Raiva sem pecado (Lc 19,45-48)
23 de novembro de 2018Dar-se todo (Lc 21, 1-4)
26 de novembro de 2018Leitura: Lucas 20,27-40
Alguns saduceus, os quais afirmam que ninguém ressuscita, chegaram perto de Jesus e disseram: — Mestre, Moisés escreveu para nós a seguinte lei: “Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que morreu.” Acontece que havia sete irmãos. O mais velho casou e morreu sem deixar filhos. Então o segundo casou com a viúva, e depois, o terceiro. E assim a mesma coisa aconteceu com os sete irmãos, isto é, todos morreram sem deixar filhos. Depois a mulher também morreu. Portanto, no dia da ressurreição, de qual dos sete a mulher vai ser esposa? Pois todos eles casaram com ela! Jesus respondeu: — Nesta vida os homens e as mulheres casam. Mas as pessoas que merecem alcançar a ressurreição e a vida futura não vão casar lá, pois serão como os anjos e não poderão morrer. Serão filhos de Deus porque ressuscitaram. E Moisés mostra claramente que os mortos serão ressuscitados. Quando fala do espinheiro que estava em fogo, ele escreve que o Senhor é “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos. Aí alguns mestres da Lei disseram: — Boa resposta, Mestre! E não tinham coragem de lhe fazer mais perguntas.
Palavra da Salvação.
ORAÇÃO:
A leitura de hoje nos convida a pensar, mais uma vez, no quanto é diferente o Reino de Deus da realidade humana.
A primeira questão apresentada pelos saduceus refere-se à ressurreição, uma vez que eles não acreditavam nela. E aparece para nós, cristãos, a pergunta: será que nós acreditamos verdadeiramente na ressurreição? Nossas atitudes têm coincidido com nossos discursos, muitas vezes bonitos e inflamados, mas nem sempre coerentes?
E é importante responder sem precipitação a esta questão, pois nossa reação seria de dizer prontamente, que sim, acreditamos plenamente na ressurreição. Mas quando nos perguntamos ou somos questionados pela própria vida, em situações difíceis e desafiadoras, temos muitas vezes o impulso de responder de forma contraditória para quem acredita na vida eterna: ficamos revoltados com o que nos acontece na nossa vida rotineira, com algum infortúnio ou sofrimento que não conseguimos justificar em nossas vidas, como se a vida se acabasse nesta experiência terrena, como se não acreditássemos na vida eterna depois que ressuscitarmos.
De forma alguma podemos nos acomodar ou ignorar as injustiças que presenciamos ou vivenciamos. Mas é um grande desafio para nós, cristãos, aceitar algumas circunstâncias em nossas vidas que independem da nossa intervenção e para as quais não temos o que responder, senão nos ampararmos em nossa fé numa vida mais plena do que esta que vivenciamos.
Uma outra reflexão seria sobre nosso desafio de transcender às exigências mundanas. Pensar além do nosso estado civil, além da nossa rotina de pais, filhos, trabalhadores, entendendo que estas realidades são passageira e que precisamos atentar para uma vida maior, do Reino de Deus. Transcender nossas queixas e reclamações, nossas dificuldades materiais, nossa falta de tempo. Compreender que diminuir nossas lamentações para Deus e para as pessoas que convivem conosco, além de tornar a vida efetivamente mais leve, aponta para uma aproximação do plano de Deus para nós, no qual importa mais a forma como vivemos do que as condições de vida que temos.
E isto aponta para um cuidado que nós, cristãos, devemos ter sempre: ver as pessoas além dos seus rótulos e status, além das formalidades sociais sem nos importarmos com as diferenças de classe, raça, cor ou qualquer outra ideologia, mas sim, nos preocuparmos em tornar a vida das pessoas e os ambientes nos quais convivemos, melhores e mais harmônicos, onde todos possam perceber a presença de Deus mesmo que não falemos disso.
Que tenhamos sempre claro em nossos corações o cuidado de Deus para com cada um dos seus filhos, sentindo o quanto Ele, na sua infinita misericórdia, nos acompanha em todos os momentos difíceis.
Deus de amor e bondade, que sua misericórdia nos torne capazes de construir nesta vida na Terra, o Seu Reino de amor.
Maria Luzia de Moraes Fonseca, Família Verbum Dei em Belo Horizonte