Criando laços de fraternidade (Lc 16,19-31)
20 de março de 2014Ternura e misericórdia de Deus (Lucas 15,1-3; 11-32)
22 de março de 2014“”Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos.
Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma.
Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: ‘Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança’. Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram.
Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?”
Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.”
Então Jesus disse a eles: “Vocês nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?
Por isso eu lhes afirmo: o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos.
Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. Procuraram prender Jesus, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.”
Podemos meditar o Evangelho de hoje olhando-o nos três eixos que nos são apresentados: a confiança do dono da vinha (Pai) que, tendo enviado os empregados, envia seu próprio filho; a rejeição (dos vinhateiros e dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo, espelho também da nossa; a “pedra mais importante” e o Reino.
Contemplar primeiro a parábola. Entrando nela, mergulhar no que Jesus convida, no amor do Pai ao enviar seu próprio Filho para viver conosco a nossa vida e que pudéssemos por Ele viver a sua.
E Sua espera é esperança, por isso é ativa. “Depois de ter, por muitas vezes e de muitos modos, falado outrora aos pais, nos profetas, Deus, no período final em que estamos, falou-nos a nós no Filho a quem estabeleceu herdeiro” (Hb 1,1). “Deus, com efeito, amou tanto o mundo que deu o seu Filho, o seu único, para que todo homem que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16)
Mas nós escolhemos muitas vezes a morte. Os próprios doutores que julgara os vinhateiros da parábola dignos de morte rejeitaram Jesus e aí mesmo neste contexto. Caíram em contradição na mesma hora. Um verdadeiro absurdo! Mas nos acontece. Dizemos: “Que absurda a desigualdade social no país!” e deixamos a comida estragar na geladeira ou pagamos três vezes mais por algo de marca. Falamos do amor e não conseguimos sair do próprio umbigo para ir ao encontro da necessidade do outro, seja de uma escuta, uma palavra, uma visita, ou da nossa participação na luta por melhores condições de vida para ele. Os exercícios quaresmais querem justamente ajudar-nos a romper com estas contradições. Pois é nelas que perdemos pouco a pouco a graça de viver e promover o Reino: “o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos.”
Mas quem já nos deu esta graça? O Pai no próprio Filho, o Enviado. Ele nos deu e nos dá o Seu Espírito para nos transformar a cada dia em direção a vivê-la. Ele é a “pedra mais importante”, a pedra angular. Nas construções antigas, a pedra angular era a pedra fundamental, a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. Servia para definir a colocação das outras pedras e alinhar toda a construção. A pedra angular é o elemento essencial que dá existência àquilo que se chama de fundamento da construção. Por isso é símbolo de Jesus Cristo.
Esta é nossa esperança: a rejeição dos construtores – e a nossa – não foi e não é mais forte do que a graça que nos é dada no Filho, obra do Senhor e “admirável a nossos olhos”.
Contemplemos e agradeçamos então e peçamos a Ele que O acolhamos no dia a dia como pedra angular da construção da nossa vida e sociedade, e que isso nos ajude a crescer na vivência do Reino.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei