Provocações de fé – João 4,43-54
31 de março de 2014Íntimo do Pai (Jo 5,17-30)
2 de abril de 2014“Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém.
Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. Muitos doentes ficavam ali deitados – cegos, coxos e paralíticos -, esperando que a água se movesse. De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.
Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e, sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: ‘Queres ficar curado?’ O doente respondeu: ‘Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente’. Jesus disse: ‘Levanta-te, pega tua cama e anda.’ No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar.
Ora, esse dia era um sábado. Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: ‘É sábado! Não te é permitido carregar tua cama.’ Ele respondeu-lhes: ‘Aquele que me curou disse: ‘Pega tua cama e anda’. Então lhe perguntaram: ‘Quem é que te disse: ‘Pega tua cama e anda?’ O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar. Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse: ‘Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior’.
Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.”
Estamos muito acostumados a ver os doentes, de alguma forma, serem levados à presença de Jesus. Porém, nesse caso, é Jesus quem se apresenta ao doente. Nossa oração já pode começar com essa palavra.
Estou aberto para perceber sua presença em minha vida? Como isso se dá? Existe alguma situação que já está há muito precisando ser solucionada?
O doente desse evangelho parece não ter entendido a pergunta de Jesus, pois ele não responde que quer ou não quer ser curado, ele repete para Jesus o que, provavelmente, já lamentava para ele mesmo há bastante tempo.
O que estamos lamentando há tempos que não conseguimos alcançar? Por que não conseguimos? O que nos impede?
Percorrendo e rezando a palavra, penso que chegamos ao ponto central, principalmente para o tempo quaresmal em que estamos. Jesus propõe ao doente uma conversão. Ele propõe ao doente sair da inércia de esperar ajuda para alcançar a piscina na frente dos outros, para uma ação de pegar sua cama e andar. É lindo perceber que o doente, que estava até há pouco descrente, acredita imediatamente na palavra de Jesus: ‘Levanta-te, pega tua cama e anda’. A palavra de Jesus é ele próprio se dando, entregando-se, comunicando-se. Crer na palavra de Jesus é crer que Ele está se comunicando a nós. Sua palavra é o próprio Deus agindo em nós. É uma palavra viva, que vivifica todos que a recebem, que a acolhem. Hoje ela está nos chegando para que, acolhendo-a e crendo nela, possamos ser curados do nosso comodismo, da nossa alienação, daquilo que nos aprisiona e nos paralisa. Como disse para o doente em Betesda, hoje Jesus está nos dizendo: ‘Levanta-te, pega tua preguiça e anda’. No lugar da cama do doente, podemos colocar aquilo a que estamos apegados e que nos deixa inertes. Jesus está nos dizendo para pegarmos isso e andar. Ele estará conosco.
Oremos um pouco com esta palavra no nosso coração. No silêncio, ouçamos o que Jesus quer que façamos, tomemos nas mãos e comecemos a caminhar.
Em contraposição, os judeus não acolhem a palavra. Assim como o doente estava preso à cama, eles estão presos à letra da lei. Não conseguem perceber que, fazer cumprir a lei em detrimento do bem, do amor, é a cama em que estão deitados e paralisados. Com isso, não alcançam a piscina da graça. E sem graça “começaram a perseguir Jesus”. Disso precisamos nos cuidar, precisamos orar e vigiar para não cairmos em armadilhas. Muitas vezes o zelo pelas normas, pelas regras, podem ser a cama em que nos deixamos cair paralíticos. Um apego tão grande que não nos deixa livres para cumprir o mandamento que Jesus nos deixou: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12). Contemplemos em nossa oração a liberdade de Jesus e peçamos que o Espírito Santo nos ajude a alcançar a graça de sermos livres para o amor.
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG