IV Domingo da Quaresma – Ano B
15 de março de 2015Uma palavra que liberta (Jo 5,1-16)
17 de março de 2015Jesus partiu da Samaria para Galileia. O próprio Jesus tinha declarado que um profeta não é honrado na sua própria terra. Quando então chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, porque tinham visto tudo o que Jesus tinha feito em Jerusalém, durante a festa. Pois também eles tinham ido à festa. Assim, Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado água em vinho.
Havia em Cafarnaum um funcionário do rei que tinha um filho doente. Ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judeia para a Galileia. Ele saiu ao seu encontro e pediu-lhe que fosse a Cafarnaum curar seu filho, que estava morrendo. Jesus disse-lhe: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais”. O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” Jesus lhe disse: “Podes ir, teu filho está vivo”. O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora.
Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro, dizendo que o seu filho estava vivo. O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde”. O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Teu filho está vivo”. Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família. Esse foi o segundo sinal de Jesus. Realizou-o quando voltou da Judeia para a Galileia.
Ao rezar este trecho do evangelho segundo João, percebo que há quase que uma irritação em Jesus com relação à nossa fé estar ligada a sinais e prodígios.
Fico imaginando como seriam as reações de Jesus ao receber vários e-mails, posts no facebook etc de correntes miraculosas, prometendo uma infinidade de prodígios fantásticos.
Pensando nisso, chama a minha atenção o diálogo com o funcionário do rei. O homem não recebe o que pediu, pois ele queria que Jesus descesse a Cafarnaum para curar seu filho, mas Ele não desceu e não evidenciou nenhum sinal ou prodígio, apenas disse ao homem fosse embora, pois seu filho estava vivo. Neste momento, o evangelista nos afirma algo muito importante: “O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora.”
Hoje, para mim, este é o convite para nossa oração: acreditar na palavra de Jesus.
Quando trazemos a Jesus os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades, situações de morte, o que esperamos dele?
Quando apresentamos a Jesus os nossos desejos, nossos sonhos, tudo aquilo que ambicionamos conseguir, o que esperamos dele?
Nossos ouvidos, bem conectados ao nosso coração, deve estar aberto para ouvir o que Jesus tem para nos dizer e saber dialogar com Ele sem mentiras. O diálogo entre o funcionário do rei e Jesus pode nos ajudar a entrar nessa dinâmica.
A primeira resposta de Jesus ao funcionário do rei não satisfez o homem. Jesus não diz que atenderá ou não o pedido dele, apenas expõe o que o tem incomodado: que as pessoas pedem sinais e prodígios. Mas o homem insiste, repetindo o pedido inicial: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!”.
Ao contemplar essa cena, percebo que o olhar daquele homem para Jesus, quando reforçava o pedido, foi sincero e não deixou dúvidas. Ele não queria sinais ou prodígios, apenas queria a presença do Senhor da vida. Sabia que a presença de Jesus podia transformar qualquer realidade de morte em vida. Talvez tenha sido um dos poucos a compreender, já naquela época, o significado do primeiro sinal de Jesus, também realizado em Caná, transformando a água em vinho.
O evangelho pregado por Jesus é transformador. A força de sua palavra transforma as estruturas, como transformou a estrutura química da água em vinho.
O evangelista diz, ao final deste trecho do evangelho, que esse foi o segundo sinal de Jesus. Penso que, se no primeiro sinal, a transformação da água em vinho, Ele estava presente, neste segundo sinal nos é dado conhecer que acreditar em sua palavra tem o mesmo poder de sua presença.
Que o Espírito Santo ilumine nossos corações, nos dê sabedoria para compreender o evangelho, fortaleça nosso compromisso com a verdade e aumente nossa fé, de tal forma que, acreditando e vivendo segundo a Palavra, sem alardes e necessidade de grandes sinais, possamos transformar as realidades de morte que nos rodeiam e alcancemos a plenitude do reino de Deus. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte