O dom da luz (Marcos 4,21-25)
30 de janeiro de 2014Para o outro lado do mar (Marcos 4,35-41)
1 de fevereiro de 2014“E Jesus continuou dizendo: “O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece.
A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.”
Jesus dizia ainda: “Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.”
Jesus anunciava a Palavra usando muitas outras parábolas como essa, conforme eles podiam compreender. Para a multidão Jesus só falava com parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo.”
Estamos muito acostumados com a luta. O dia a dia, na maioria das vezes, é uma luta. Acaba sendo um hábito para nós o esforço, o sacrifício, o ter que conquistar cada coisa. E Jesus, aqui, vem falar de outra dinâmica, a dinâmica do Reino como dom e gratuidade. Na própria forma da nossa oração, deixar-nos introduzir nesta gratuidade, através da contemplação.
Simplesmente estar aí e permitir ser levados: para o meio da multidão para a qual Jesus ensinava. Como é estar à escuta do Senhor? Como suas palavras chegam em mim? Como é sua voz? Que olhar experimento? O sorriso… Posso estar também no meio dos discípulos com os quais Jesus falava em particular. Viver na própria oração a intimidade do convívio em casa com ele. Comer com ele, estar à mesa, conversar; cozinhar juntos, enquanto Ele explica seus ensinamentos. Que sabor tem essa refeição partilhada com o Senhor? Estar na presença simplesmente.
Posso ser as próprias sementes e sentir em mim mesma(o) este processo do escondimento fecundo. O que experimento neste processo debaixo da terra, que ninguém vê? Que processo é este em mim e na minha vida? Que cenas visualizo ao ouvir estas palavras de Jesus? O que toco? Chego a sentir o cheiro: cheiro da terra, cheiro da chuva…? Experimento o Reino na minha vida como o grão de mostarda, a menor de todas as sementes? Creio em sua força?
Que a dinâmica de gratuidade na oração ajude-nos a entrar neste mesmo dom no dia a dia. Há um equilíbrio entre buscar o Reino de Deus e colocar tudo da nossa parte, em todas as dimensões da nossa vida, para construí-lo; e acolher o seu dinamismo próprio, mais forte que tudo o que pudermos fazer para buscá-lo. Quantas vezes lançamos as sementes na vida do outro ou na comunidade e queremos forçar a barra para ver logo os frutos, como que querendo ter logo o retorno do nosso esforço, como se o Reino fosse resultado do que fazemos. E aqui Jesus arrebenta esta nossa lógica: “A terra produz frutos por si mesma.”
Vamos pedir a Maria, mulher que soube colocar tudo da sua parte, como se tudo dependesse de si, e esperar tudo de Deus como se tudo dependesse dele, que também nos introduza nesta sinergia própria do Reino.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner