Santo Estêvão, o primeiro mártir (Mt 10,17-22)
26 de dezembro de 2015“Não quis ser consolada”
28 de dezembro de 2015LECTIO DIVINA
A Sagrada Família – Ano C
Domingo, 27 de dezembro de 2015
“Feliz aquele que teme a Deus, o Senhor”.
Sl 128.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, aqui estou,
sentado à porta de minha tenda,
descansando do trabalho duro,
tentando sentir tua brisa,
acalmando meu corpo e meu espírito,
lembrando tantas idas e vindas…
Acolherei tua Palavra,
como palavra geradora de vida,
mesmo que outros zombem dela
e de tuas promessas.
Aqui estou, Senhor…
Não passes ao largo, sem deter-te.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 2.41-52
Jesus no Templo
41Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. 42Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. 43Depois que a Festa acabou, eles começaram a viagem de volta para casa. Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso. 44Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. 45Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. 46Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. 47Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava. 48Quando os pais viram o menino, também ficaram admirados. E a sua mãe lhe disse:
— Meu filho, por que foi que você fez isso conosco? O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você.
49Jesus respondeu:
— Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?
50Mas eles não entenderam o que ele disse.
51Então Jesus voltou com os seus pais para Nazaré e continuava a ser obediente a eles. E a sua mãe guardava tudo isso no coração.
52Conforme crescia, Jesus ia crescendo também em sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Aonde iam todos os anos os pais de Jesus? Quantos anos tinha Jesus quando os acompanhou? Onde Jesus ficou sem que seus pais percebessem? Do que se admiravam os que o escutavam? O que responde Jesus às palavras de Maria? O que fazia a Mãe de Jesus com os acontecimentos que não entendia?
Algumas pistas para compreender o texto:
Depois de celebrar o Natal, neste primeiro domingo a liturgia nos propõe distanciar-nos um pouco do presépio e contemplar mais o conjunto: a Sagrada Família. O texto medita o episódio de Jesus aos doze anos, quando é encontrado por seus pais no templo, depois de três dias de busca.
Podemos distinguir três partes no texto: na primeira (vv. 41-45), apresenta-se a situação de Jesus que, em sua peregrinação familiar a Jerusalém, aos doze anos, fica na cidade sem que seus pais o saibam; ao darem por sua falta, logo voltam para buscá-lo. Na segunda (vv. 46-49), tem-se a busca e o encontro no terceiro dia, e o diálogo de Jesus com seus pais. Por fim (vv. 50-52), a conclusão, com a incompreensão dos pais e o retorno de Jesus com eles para Nazaré.
Lucas apresenta a Sagrada Família como uma família piedosa, que peregrina ano após ano para celebrar as festas de Páscoa no lugar mais sagrado de Israel: Jerusalém. Aos doze anos (no tempo de Jesus, esta era a idade aproximada da passagem da infância para a idade adulta), Jesus decidiu permanecer em Jerusalém sem que seus pais o soubessem. Mostra-se Jesus dando mais importância ao Pai do que a “seus pais”; Jesus vai decidindo seu caminho, e “a casa do Pai” assume importância especial.
No diálogo de Jesus com seus pais, nota-se, por um lado, a preocupação deles: “O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você” (v. 48). Estes pais são nada menos que Maria e José. Por outro lado, mostra-se a busca de Jesus e sua incompreensão quanto à preocupação de seus pais: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai?” (v. 49).
Os pais, ambos dóceis à vontade de Deus, como ficou evidente nos capítulos anteriores, ficam sem entender (v. 50) e continuam com Jesus seu caminho rumo a Nazaré. Isto nos mostra que, no caminho do seguimento do Senhor, nem sempre se dá uma compreensão de tudo o que acontece e do que o Senhor vai realizando. O Senhor não nos chamou dizendo: “venham e me entendam”, mas “venham e sigam-me!”.
“E a sua mãe guardava tudo isso no coração” (v. 51) – esta é a atitude de Maria, a mulher fiel, que mesmo sem entender, guarda tudo em seu coração com a velada esperança de poder entrar mais no mistério e continuar correspondendo com docilidade à proposta misteriosa que Deus Pai lhe faz.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho mostra-nos o reflexo de uma situação bem cotidiana para nós. Os pais surpreendem-se com as capacidades de seus filhos. Maria e José viam em Jesus um menino indefeso e que ainda exigia seus cuidados paternais; no entanto, a surpresa é ver que já é um adolescente que sabe tomar suas próprias decisões e tem clareza quanto à sua razão de ser no mundo. O convite que o evangelho nos faz hoje é o de viver com calma nossa juventude, época de reafirmação e caminho para a maturidade, em uma atitude de misericórdia para com nossos pais diante da surpresa deles ao perceberem nossas aptidões; contudo, igualmente em abertura total à vontade de Deus Pai, que nos convida a seguir Jesus.
São João Paulo II fala-nos deste momento na vida da Sagrada Família da seguinte maneira: “Queridos jovens: contemplem Jesus em sua vida oculta de Nazaré. Olhem para Jesus, que foi jovem como vocês, que assumiu a idade de vocês e, por esta razão, inseriu-a no grande plano da redenção e da salvação. Tudo o que o Verbo divino, ao encarnar-se, assumiu de nossa condição humana, nele e por meio dele, adquire um valor maravilhoso, um significado salvífico com vistas à vida eterna. O Filho de Deus quis fazer seu nosso caminho humano, nossa história, nosso crescimento humano, físico e espiritual: no seio de sua família – como nos disse Lucas – “Conforme crescia, Jesus ia crescendo também em sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele” (Lucas 2.52); “o menino cresceu e ficou forte de espírito” (Lucas 1.80). Crescia em sua maturidade humana, nos afetos familiares e na preparação para sua missão. Preciosos momentos da vida do Salvador! As grandes missões a serviço do homem não se improvisam, mas exigem longa preparação, no silêncio de uma laboriosidade tenaz e perseverante. Assim foi para o jovem Jesus; assim deve ser também para vocês, queridos jovens, se quiserem preparar um futuro luminoso e sereno, construtivo e fecundo para vocês e para a sociedade de amanhã. O futuro de vocês será o que quiserem e tiverem preparado nestes anos preciosos de sua juventude. O futuro pertence a vocês na medida em que souberem despojar-se das tentações do mal e afirmar sua personalidade, aderindo ao que é verdadeiro, ao que justo, ao que é bom”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Participo da vida de minha paróquia em companhia de minha família? Percebo a preocupação de meus pais ao ver-me crescer? Demonstro-lhes gratidão por seus cuidados e preocupação por mim? Peço a Jesus o dom de crescer saudavelmente como ele: em sabedoria, em graça e no corpo? Estou disposto a realizar em minha vida a vontade de Deus?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus,
faze com que a força de minha juventude
seja para mim crescimento,
para agradar a Deus com meu agir.
Que nunca meu orgulho jamais prejudique meus pais,
que minhas preocupações de vida não agridam meus irmãos;
que as coisas que estão na moda não me afastem de ti,
que és o essencial, que sempre permanece.
Obrigado, Jesus, por meus pais,
pois através deles, chamaste-me à vida.
Obrigado, porque vejo em seus olhos preocupados
teu grande amor por mim.
Ilumina seus pais, dá-lhes saúde em seus dias,
e que eu possa ser para eles
motivo diário orgulho e de felicidade.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Querido Jesus, obrigado por minha família!
Ajuda-nos a viver o amor terno e autêntico de tua família.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, expressarei todo o meu carinho por meus pais em ação de graças por seus cuidados e fadigas por meu bem-estar; rezarei por eles a Deus Pai.
“Respire-se no lar doméstico aquela caridade que ardia na família de Nazaré;
floresçam todas as virtudes cristãs;
reine a união e resplandeçam os exemplos de uma vida honesta.
Pedimos a Deus, ardentemente,
que jamais se rompa tão bela, suave e necessária concórdia”.
São João XXIII
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[4] Equipe Lectionautas.