Na barca de Jesus (Mt 8, 23-27)
1 de julho de 2014A dúvida que leva à fé (Jo 20, 24-29)
3 de julho de 2014Quando Jesus chegou à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho. Eles então gritaram: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”
Ora, a certa distância deles, estava pastando uma grande manada de porcos. Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”.
Jesus disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo para dentro do mar, afogando-se nas águas. Os homens que guardavam os porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles.
Ao iniciar minha oração, chama-me atenção que “ninguém podia passar por aquele caminho”.
Assim nos sentimos muitas vezes. Os caminhos parecem fechados para nós. São muitas barreiras. Às vezes de forma bruta nos fecham as possibilidades.
Penso nas pessoas que estão desabrigadas por causa das chuvas, tão intensas, no sul do país. Isso me toca profundamente, pois tenho um irmão morando lá e passando por isso. Penso nas pessoas que, em outros lugares, estão em apuros por causa de racionamento de água, como é o caso de Pará de Minas, minha cidade natal.
Tudo isso me parece com aqueles dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos.
Todas as práticas ilícitas, as falcatruas, a política instrumentalizada para o benefício de poucos, em detrimento do bem comum, são túmulos, onde se enterram as esperanças e a vida de milhões de pessoas. Passam as catástrofes, são prometidas mil e uma soluções para evitá-las no futuro, mas volta e meia percebemos que nada se faz de concreto.
Com a chegada de Jesus, há esperança de mudança. Para quem não podia passar pelo caminho, Jesus se apresenta. Ele próprio é o caminho.
Jesus é o caminho da solidariedade, do compromisso com a vida do outro, do cuidado com o bem comum, do carinho com o mais necessitado, do escutar o outro, da procura pelo entendimento, pela conciliação, enfim de tudo que possa contribuir para que Ele consiga o que prometeu a todos: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10b).
Para alcançar a vida para todos, inclusive para os “endemoniados”, que por ora nos impedem as passagens, há de se alterar muitas coisas e, certamente, mexer em interesses de muitas pessoas. Muita coisa que hoje se dá valor terá que ser “lançada ao mar”, ou seja, há de se alterar valores em nossas vidas, senão o caminho não se abrirá. Continuaremos não podendo passar por ele.
Penso que, hoje, o convite para a oração é nos colocarmos abertos ao Espírito e deixarmos que Ele nos vá mostrando em que posição estamos dentro desse contexto. Quanto tenho contribuído para manter os túmulos que alimentam os endemoniados, quanto tenho contribuído para abrir o caminho para muitos passarem e alcançarem a vida plena e, também, quanto tenho ficado apegado aos “porcos” que precisam ser atirados ao mar para possibilitar as mudanças que precisamos promover.
Percebo que o Espírito Santo é assim, Ele nos mostra onde estamos, sem nos condenar. Ele é suave e, ao mesmo tempo, firme, não nos deixa fraquejar. Nos ilumina e nos dá forças para conseguirmos seguir o caminho de Jesus. Basta-nos colocarmos diante dele sem querer esconder nossas fraquezas.
Vinde Espírito Santo, socorra-nos e nos ajude a abrir os caminhos que precisamos. Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG