Amar os inimigos (MT 5, 43 – 48)
14 de junho de 2016Jesus nos ensina a rezar
16 de junho de 2016“— Tenham o cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros. Se vocês agirem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no céu.
— Quando você der alguma coisa a uma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas sinagogas e nas ruas. Eles fazem isso para serem elogiados pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo fique sabendo do que você fez. Isso deve ficar em segredo; e o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
— Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
— Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.”
Estamos em oração. Já podemos praticar o segundo ensinamento de Jesus: “Você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.” Fechar a porta a qualquer distração e qualquer outra voz, quer estejamos num lugar propício para o recolhimento, o silêncio e a oração, quer pela força das circunstâncias tenhamos que improvisar nosso momento no ônibus, num período entre as aulas ou num pequeno intervalo do trabalho. Como dizia Santa Tereza, “memória do Criador, atenção ao interior e estar amando ao Amado”. Isso é oração.
Jesus nos ensina a falar com o Pai aí, no segredo, onde só Ele vê, e não fazer da oração ou da vida espiritual algo a ser exibido e elogiado pelos demais. Qual a diferença? A recompensa. Quem se mostra já recebeu sua recompensa. E qual é ela? Neste caso, segundo Jesus, o olhar das pessoas. Que experiências temos de buscar o olhar dos demais? Qual o sabor desta recompensa? Quanto e por quanto tempo ele nos alimenta?
E que experiências temos da recompensa que vem de Deus? Qual o sabor dela? Quanto e como nos alimenta? Comparar diante da nossa própria experiência e fazer nossa escolha diante do chamado. A própria oração de hoje já pode ser uma experiência deste encontro íntimo e profundo com o Pai, só com o Pai.
Jesus nos fala também da nossa relação com os demais, sobretudo com os mais necessitados. “Quando você der alguma coisa a uma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas sinagogas e nas ruas.” Neste frio, temos visto várias iniciativas de campanhas de agasalho e afins, bem como de lutas para a mobilização social, construção de abrigos, mudança de estrutura das nossas cidades. Seja numa vertente assistencial ou de transformação, essas ações precisam ser amplamente divulgadas, é necessário não só participar, mas falar delas e mobilizar outras pessoas à participação. Isso vai contra então o chamado de Jesus?
A questão deste chamado é a intenção: “Eles fazem isso para serem elogiados pelos outros.” A recompensa aqui é o elogio. Tem sabor semelhante ao olhar do item anterior. Podemos retomar nossas experiências com as mesmas perguntas do sabor, intensidade e duração desta recompensa. Com qual intenção fazemos o que fazemos? Sendo bem honestos conosco mesmos, por que divulgamos ou por que escondemos algo? Sim, porque mesmo no esconder, ainda podemos ter uma motivação autocentrada, do tipo: “Não vou mostrar que eu sou bom, não vou me gabar.” – ou seja, na verdade me acho o bom. O que me motiva a fazer? E o que me motiva a falar quando falo e a calar quando calo? Jesus convida a uma profundidade de olhar sobre nós mesmos e de olhar diante de Deus. É diante dele e é pelo outro. “Você, quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo fique sabendo do que você fez. Isso deve ficar em segredo; e o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.” Quando ajudar contribuindo financeiramente, divulgando uma campanha, incentivando outros a aderirem, doando seu trabalho ou sua escuta e companhia, faça conectado no mais íntimo ao Pai – Pai de todos, Pai do irmão necessitado que tanto deseja a sua vida plena. E neste segredo mais íntimo você experimentará uma recompensa inigualável, que não vem de nenhum outro lugar.
Por fim, Jesus fala da relação conosco mesmos, que é o jejum. Muitas coisas nos supõem renúncia e sacrifício. Vamos a ela nos configurando com Cristo, numa entrega por amor, confiando que nos dará mais vida se o vivemos unidos ao Pai – em silêncio, como cordeiro que vai ao matadouro? Ou mais parecemos aos porcos que vão pra matança e esperneiam sem parar? (reclamações, murmúrios, caras feias, fazendo questão que todos vejam o sacrificante que é aquilo para nós – a recompensa do “para todos saberem”). Também a diferença está na recompensa, está em algo que nos faça melhor como pessoas ou apenas deixe a dor e o vazio de uma cruz sem Cristo.
Peçamos a Jesus que nos ensine a viver sua mesma relação com o Pai, conosco mesmos e com os irmãos, e a escolher a melhor recompensa.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.