“Jerusalém, olhe em redor e veja o que está acontecendo! Os seus filhos estão voltando, eles estão chegando! Os seus filhos vêm de longe”
6 de janeiro de 2019“Cantem uma nova canção a Deus, o Senhor”
20 de janeiro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, sê meu companheiro neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, tira-me o que me impede de escutar Jesus.
Espírito Santo, concede-me a docilidade para tornar o evangelho vida.
Espírito Santo, move-me para que, junto com minha comunidade,
sejamos anunciadores da Boa Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 3.15-16,21-22
A mensagem de João Batista
Mateus 3.1-12; Marcos 1.1-8; João 1.19-28
15As esperanças do povo começaram a aumentar, e eles pensavam que talvez João fosse o Messias. 16Mas João disse a todos:
— Eu batizo vocês com água, mas está chegando alguém que é mais importante do que eu, e não mereço a honra de desamarrar as correias das sandálias dele. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo.
O batismo de Jesus
Mateus 3.13-17; Marcos 1.9-11
21Depois do batismo de todo aquele povo, Jesus também foi batizado. E, quando Jesus estava orando, o céu se abriu, 22e o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba sobre ele. E do céu veio uma voz, que disse:
— Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que semelhanças e que diferenças existem entre o batismo de João e o de Jesus, o Messias?
2. Como se define João em relação ao Messias que virá?
3. O que acontece quando Jesus se faz batizar?
4. De quem é a voz que se escuta e por que é tão importante o que diz?
5. Estão as três pessoas da Santíssima Trindade presentes na narrativa?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
O texto do evangelho que a liturgia da Palavra nos oferece apresenta dois parágrafos justapostos: o primeiro corresponde ao final da pregação de João Batista (3.15-16), e o segundo é propriamente a narração lucana do Batismo de Jesus (3.21-22).
Com relação aos primeiros versículos, podemos dizer que o final da pregação do Batista está claramente orientado para Jesus e busca diferençar e subordinar o batismo e a figura de João ao batismo cristão e à figura de Cristo (Messias). Sua finalidade é corrigir as expectativas errôneas das pessoas acerca do Messias, porquanto João declara abertamente que não é o Messias, e que este virá depois dele.
No que concerne à narrativa do batismo de Jesus, a descrição é bastante breve, o que indica que este fato não é o mais importante para Lucas, mas sim a teofania que o acompanha. Por este mesmo motivo, Lucas nem sequer menciona João Batista; apenas diz que “Depois do batismo de todo aquele povo, Jesus também foi batizado”.
Outra particularidade própria de Lucas é que a manifestação do Espírito se dá enquanto Jesus está orando; é quando, então, o “céu se abriu”. Este abrir-se ou rasgar-se dos céus poderia ser uma referência a Is 64.1: “Como gostaríamos que tu rasgasses os céus e descesses”. Desse modo, esta súplica do profeta para que Deus rompa seu silêncio e se manifeste vê seu cumprimento em Jesus. Também podemos ver aqui a realização do que foi dito por Is 61.1, de que o Messias seria o ungido pelo Espírito: “O Senhor me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu”. Ficam evidentes aqui a unção profética de Jesus e sua missão messiânica (cf. c 4.15-22).
O Espírito de Deus é visível claramente; Lucas, porém, especifica que aqui assumiu a “forma corporal” de uma pomba quando desce sobre Jesus. Não é fácil determinar a razão da imagem da pomba, mas certamente é frequente na Escritura (cf. Gn 1.2; 8.8; Is 38.14; Os 7.11; Sl 55.7). Entre todas as possíveis citações bíblicas, parece-nos importante a referência a Gn 1.2, onde se diz que o Espírito de Deus “adejava”. Daqui surgirá a relação simbólica do Espírito com uma ave.
A voz dos céus não pode ser outra senão a voz de Deus, do Pai. E a voz do Pai se dirige diretamente a Jesus, a quem reconhece como seu Filho amado: “Tu és o meu Filho querido e me dás muita alegria”. Costuma-
se reconhecer nesta expressão alusões ao Sl 2.7, com investidura real e messiânica (“Anunciarei o que o Senhor afirmou. O Senhor me disse: ‘Você é meu filho; hoje eu me tornei seu pai’”); e a Is 42.1, que fala do Servo sofredor como aquele que é amado e objeto de complacência por parte de Deus (“Aqui está o meu servo, a quem eu fortaleço, o meu escolhido, que dá muita alegria ao meu coração. Pus nele o meu Espírito, e ele anunciará a minha vontade a todos os povos”). A figura de Jesus se funde com a do Servo.
O título de filho Deus é um título messiânico segundo o oráculo de Natã (cf. 2Sm 7.14; Sl 2.7; 88.27-28). Contudo, a voz do céu, mais do que conferir uma missão, como no Sl 2.7, revela-nos a relação estável que une Jesus com Deus, seu Pai.
Em síntese, no batismo, o Pai revela-nos a identidade de Jesus como Filho de Deus; e com a menção do Espírito Santo que desce, é-nos oferecida também uma revelação do mistério do Deus Trindade.
O que o Senhor me diz no texto?
A festa do Batismo do Senhor encerra o tempo de Natal e, por isso, é preciso entendê-la e celebrá-la em continuação com a solenidade do nascimento de Jesus. Efetivamente, como disse o Papa Francisco, “celebrando o Natal, a fé confere-nos mais uma vez a certeza de que os céus se rasgaram com a vinda de Jesus. E no dia do batismo de Cristo ainda contemplamos os céus abertos. A manifestação do Filho de Deus na terra assinala o início do grande tempo da misericórdia, depois que o pecado tinha fechado os céus, elevando como que uma barreira entre o ser humano e o seu Criador. Com o nascimento de Jesus abrem-se os céus! Deus concede-nos em Cristo a garantia de um amor indestrutível. Portanto, desde que o Verbo se fez carne é possível ver os céus abertos. Foi possível para os pastores de Belém, para os Magos do Oriente, para João Batista, para os Apóstolos de Jesus, para santo Estêvão, o protomártir que exclamou: ‘Eis que contemplo os céus abertos!’ (At 7.56). E será possível também para cada um de nós, se nos deixarmos invadir pelo amor de Deus, que nos é concedido pela primeira vez mediante o Batismo, por meio do Espírito Santo. Deixemo-nos invadir pelo amor de Deus! Este é o grande tempo da misericórdia! Não o esqueçais: este é o grande tempo da misericórdia!” (Angelus, 12 de janeiro de 2014).
A teofania que se segue ao batismo nos conecta, de certo modo, com o próprio Mistério da Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo As Três pessoas divinas se fazem presentes aqui. A relação da pessoa de Jesus, como Filho, com o Pai e o Espírito é eterna, mas, a partir da Encarnação, entrou no tempo e se manifesta no tempo, incluindo-se agora a humanidade de Jesus. No Natal, junto ao Menino Jesus, víamos sua Mãe e São José, sua família humana. Hoje se nos revela sua Família Trinitária, o Pai e o Espírito em comunhão com o Filho feito homem em Jesus.
Jesus recebe aqui o Espírito Santo e a “declaração de amor” de seu Pai. Este é o princípio e o fundamento da vida de Jesus: saber-se amado pelo Pai, saber-se aprovado pelo Pai que nele se compraz. Aqui está o segredo da liberdade interior e afetiva de Jesus. Não sai mendigando amor porque já o tem. Não sai esmolando a aprovação dos homens porque já tem a aprovação do Pai. Jesus recebe o Amor pessoal de Deus, o Espírito Santo. É ungido pelo Espírito. Por isso, sua vida terá a liberdade concedida pelo Espírito Santo, que conduzirá sua missão neste mundo.
O dia do Batismo do Senhor convida-nos a recordar não apenas o batismo de Jesus, mas também nosso batismo. Nós, ao sermos batizados, recebemos a filiação adotiva pela qual o Pai nos ama como a filhos seus em seu Filho Jesus, e se compraz em nós como se comprouve nele. Trata-se da vida de filhos de Deus que nos foi transmitida no dia do Batismo, quando, “ao participar da morte e ressurreição de Cristo”, começou para nós “a aventura jubilosa e empolgante do discípulo” (Bento XVI, Homilia na festa do Batismo do Senhor, 10 de janeiro de 2010).
Nós também precisamos descobrir neste “sentir-nos amados e aprovados pelo Pai” o princípio e o fundamento de nossa vida e a fonte de nossa liberdade interior e afetiva. A este respeito, escreve H. Nouwen: “Tua verdadeira identidade é ser filho de Deus. Esta é a identidade que deves aceitar. Uma vez que a reivindicaste e te instalaste nela, podes viver em um mundo que te proporciona muita alegria e também muita dor. Podes receber elogios ou calúnias que chegam a ti como uma ocasião para fortalecer tua identidade fundamental, porque a identidade que te torna livre lançou sua âncora para além de todo elogio e de toda calúnia humana”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Tenho consciência viva de ser filho de Deus mediante meu batismo?
2. Ressoa em mim a declaração de amor paterno que Deus me fez em meu batismo?
3. Encontro no amor do Pai o princípio e fundamento de minha vida que me faz livre?
4. Procuro ser e viver em todo momento como filho de Deus?
5. Busco manifestar a outras pessoas a maravilha de sermos filhos amados por Deus?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por teu batismo.
Obrigado pela declaração de amor que recebemos.
Abre todo o meu ser a este amor.
Que eu possa dá-lo e dar-me a todos.
Eu também sou o predileto do Pai.
Purifica-me de querer parecer bem e buscar ser sempre escolhido.
Liberta-me de minhas escravidões: quero viver a liberdade de filho de Deus.
Que unido a meus irmãos, possamos anunciar a outros a maravilha de ser família, tua família.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, torna-me consciente de que sou filho predileto do Pai”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me procurar minha data de batismo e rezar por aqueles que neste mês recebem este sacramento.
“Tu pertences a Deus e, como filho de Deus, foste enviado ao mundo”.
H. Nouwen