Quem esquece de si mesma terá a vida verdadeira.
11 de novembro de 2016XXXIII Domingo do Tempo Comum – Ano C
13 de novembro de 2016“Jesus contou a seguinte parábola, mostrando aos discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar:
– Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém. Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: ´Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!´
– Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: ´É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo.´
E o Senhor continuou:
– Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Senhor o dom da fé, a confiança no seu amor que nos leve a viver na esperança e no risco a que a própria fé nos impele.
Jesus usa a parábola da viúva que clamava ao juiz por justiça. A viúva e o órfão, no tempo de Jesus, num sistema patriarcal, eram as categorias mais oprimidas, aqueles que não tinham ninguém por eles, os mais necessitados. Esta foi a figura que Jesus tomou como símbolo.
E concluiu assim a parábola: “Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa.” Qual era o Deus que Jesus veio revelar, o Abbá de Jesus? Um Deus misericordioso, que se manifesta totalmente no humano, no Filho e, por ele, nos filhos. Não se trata, portanto, de um Deus intervencionista, que sai com sua varinha de condão mudando o curso das coisas aqui na Terra. Aliás, se assim fosse, poderíamos levantar suspeitas sobre sua justiça. Por que Deus faz justiça a uns e não a outros? Por que tantos injustiçados?
Deus escolheu agir no humano. Este é o grande mistério da Encarnação. Quem se abre a ele se abre a que a Sua misericórdia, sua bondade, sua justiça aja nele e através dele. Assim foi Jesus. Assim foram os santos, que se configuraram com ele. E assim é chamado a ser cada cristão.
Por isso mesmo, Jesus questiona: “Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?” Será que ele vai encontrar pessoas que aderem a seu projeto e se deixam configurar com Ele pelo Espírito para agir neste mundo, para trazer o Reino de Deus sobre a Terra?
A fé não se separa da vida. O grito por socorro dia e noite do nosso povo – dos sofredores de rua, dos refugiados, das violentadas, dos viciados, das pessoas com as mais diversas carências do nosso círculo de relacionamento – interpela a nossa fé. Urge que a manifestemos já, em nossa realidade, no que está ao nosso alcance. “Mas o Filho do Homem vai encontrar fé na terra?”
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner