Pão da vida, partilhado conosco! (Jo 6, 30-35)
2 de maio de 2017Jesus e o pão que sustenta para sempre (JO 6,44-51)
4 de maio de 2017“Jesus respondeu:
– Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim. Agora que vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. E desde agora vocês o conhecem e o têm visto.
Filipe disse a Jesus:
– Senhor, mostre-nos o Pai, e assim não precisaremos de mais nada.
Jesus respondeu:
– Faz tanto tempo que estou com vocês, Filipe, e você ainda não me conhece? Quem me vê, vê também o Pai. Por que é que você diz: ‘Mostre-nos o Pai’? Será que você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?
Então Jesus disse aos discípulos:
– O que eu digo a vocês, não digo em meu próprio nome; o Pai, que está em mim, é quem faz o seu trabalho. Creiam no que lhes digo: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Se vocês não creem por causa das minhas palavras, creiam pelo menos por causa das coisas que eu faço. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem crê em mim fará as coisas que eu faço e até maiores do que estas, pois eu vou para o meu Pai. E tudo o que vocês pedirem em meu nome eu farei, a fim de que o Filho revele a natureza gloriosa do Pai. Eu farei qualquer coisa que vocês me pedirem em meu nome.”
Hoje é a festa de São Filipe e São Tiago, apóstolos. Vamos pedir ao Pai a graça de receber um pouco das suas atitudes de abertura, simplicidade, profundidade e concretude, para a vivência da fé e do testemunho no nosso dia a dia.
Há alguns anos, vivenciei uma missão em Jequeri, interior de Minas, com um grupo de portugueses, e conheci o “seu” Laudelino. Tocamos numa casinha, que tinha dois degraus altos na frente, e sai um senhor, todo sorriso e cabelos cor de prata, pula um degrau e o outro e nos cumprimenta com um grande abraço de acolhida. Meu parceiro e eu apenas nos olhamos, enquanto éramos convidados a entrar na casa e ouvir a sua história. Um homem de 101 anos com muito pra contar e, na essência de todas aquelas experiências fáceis e difíceis, a alegria. Voltamos ainda outras vezes simplesmente para estar com ele – além de tê-lo encontrado na quermesse da Igreja dançando um forró –, porque sua companhia e sua sede nos abriam para a presença de Deus e o desejo de ser contagiados por aquela sabedoria que se manifestava no cotidiano.
Não podemos olhar para os santos como imagens milagrosas nos altares das Igrejas e – que alguns me desculpem – quase fetiches cheios de poderes mágicos. São pessoas comuns, como o “seu” Laudelino, cuja vida, cheia de buscas, certos e erros, tropeços e crescimento, nos contagiam o Deus amor e nos enchem de desejo de viver a experiência de encontro com Jesus no nosso tempo e nas nossas circunstâncias. Exemplos de quem de fato experimentou e vivenciou o que Jesus diz no Evangelho de hoje: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.” Chegaram ao Pai por Jesus, seguindo seus passos, deixando-se configurar com ele, tomar a sua figura de bom pastor, bom samaritano, amigo dos pecadores…
Indico-lhes um ótimo artigo, em que podem conhecer um pouco mais dos dois santos apóstolos de hoje (http://www.franciscanos.org.br/?p=59870). Para a nossa oração, cito alguns pontos. Filipe era discípulo de João Batista, um dois dois para quem João disse: “Eis o Cordeiro de Deus” e, a essas palavras, seguiu Jesus (Jo 1, 35-45). Uma sede enorme de encontrar o que realmente importa, o definitivo, o que basta, refletida inclusive no Evangelho de hoje, quando diz a Jesus: “Senhor, mostre-nos o Pai, e assim não precisaremos de mais nada.” Com a experiência do chamado de Jesus, Filipe chama Natanael (Bartolomeu) e lhe diz: “Achamos aquele a respeito de quem Moisés escreveu… É Jesus”. A experiência do Messias. Abertura e simplicidade são atitudes que aprendemos dele, tanto que os pagãos se sentiram à vontade para dele se aproximarem e pedirem para ver Jesus. No Evangelho ele expressa o seu desejo, e dá espaço para Jesus levar todos a mais – mesmo no que parece uma repreensão.
Tiago, chamado de Tiago menor para não confundirmos com o Tiago irmão de João, tinha um parentesco com Jesus, provavelmente eram primos. Os Evangelhos não falam muito dele, mas Paulo, em uma de suas cartas, o cita como alguém que fez a experiência do Senhor Ressuscitado (1 Cor 15,7). E que experiência, pois se tornou uma das colunas da Igreja, ao lado de Pedro e de João! Essa experiência deu a ele uma sabedoria que o fazia ajudar no discernimento e nas decisões das questões mais importantes para a comunidade, como a acolhida dos pagãos, a partir do testemunho de Paulo. Em sua carta, mostra que a fé se revela nas obras e nos deixa ensinamentos muito concretos para a vivência prática e social da fé. Nos ensina a concretude e o discernimento prático da fé, não a partir de uma lei de fora, mas de uma experiência profunda que se concretiza no dia a dia e gera liberdade.
Peçamos a Cristo a graça de ser contagiados por essas atitudes de São Filipe e São Tiago para buscá-lo com sede e segui-lo com a vida, que se efetiva nas relações com os irmãos.
Tania Pulier, jornalista e teóloga, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei