comuns aos que todos nós temos em situação semelhante. Quem já teve um filho sumido por algum tempo, sabe muito bem o que é isso.
Na cabeça de Maria, devem ter passado pensamentos como aqueles que temos normalmente: por que não olhei se Jesus estava mesmo na caravana? E se alguma coisa tiver acontecido com ele? Será que vamos encontrá-lo? Será que ele está com fome, com frio?
Então, ser imaculado não se trata de não experimentar essas fraquezas humanas. Não se trata de estar sempre certo, de não ter dúvidas.
Em minha contemplação do Imaculado Coração de Maria, percebo como ela está próxima de nós, percebo a confiança que podemos ter em confidenciar a ela todas as nossas angústias e o carinho com que ela intercede em nosso favor. Percebo um coração sempre pronto a nos acolher. Ela, que viveu essas situações tão comuns e corriqueiras de nossas vidas, está com seu coração aberto para rogar por nós junto à Trindade.
Maria, mãezinha querida, obrigado por caminhar conosco e nos auxiliar a seguir o caminho de seu filho, mantendo sempre, em seu imaculado coração, um cantinho gostoso para nos aconchegar nos momentos de nossas aflições. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte