XXIII Domingo do Tempo Comum – Ano C
4 de setembro de 2016Subir e descer o monte (Lucas 6, 12-19)
6 de setembro de 2016Evangelho – Lc 6,6-11
Num outro sábado Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita aleijada. 7Alguns mestres da Lei e alguns fariseus ficaram espiando Jesus com atenção para ver se ele ia curar alguém no sábado. Pois queriam arranjar algum motivo para o acusar de desobedecer à Lei. 8Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e por isso disse para o homem que tinha a mão aleijada:
— Levante-se e fique em pé aqui na frente.
O homem se levantou e ficou em pé. 9Então Jesus disse:
— Eu pergunto a vocês: o que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?
10Jesus olhou para todos os que estavam em volta dele e disse para o homem:
— Estenda a mão!
O homem estendeu a mão, e ela sarou. 11Aí os mestres da Lei e os fariseus ficaram furiosos e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus.
Haverá tempo certo para fazer o bem quando se sabe que o próximo precisa de nós? O que é mais importante, a norma ou a boa ação? O que agrada mais a Deus, a obediência ou o amor? Essas são perguntas fáceis quando isoladas, mas, dentro de determinados contextos, trazem desconforto. Em um sistema de fé direcionado pela observância de leis como garantia do Céu, certamente, ninguém ousaria burlar as prescrições sagradas. Porém, em comunidades guiadas pela lei do amor, o cenário desenhado é completamente diferente.
Assim como no evangelho da última sexta-feira, em que Jesus é questionado sobre o jejum, hoje Ele reafirma a novidade que veio trazer e cujo princípio tem suas raízes no amor. Quem segue as leis do amor verdadeiro não erra. Seria descabido Jesus deixar de atender ao homem que dele precisava apenas para mostrar para os demais que estava seguindo as regras de sua época. As pessoas demoraram muito para entender a profunda novidade que Ele trouxe e, por isso, ficavam testando o seu posicionamento e criando ciladas que o condenassem enquanto ele os obrigava a reconhecer as incoerências da fé que professavam.
O que Deus espera de nós? Na trajetória seguida por Jesus, fica evidente para nós que toda a ação que ele espera de nós em todos os sentidos, considerando, inclusive, as questões ligadas a regras, resume-se em apenas um verbo: AMAR. Seguindo a prática do amor, certamente, estaremos no melhor caminho e seremos, sem dúvidas, bem mais felizes.
No texto de hoje, Jesus se adianta aos possíveis questionamentos dos doutores da lei e, dentro do próprio templo, é Ele próprio que os interpela, levando-os a perceber que não ajudar ao homem que tinha a mão aleijada seria sinônimo de praticar o mal e faz isso sem, no entanto, negar diretamente a Lei dos judeus. O Mestre faz como os bons advogados: interpreta a lei, encontrando nela mesma a possibilidade de práticas que a desobedecem, mas que encontram sua devida justificativa.
Uma palavra interessante pronunciada por Jesus em sua pergunta é o pronome “nosso”, que nos leva a perceber que Ele não se exclui do sistema de regras que vigorava em sua época e é justamente dessa perspectiva interna que propõe a mudança. Ele não é uma pessoa externa que chega impondo mudanças, negando o que se seguiu até ali. Muito ao contrário, Jesus quer mudar uma realidade que Ele mesmo vive, ou seja, entende profundamente do que está falando. Sua proposta tem fundamento histórico na própria experiência.
Nesse sentido, os planos de Deus não teriam como ser melhores: Seu Filho vem ao mundo e, sentindo de perto, de dentro, a nossa realidade, propõe-nos as mudanças que nos levam ao caminho do Amor. Para isso, se for preciso romper com antigos preceitos, que o façamos. O que não dá para fazer é ficar presos num sistema de fé que nos coloca em segundo plano.
Uma pergunta para nós hoje: até onde sou capaz de ir pelo amor de Deus? Sou capaz de me renovar, abrindo mão das minhas antigas certezas? Sou capaz de sair da minha zona de conforto para caminhar em direção daquele que precisa de mim? Tenho a sensibilidade de colocar o meu próximo acima da minha rotina cheia de obrigações a cumprir ou, às vezes, eu me comporto como os doutores do evangelho de hoje?
Jesus, peço-lhe hoje que nos ajude a entender que viver o Seu Amor e fazer o bem, dentro dessa perspectiva, é muito mais simples do que imaginamos e pode acontecer de modo natural, sem grandes sacrifícios em nossas ações diárias. Basta que tenhamos a sensibilidade para perceber no outro alguém que você também ama e que precisa da minha ajuda tanto quanto eu agora sinto que preciso imensamente de Você.
Amém!
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte