“Se alguém que ser o primeiro, deve servir a todos”
22 de maio de 2018A caridade em um copo d’água
24 de maio de 2018Evangelho: Mc 9,38-40
“João disse:
— Mestre, vimos um homem que expulsa demônios pelo poder do nome do senhor, mas nós o proibimos de fazer isso porque ele não é do nosso grupo.
Jesus respondeu:
— Não o proíbam, pois não há ninguém que faça milagres pelo poder do meu nome e logo depois seja capaz de falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós.”
Reflexão:
É impressionante como queremos controlar tudo e todos, como se isso nos coubesse e se tivéssemos poder para tal! Quando temos algum poder então – sendo líderes ou chefes, por exemplo –, a ilusão piora. Ora, nesses casos, no máximo compramos algumas horas de trabalho diário e podemos cobrar algum resultado, que geralmente é o mínimo, não chega aos pés do que a pessoa poderia dar se quisesse e tivesse um propósito que a motivasse (e que certamente não é o controle exercido sobre ela!) Não temos como “arrancar” a criatividade, a alegria, o entusiasmo, a entrega, a alma. Tudo isso pertence a outra esfera, à ordem do dom, da vida, da liberdade, sobre a qual não temos domínio algum. Podemos – e somos convidados a – participar; no entanto, isso não se dá na ilusão de poder e domínio.
Os discípulos no Evangelho queriam controlar o poder do nome de Jesus, quando o próprio Senhor permite que ele flua; e é de sua “natureza” fluir. Um dia eu passei numa grande avenida de Belo Horizonte e deparei-me com a placa de uma Igreja que indicava o horário diário da descida do Espírito Santo. Geeeeennteee!!!!! A que ponto se pode chegar!
Esses exageros podem nos fazer rir, mas, como no exemplo dos ambientes de trabalho, será que a ilusão de domínio, controle e poder não nos pega em várias esferas da vida? Na própria religião, muitas vezes achamos que o local de encontrar a Deus é no templo; que os santos são os canonizados (apenas); que a manifestação de Deus se dá no próprio grupinho ou denominação religiosa, no máximo em algumas “semelhantes”. Enquanto o próprio Jesus, em vez de fechar, abre: “Quem não é contra nós é por nós.”
Na oração de hoje, olhar com Jesus o que quero reter nas mãos, em que no dia a dia experimento e vivencio mais esse impulso de controle. Olhar para a prática religiosa, a vivência da fé, mas também para outras relações. Na primeira leitura (Tg 4,13-17), Paulo questiona os planos e cálculos que fazemos dando por certos, como se tivéssemos a vida nas mãos. Tem gente que já programou até 2020 e acredita mesmo que a vida seguirá o trilho planejado. Não contamos com o que é maior do que nós e nos escapa (nem na própria vida física, psíquica e espiritual, menos ainda nos outros e no mundo). E, se formos sinceros e realistas, quase tudo nos escapa!
Então como viver? Na base do “deixa a vida me levar”? Não! Jesus nos diz: “Não proíbam!” Ou seja, aprende a viver o que te ultrapassa, una-se ao movimento da vida em lugar de tentar retê-la nas mãos! E São Paulo acrescenta: “fazendo o bem que sabe fazer”. Sabendo que não sabemos tudo e abrindo-nos a aprender a cada dia com os outros e com a vida.
Peçamos ao Espírito, Vento que sopra dos quatro cantos trazendo o novo, que não nos fechemos à novidade que Ele traz como e onde quer.
Tania Pulier, esteticista da alma, membro da CVX Cardoner e da Família Missionária Verbum Dei