Deixamos tudo
18 de agosto de 2015Uma grande festa
20 de agosto de 2015Leitura: Mateus 20,1-16
Jesus disse:
– O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo.”
– E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: “Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?”
– “É porque ninguém nos contratou!” – responderam eles.
– Então ele disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação.”
– No fim do dia, ele disse ao administrador: “Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros.”
– Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: “Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!”
– Aí o dono disse a um deles: “Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?”
E Jesus terminou, dizendo:
– Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.
Oração: A justiça de Deus
“Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!”
A justiça do Reino não discrimina os homens com base no tempo ou no nível de dificuldade enfrentados no trabalho a que são convocados. Ela é, em oposição, agregadora, quando valoriza em igualdade todos aqueles que cumprem o que foi combinado e acordado. Com essa parábola, Jesus nos mostra como a justiça de Deus pode nos soar estranha, quando, habituados ao falho juízo dos homens, vemos muito mais divisão em categorias do que união em torno de um fim comum.
Pode ser que nos enxerguemos nos primeiros trabalhadores, aqueles convocados de manhã bem cedo, e tenhamos expectativa de recebermos mais que aqueles de trabalho mais recente, e de sermos mais valorizados em detrimento dos que por muito tempo passavam o dia todo sem fazer nada. Jesus nos chama atenção pela possibilidade de sermos invejosos, diante da bondade de nosso Deus, que recompensa de modo igual também aqueles que por último conquistou.
Refletindo sobre a possibilidade da inveja diante da infinita bondade de Deus, percebemos um tom semelhante entre a queixa dos primeiros trabalhadores da plantação de uva e a reclamação do irmão mais velho ao pai, na parábola do filho pródigo:
“Faz tantos anos que trabalho como um escravo para o senhor e nunca desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o senhor nunca me deu nem ao menos um cabrito para eu fazer uma festa com os meus amigos.” Conferir Lucas 15,28.
Certamente, ao rezarmos essas duas parábolas, especialmente comparando-as, nas suas semelhanças e peculiaridades, acabamos por compreender melhor de que forma se dá a justiça de Deus. Então, aproveitemos para pedi-lo hoje que possamos viver mais próximos de sua justiça, afastando todo sentimento de inveja capaz de nos distanciar de seu seguimento.
Marcelo Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG. Família Missionária Verbum Dei.