Uma só vontade – Mateus 6,7-15
24 de fevereiro de 2015Uma regra atual
26 de fevereiro de 2015Leitura: Lucas 11,29-32
Naquele tempo, quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: ‘Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas.’
Oração:
Como vemos Jesus dizendo da geração má? Está impaciente? Triste? Irado? A resposta vem na contemplação da cena e a forma de O vermos talvez diga que membro eu sou na geração: sou parte dos maus ou destoo da geração má?
O descontentamento de Jesus com os que queriam um sinal nos revela algo crucial do cristianismo: a essencialidade do amor. Na caminhada espiritual, talvez doa perceber que o centro do cristianismo é o amor – e não o sucesso, a eficácia, a estabilidade, os favores de Deus, os milagres, as nossas barganhas. Parece estranho dizer isso, pois o discurso do amor é muito bonito e bem aceito na fala; no entanto, perceber que o centro de nossa fé é o amor, perceber que o amor, além de ser o centro, é bastante – isso mesmo, deve bastar! – pode ser decepcionante… Por quê?
Talvez achemos bom o discurso religioso, mas não queiramos de verdade a amizade com Deus. Talvez o discurso religioso nos ajude a confirmar nossas ideias, preconceitos, opressões, mas não queiramos, no fundo, saber quem Ele é. Talvez a fé me ajude a me sentir seguro, protegido, mas eu não queira correr o risco de conhecer a face d´Aquele que arde sem se consumir (Ex 3, 2).
Somos a geração má quando vivemos o conforto da fé e, vendo que há águas mais profundas, não recolhemos as âncoras para navegá-las. Somos a geração má quando nos apegamos aos penduricalhos da fé, quando nos asseguramos com os adornos da espiritualidade e pedimos Àquele que nos quer como amigos (Jo 15, 15) que mantenha conosco a confortável relação de serventia.
Os sinais de Jesus, de fato, superam os ocorridos no Antigo Testamento. Ele, contudo, não faz caso deles. Para Jesus, o sinal – o milagre – é consequência da fé daquele que se desloca para ouvir a mensagem de esperança e amor que Ele traz do Pai. Daí, tantas vezes, “sua fé te salvou”(Mc 5, 34; Lc 17, 19), ou “seja feito conforme tua vontade” (Mt 9, 29; Mt 15, 28). O sinal não é a causa da conversão, mas dela resultado. Por isso, corretamente, afirma que não seria dado sinal outro que o de Jonas, e não foi dado sinal maior desde então: Deus ama os homens e mulheres, e quer que nós nos voltemos para Ele.
A oração de hoje nos ajude a olhar para o essencial da nossa fé – o amor simples do Pai – e não pedir outra coisa senão sentir mais esse amor. Sentimos raiva, sentimos tristeza, somos maltratados, somos enganados… Ele nos ama. Adoecemos, sofremos, sentimos dor, morremos… Ele nos ama. Porque Ele nos ama, podemos perdoar depois da raiva, viver a tristeza com paz, oferecer a outra face e pedir perdão pelos que nos ofendem… Porque Ele nos ama, adoecemos e sentimos dor acompanhados, morremos na esperança. Porque o amor do Pai foi o maior sinal que o Filho trouxe e porque o Filho foi o maior sinal de amor do Pai (Jo 3, 16). Que não queiramos outro sinal senão o desse Amor.
João Gustavo H. M. Fonseca – estudante de Direito da UFMG, membro da Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte