Vós sois o sal e a luz do mundo
7 de junho de 2016Como purê de batata (João 17, 11b.17-23)
9 de junho de 2016“- Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei – nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu.”
Na primeira leitura de hoje (1 Rs 18, 20-39), Elias enfrenta os profetas de Baal, mostrando ao povo que o Senhor é o único Deus, a quem se deve obedecer. Jesus, com sua vida, leva à plenitude esta obediência. Ele vive uma relação filial com o Pai, o Abbá, Paizinho. Nela, nos ensina o sentido pleno da obediência, ob-audire, escutar. Jesus vive à escuta do Pai e segue a sua voz pelo Espírito para fazer as escolhas em cada momento. É na relação íntima que vai descobrindo a vontade de Deus, que anuncia como o Reino – Reino de justiça, de amor, da dignidade humana, da igualdade de oportunidades. Jesus vive para o Reino de Deus e para o Deus do Reino.
Às vezes a gente compreende mal seus ensinamentos e acha que se pode relativizar muitas coisas. O que acontece é que na época de Jesus se havia multiplicado muitas normas, pois os fariseus achavam que assim garantiriam que o núcleo da Lei fosse cumprido. A intenção era boa, mas os desvios acabaram se tornando opressores. Jesus relativiza o que chamava de “preceitos humanos”, mas justamente para fazer viver o essencial da Lei, sua mensagem plena, seu núcleo. Ao ensinar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo como o cerne da Lei, Ele não torna a Lei mais fácil, própria para nossos tempos pós-modernos. Ao contrário, o amor é o mais radical, o que vai à raiz de todo o mal que vemos em nós mesmos e em nossas comunidades e sociedade. Este é o sentido completo da Lei que Ele veio dar.
Como seus seguidores, somos convidados não a desobedecer e ensinar a isso. E como a vida fala mais que a pregação, os exemplos mais que as palavras, podemos estar ensinando isso com nossas relativizações, nosso seguimento a meias. Somos convidados a seguir os passos de Jesus, vivendo também uma obediência filial, uma relação de escuta e intimidade com o Pai, na qual suas palavras tomam peso para nós, importância, e por isso buscamos, com a ajuda do Espírito, vive-las. Viver a Lei assim, em seu espírito, o do amor, e não como cumprimento duro de deveres. “Quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu.” Este é o chamado. Peçamos ao Espírito o dom do amor e da fé para vivenciá-lo. E que nossas palavras não sejam vazias, mas apenas tornar claro o que nossa vida já revela, “dar razões de nossa esperança”.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.